
Justiça russa decidiu que Grigory Melkonyants irá cumprir sua sentença em uma colônia penal após ser considerado culpado de trabalhar com uma “organização indesejável”. Grigory Melkonyants
AP Photo/Alexander Zemlianichenko
Grigory Melkonyants, copresidente da Golos, único órgão independente de fiscalização eleitoral da Rússia, foi condenado a cinco anos de prisão em uma colônia penal após ser considerado culpado de trabalhar com uma “organização indesejável”.
Na audiência em que recebeu sua sentença, nesta quarta-feira (14), Grigory, de 44 anos, rejeitou as acusações e afirmou que elas são politicamente motivadas. Renomado especialista eleitoral e advogado de formação, ele está preso desde agosto de 2023.
“Não se preocupem, não estou me desesperando. Vocês também não deveriam se desesperar”, afirmou ele a apoiadores e jornalistas ao ser condenado.
A defesa de Melkonyants afirmou, após o veredito, que recorrerá. O advogado Mikhail Biryukov disse aos repórteres que “não há provas” no caso que ele e outros membros da defesa considerem “politicamente motivadas e pretensiosas”.
“Lutaremos pela liberdade de Grigory, porque um veredito ilegal e injusto não deveria existir. Todos nós esperamos que a lei prevaleça”, disse Biryukov.
A Golos monitorou e expôs violações em todas as principais eleições na Rússia desde sua fundação em 2000. Ao longo dos anos, enfrentou crescente pressão das autoridades.
Em 2013, o grupo foi designado como “agente estrangeiro” — um rótulo que implica maior escrutínio governamental e carrega fortes conotações pejorativas. Três anos depois, foi liquidado como organização não governamental pelo Ministério da Justiça da Rússia.
No ano passado, Golos descreveu a eleição de 2024, que elegeu Putin para um quinto mandato com mais de 88% dos votos, como a mais fraudulenta e corrupta da história do país.
Na época, o Kremlin disse que o resultado mostrou que o povo russo havia se “consolidado” em torno de Vladimir Putin, e as tentativas ocidentais de retratar a eleição como ilegítima eram absurdas.
As acusações contra Melkonyants basearam-se em seu suposto envolvimento com a Rede Europeia de Organizações de Monitoramento Eleitoral (ENEMO), sediada em Montenegro, que conecta órgãos de fiscalização em antigos países comunistas da Europa e da Ásia Central. A Golos afirma que não teve nenhuma interação com a ENEMO desde que a Rússia a proibiu por ser “indesejável” em 2021.
Ativistas de direitos humanos dizem que o caso faz parte de uma repressão mais ampla à sociedade civil que se intensificou desde a invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022.