Audiência pública denuncia sucateamento da Copanor e rejeita privatização de Zema do saneamento

Moradores, lideranças políticas e representantes de municípios do Norte de Minas e dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri demonstraram forte oposição à proposta do governo de Romeu Zema (Novo) de privatizar os serviços de saneamento na região. A crítica foi feita durante audiência pública realizada nesta quinta-feira (8), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

O debate, promovido pela Comissão de Participação Popular, discutiu o projeto “Águas do Vale”, uma Parceria Público-Privada (PPP) que pretende assumir os serviços de água e esgoto em 92 cidades atualmente atendidas pela Copanor, subsidiária da Copasa. A proposta foi apresentada como solução para a universalização do saneamento básico, mas gerou desconfiança e protestos de parlamentares e autoridades locais.

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Segundo o superintendente da Copanor, João Luiz Andrade, seriam necessários R$ 2,5 bilhões em investimentos para garantir o acesso pleno à água e ao esgoto nas regiões. Ele argumenta que, no ritmo atual, seriam necessários 50 anos para atingir essa meta. O gestor afirmou ainda que a Copanor enfrenta dificuldades de financiamento desde que o Tribunal de Contas impediu o uso do Fundo de Saúde, e que o novo marco legal do saneamento proíbe os aportes feitos atualmente pela Copasa.

Mas os argumentos não convenceram os presentes. O deputado estadual Doutor Jean Freire (PT), autor do requerimento da audiência, acusou o governo Zema de promover o sucateamento deliberado da Copanor para justificar sua venda posterior. 

“Estão contando como investimento pintura de prédio, enquanto a população segue sem água potável e esgoto tratado”, afirmou. Para ele, a proposta da PPP não passa de “uma nova promessa para um problema antigo”.

Estão contando como investimento pintura de prédio, enquanto o povo segue sem água

O também deputado Marquinho Lemos (PT) questionou a viabilidade financeira do projeto Águas do Vale e a ausência de fontes claras de recursos. “A pergunta que fica é: de onde virá o dinheiro?”, provocou.

Moradores denunciam colapso no sistema atual

Prefeitos, vices e vereadores de diversas cidades relataram problemas graves no atendimento prestado pela Copanor. As denúncias incluíram o despejo de esgoto in natura em rios, a má qualidade da água distribuída e o alto custo do serviço.

Reginaldo Chaves, vice-prefeito de Almenara, relatou que toda a rede de encanamento da cidade é feita de amianto, um material cancerígeno proibido no país. Segundo ele, há uma ação na Justiça exigindo a troca da tubulação, mas o problema segue sem solução.

Os representantes também criticaram a falta de transparência e participação dos municípios na elaboração da proposta do governo estadual. Para eles, o projeto “Águas do Vale” surge como uma imposição, sem diálogo com quem vive o problema na ponta.

“Prometeram que a Copanor seria a solução. Agora surge uma nova promessa. E o povo continua sem água”, lamentou Doutor Jean.

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