
Foto: Montagem/Guilherme Lage/Folha Vitória
Robert Prevost, que agora atende pelo nome de Leão XIV, eleito o 267º papa da Igreja Católica, tem uma história com o arcebispo de Vitória, dom Ângelo Ademir Mezzaro: os dois se conhecem há pelo menos 15 anos. E afirma que o novo pontífice é uma “pessoa simples, humilde”.
O novo papa encontrou no brasileiro um companheiro durante seu período como superior geral da Ordem de Santo Agostinho, em Roma, Itália.
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Dom Ângelo esteve no país europeu entre os anos de 2010 e 2016, também como superior geral, onde conviveu com o novo papa, que se tornou na ocasião um parceiro de vocação e conversas pontuais.
Os encontros ocorreram a partir de 2013, quando Prevost assumiu seu segundo mandato. Segundo o arcebispo, as conversas geralmente se davam em torno da ordem agostiniana.
Dom Ângelo se lembra do novo papa como uma pessoa simples e humilde.
Eu me lembro na época, conversando com ele, como era um agostiniano no Brasil, eu lembro que algumas vezes conversamos sobre presença agostiniana no Brasil, mas uma pessoa muito humilde, muito simples. Agora começam a resgatar algumas imagens dele como missionário, sacerdote. As assembleias aconteciam em maio e novembro, inclusive tínhamos um encontro com o papa, Bento e Francisco, relatou.
Bem informado e preparado, diz arcebispo
Da época em que foram colegas em Roma, o arcebispo se lembra de Leão XIV como um sacerdote bem informado e preparado teologicamente para assumir um cargo de tamanha importância.
Os dois participaram de assembleias gerais que aconteciam duas vezes por ano, onde superiores gerais de diversas congregações se reuniam. Na ocasião o arcebispo pôde acompanhar palestras do agora sumo pontífice.
“Eu lembro muito bem, além de ser muito conhecido, eu lembro de algumas palestras dele, era uma pessoa discreta, como apareceu hoje: com muita emoção, muita simplicidade, muita humildade, trazendo sempre aquela palavra muito bonita, disse.
Paz desarmada e desarmante
O arcebispo disse avaliar positivamente a nomeação de um segundo papa nascido no continente americano. Leão XIV é nascido nos Estados Unidos, mas desde a juventude tem laços com América Latina, por ter servido como missionário e bispo no Peru.
De acordo com dom Ângelo, apesar de ter nascido nos Estados Unidos, sua convivência com as realidades do sul torna o novo papa “mais latino-americano do que americano”, e que o novo pontífice segue na missão de papa Francisco de construir pontes com as nações.
Veja o vídeo:
Os Estados Unidos, como país majoritariamente protestante, devem passar por um aumento na fé católica, como avalia o arcebispo, por agora se ver representado no mais alto cargo da Igreja Católica.
Além disso, o arcebispo disse se inspirar em uma fala do novo papa, que prega uma paz “desarmada e desarmante”.
“Ele usou uma expressão que eu creio que já deveríamos usar desde o início, uma paz desarmada, desarmante, unida e perseverante. É quase um verso, pois Cristo nos traz a verdadeira paz, sem armas, e que também desarma, que procura a paz, a reconciliação e perdão. Ali já temos uma expressão que poderia ser do próprio Papa Francisco”, afirmou.
Reverência ao papa Francisco
Em sua primeira aparição pública com pontífice, Leão XIV citou o papa Francisco, citando sua última bênção.
Segundo dom Ângelo, o novo papa deve seguir os passos de seu antecessor, em uma igreja que busca unidade e construir pontes entre o mundo.
“Ele fez questão de recordar a última bênção do papa Francisco, e recordou as palavras que ele disse, convidando a construir pontes. Isto é uma igreja que vai buscar o diálogo, buscar a reconciliação, resolver toda esta situação de conflito, e também é um apelo para a unidade interna da igreja”.
Diálogo com comunidades marginalizadas
O antecessor de Leão XIV, o papa Francisco, era conhecido por seu diálogo com comunidades marginalizadas e nações em conflito.
O arcebispo avalia que o novo pontífice deve seguir os passos de Francisco e manter o diálogo e o apoio a realidades de conflito, especialmente após tensões entre Paquistão e Índia, comunidades em vulnerabilidade em Gaza, na Palestina.
Segundo ele, estes pontífices são conhecido por serem “pastores” e irem ao encontro de realidades empobrecidas, justamente, para convidar os povos à paz.
“Ele usou as palavras paz, justiça, respeito, então vai estar atento a essas realidades de sofrimento. As palavras dele vêm ao encontro de realidades mundiais muito conflitivas, guerras entre Índia e Paquistão, então é aquilo que o papa Francisco dizia: uma guerra em partes, em pedaços, mas temos uma guerra, então terá um papel muito importante, para dar esse apoio a realidades mais sofridas, como Gaza e tantos outros, mas também convocar os povos à paz, afirmou.