
O Maio Amarelo é um movimento internacional de conscientização para a prevenção e redução de acidentes de trânsito, defendendo que o trânsito deve ser seguro para todas as pessoas.
A intenção é fomentar o comprometimento em ações concretas e a divulgação de conhecimento sobre a complexa questão dos efeitos do trânsito em suas diversas esferas.
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Sendo assim, o objetivo central desse movimento é inserir o tema do trânsito no debate público, incentivando a participação ativa da população, empresas, governos e entidades de classe, com intuito de reverter a tendência de aumento no número de óbitos e sequelas, ocasionados em acidentes.
A escolha do mês de maio não é aleatória, dado que em 11 de maio de 2011, a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou a Década de Ação para Segurança no Trânsito, tornando o mês de maio uma referência global para a inspiração de iniciativas realizadas em todo o mundo, com intuito de prevenir acidentes, por meio da conscientização.
Nesse sentido, a cor amarela, por sua vez, representa atenção e remete à sinalização e advertência presentes no cotidiano do trânsito.
Campanhas do Maio Amarelo 2025
Neste mês de maio, foram lançadas campanhas em todo o território nacional, com intuito de movimentar todas as comunidades sobre a necessidade de compreender que o automóvel poderá, sendo utilizado de forma errada, trazer danos fatais.
O governo federal, com o tema “Desacelere: seu bem maior é a vida”, lançou a campanha nacional Maio Amarelo 2025, que ressalta a importância da prudência e do respeito às normas de trânsito para preservar a vida.
Durante o lançamento da campanha do governo federal, em Brasília, Adroaldo Catrão, secretário Nacional de Trânsito do Ministério dos Transportes, destacou que a escolha do tema da velocidade foi baseada em evidências, dado que todos os estudos mostram que esse é um fator de risco fundamental e a solução não é só fiscalização, mas, também, intervenções viárias e de comportamento humano.
O presidente da Associação Nacional dos Detrans (AND) e diretor do Detran-ES, Givaldo Vieira, alertou para o fato de que a sociedade precisa ter mais cuidado quanto ao uso excessivo de dispositivos, como celulares, e que deve desacelerar a vida como um todo.
No Estado do Espírito Santo, o Detran-ES lançou oficialmente, no dia 6 de maio, o movimento Maio Amarelo.
Nesse sentido, durante todo o mês de maio, o Detran-ES vai intensificar as campanhas de educação e de fiscalização de trânsito, com objetivo de sensibilizar e conscientizar as pessoas a adotarem práticas seguras na condução dos veículos, obedecendo às regras de trânsito com paciência e coletividade, com objetivo de reduzir o número de acidentes.
Acidentes de trânsito: o que mostram as estatísticas
Pelos dados do Datasus, observa-se uma redução de óbitos no Brasil, a partir de 2015, que foi o período em que o movimento Maio Amarelo, lançado em 2014, começou a ganhar maior visibilidade e mais mobilizações.
Essa tendência de queda se manteve até 2020, no entanto, os dados mais recentes mostram um crescimento nas mortes, especialmente entre 2021 e 2023.
Dados de 2023 do Datasus, do Ministério da Saúde, registraram 34.881 óbitos no trânsito, um aumento de 987 mortes em comparação com os dados de 2022.
Em relação aos acidentes ocorridos em rodovias federais, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), em 2024, foram registrados 73.121 acidentes, resultando em 84.489 feridos e 6.160 mortos, sendo o quarto ano seguido com crescimento em mortes em rodovias federais. Excesso de velocidade, distração ao volante e desrespeito às leis foram as principais causas.
Segundo o Road Safety Annual Report, Noruega, Suécia, Islândia, Japão, Reino Unido, Dinamarca e Suíça têm feito o dever de casa e assumiram um novo patamar de segurança padrão no trânsito, e se tornaram os 7 países mais seguros do mundo para se dirigir.
Esses países apresentam taxa de mortalidade média de 3 óbitos a cada 100 mil habitantes, enquanto o Brasil mantém 20 mortes a cada 100 mil habitantes, sendo o terceiro país que mais mata no trânsito, atrás apenas da China e Índia.
Principais causas dessa pandemia no trânsito
O engenheiro e especialista em gestão de segurança no trânsito, André dos Santos Cerqueira, alerta que quase 90% de todas as causas são relacionadas ao comportamento humano.
Ele destaca a banalização do trânsito, a agressividade de motoristas ao entrarem em veículos, os altos níveis de distração, principalmente geradas pelo uso de celulares, descumprimento das regras de trânsito e a baixa percepção dos riscos ao dirigir em alta velocidade.
Segundo informações do coronel Douglas Caus, comandante-geral da Polícia Militar do Espírito Santo, em 2025 foram emitidos 98.325 autos de infração e em 2024, 55.409.
Destacando que, somente no mês de abril, foram 1.609 autos de infração por dirigir manuseando o celular, 1.505 sem usar o cinto de segurança, 1.466 por conduzir moto sem capacete e 1.058 por estar com indício de direção sob influência do álcool ou outra substância psicoativa.
Ainda, segundo dados da Diretoria de Operações do Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo, somente em 2024, foram atendidas 4.493 ocorrências de acidentes automobilísticos.
O comportamento humano e a percepção de risco estão descalibrados no trânsito, imaginando que esse deslocamento com maior agilidade, praticidade e conforto estão imunes aos acidentes.
Não é raro conhecermos alguém ou alguma família que sofre a perda de um filho ou filha e outros entes queridos que foram perdidos pela imprudência de algum condutor.
Desacelerar na direção e acelerar nas soluções
No Brasil, o governo criou o PNATRANS (Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito). Ele atua em seis pilares fundamentais que orientam as ações para a redução de acidentes e óbitos nas estradas.
Esses pilares são: Gestão da Segurança no Trânsito, Vias Seguras, Segurança Veicular, Educação para o Trânsito, Vigilância, Promoção da Saúde e Atendimento às Vítimas no Trânsito, e Normatização e Fiscalização.
A meta é reduzir no mínimo pela metade o índice de mortes e lesões no trânsito. Para alcançar essa meta, é importante entender que esse é um assunto de responsabilidade do setor público, setor privado e setor plural.
O setor público deve investir em campanhas educativas, fiscalização, melhoria de mobilidade viária, investimentos no serviço de atendimento pré-hospitalar, que são desenvolvidos pelo Samu e Corpo de Bombeiros do Espírito Santo.
No Estado do Espírito Santo, o Samu já atua com bases em todos os municípios e foram feitos vários investimentos em aquisição de viaturas e equipamentos.
O setor privado deve investir em treinamento de motoristas, manutenção adequada da frota, equipamentos adequados dos veículos.
O setor plural, que é composto de associações, federações e pessoas, deve investir em campanhas, participação em treinamentos e, no caso dos condutores, desenvolver a tolerância, paciência e atenção. Isso é fundamental.
As soluções no trânsito são de responsabilidade não somente dos condutores, mas de toda a sociedade, das autoridades com políticas públicas consistentes e assertivas, das escolas na educação do trânsito, das empresas, das famílias e de todos que fazem parte desse ecossistema de mobilidade.
Portanto, precisamos desacelerar, evitando a pressa ao volante, o excesso de velocidade e a falta de paciência. Por outro lado, nós precisamos acelerar nos programas e ações para salvarmos vidas no trânsito.