Hamas liberta prisioneiro às vésperas de giro de Trump pelo Oriente Médio, que não inclui Israel

O Hamas libertou nesta segunda-feira (12) um prisioneiro de dupla cidadania, israelense e estadunidense, mantido em Gaza desde 2023. O grupo disse que o gesto foi sinal de boa vontade às vésperas do giro do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por países do Oriente Médio.

O prisioneiro já está em Israel, país que não está no itinerário desta viagem de Trump. O magnata vai para Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar, um dos países mediadores das negociações entre Israel e Hamas nos marcos do genocídio palestino que ocorre na Faixa de Gaza.

A libertação de Edan Alexander ocorreu “após contatos com o governo dos EUA, como parte dos esforços empreendidos por mediadores para alcançar um cessar-fogo”, anunciou o movimento palestino no Telegram. O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, agradeceu a Trump por sua ajuda e disse que enviará uma delegação a Doha na terça-feira (13) para negociações sobre os prisioneiros.

O massacre de palestinos em Gaza terá grande peso nessa primeira grande viagem do segundo mandato do republicano. É possível que o giro inclua ainda conversas sobre a guerra na Ucrânia, na Turquia. O Hamas pediu a Trump que continuasse com “os esforços” para pôr fim à guerra após a libertação do refém Alexander.

O Catar, intermediário chave nas negociações em torno de Gaza, também está no centro de uma discussão ética que surgiu essa semana após o estado petrolífero oferecer doar um novo avião Air Force One a Trump, depois que o estadunidense se queixou de que as aeronaves atuais estavam demorando demais para serem substituídas.

Situação ‘catastrófica’

O Exército israelense impede desde 2 de março a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza sitiada, onde cerca de 2,4 milhões de pessoas enfrentam uma situação humanitária catastrófica devido à escassez de alimentos, medicamentos e combustível. O território vive “um risco crítico de fome”, e 22% da população logo estará em uma situação “catastrófica”, alertou um relatório da Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC, na sigla em inglês) divulgado nesta segunda-feira.

É grande a oposição em Israel às políticas de Netanyahu que não asseguraram a libertação dos 57 prisioneiros ainda em Gaza – incluindo 34 declarados mortos -, enquanto já mataram quase 55 mil palestinos, a maioria de mulheres e crianças.

Trump também tem demonstrado crescentes desacordos com Netanyahu sobre Gaza, bem como sobre os ataques contra os rebeldes houthis no Iêmen e sobre como lidar com o programa nuclear iraniano. Mas o republicano tem um histórico de voltar atrás facilmente de decisões. Nos últimos meses, ele chegou a sugerir a expulsão de todos os palestinos de Gaza e a transformação de de seu território na “Riviera do Oriente Médio”.

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