Bolivianos marcham em apoio a candidatura de Evo para as eleições e são reprimidos pela polícia

Motivados por uma decisão judicial e a falta de candidatos do partido governista, apoiadores do ex-presidente da Bolívia Evo Morales marcharam nesta sexta-feira (16) em La Paz com para apoiar a candidatura do líder cocalero no pleito de agosto. Os manifestantes foram reprimidos pela polícia assim que chegaram ao centro.

Os apoiadores de Evo entoaram gritos de “Você pode sentir, você pode sentir. Evo é presidente”, “Evo, amigo, o povo está contigo” e “Agora sim, Evo de novo”. Eles saíram de El Alto, cidade na região metropolitana de La Paz, e chegaram à sede do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) para tentar registrar Evo. 

De acordo com o jornal boliviano, El Deber, eles cruzaram duas barreiras policiais para se aproximar do edifício e enfrentaram repressão policial. As forças de segurança usaram gás lacrimogêneo para tentar impedir a passagem dos manifestantes.

A marcha vem na esteira do anúncio de que o atual presidente, Luis Arce, não disputará a reeleição.  Ele justificou a decisão afirmando que não quer ser um “fator de divisão popular”. O mandatário e Evo têm disputado a candidatura e o protagonismo na esquerda boliviana. Arce também pediu que o ex-presidente também renuncie à candidatura. Ele justificou o “desafio” afirmando que o líder cocalero está impedido de concorrer pela Justiça e disse que “a fragmentação do voto só favorece a direita”.

Evo está impedido de concorrer para um quarto mandato. O Tribunal Constitucional Plurinacional da Bolívia (TCP) decretou, em dezembro de 2023, que presidentes e vice-presidentes só poderiam exercer o cargo por dois mandatos, de forma seguida ou não. Com a sentença judicial, Evo Morales, que foi presidente por três mandatos, não poderia voltar ao poder.

Essa decisão foi ratificada pelo TCP na última quarta-feira (14). Os apoiadores de Evo marcharam na capital boliviana para defender a candidatura do líder cocaleiro e se posicionar contra a decisão da Justiça do país. Evo não foi à marcha. Ele passou os últimos meses em Cochabamba, cidade onde vive e foi ameaçado pelo ministro do Interior, Eduardo del Castillo, de que, se comparecesse, seria preso. 

Morales foi também acusado de “estupro e tráfico de pessoas” por supostamente manter relações sexuais com uma menina de 15 anos em 2015, quando ainda era presidente. O senador Leonardo Loza participou da marcha e disse que o líder esquerdista estava em La Paz.

“Estamos aqui para exigir nossos direitos democráticos, nossos direitos políticos. Temos a obrigação de preservar sua integridade física, então ele decidirá se nos acompanha ou não”, disse o congressista durante o discurso. 

Nesta sexta, o presidente do TSE, Óscar Hassenteufel, afirmou que a Corte poderia avaliar a candidatura de Evo se ele apresentasse partido. No final de março, apoiadores do líder cocalero anunciaram a criação do partido Evo Pueblo, já que Morales foi expulso do Movimento Al Socialismo (MAS), grupo que integrou por quase 30 anos.

O prazo para a inscrição de candidatos presidenciais termina em 19 de maio, mas a autoridade eleitoral tem prazo até 6 de junho para definir a lista definitiva dos presidenciáveis, após revisão dos requisitos legais.

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