Novas fábricas redefinem competitividade na indústria de celulose mundial

O setor de celulose vive um momento de forte transformação tecnológica, digital e estrutural. Com a entrada em operação de novas plantas, altamente automatizadas e com ganhos significativos de escala e eficiência, as unidades mais antigas enfrentam um desafio cada vez mais complexo: como manter a competitividade em um mercado global pressionado por custos e exigências ambientais? Soma-se a isso o fato de que, enquanto as fábricas modernas param a cada 18 meses para manutenção, as antigas precisam de interrupções mais frequentes, a cada 12 a 15 meses, o que reduz a disponibilidade operacional e o volume anual produzido.

EFICIÊNCIA OPERACIONAL: O GRANDE DIVISOR DE ÁGUAS

Plantas modernas, como as construídas nos últimos 10 anos no Brasil, operam com capacidade acima de 1,5 milhão de toneladas por ano, tecnologias de última geração em automação e controle de processos, e fluxos industriais otimizados para reduzir o consumo de insumos, energia e mão de obra. Esses fatores reduzem drasticamente o custo por tonelada produzida.

Já as plantas mais antigas, muitas vezes concebidas em décadas passadas, enfrentam limitações estruturais: menor escala, layout industrial pouco integrado, consumo energético mais alto e dependência de sistemas manuais ou semi-automatizados. Tudo isso impacta diretamente sua competitividade por tonelada frente às gigantes modernas.

MODERNIZAÇÃO COMO ALTERNATIVA VIÁVEL

Apesar dos desafios, diversas plantas mais antigas vêm encontrando caminhos estratégicos para reduzir sua desvantagem competitiva, sem a necessidade de substituição total de ativos. Algumas práticas adotadas incluem:

  • Retrofit de equipamentos: modernização de digestores, evaporadores e caldeiras com tecnologias mais eficientes;
  • Digitalização progressiva: implantação de sensores, sistemas de monitoramento em tempo real e análise de dados para otimização de processos;
  • Projetos de eficiência energética: uso de biomassas alternativas, recuperação térmica e melhorias no balanço de vapor e energia;
  • Capacitação e retenção de talentos: treinamento contínuo de equipes para operar com foco em performance, segurança e redução de perdas.

CUSTOS: A EQUAÇÃO DA COMPETITIVIDADE

Mesmo com limitações físicas, muitas plantas mais antigas estão conseguindo reduzir seu custo marginal de produção, tornando-se mais resilientes em períodos de baixa do ciclo da celulose. A disciplina operacional, a busca constante por eficiência e a gestão estratégica dos ativos são as principais armas para continuar competindo — especialmente em mercados regionais ou com logística mais favorável.

O PAPEL DA SUSTENTABILIDADE

Outro aspecto relevante é que a atualização de processos industriais tem impacto direto na pegada ambiental da operação. Reduzir o consumo de água, as emissões de gases e o uso de produtos químicos não apenas melhora a eficiência produtiva, como contribui para a preservação dos recursos naturais e para a saúde dos ecossistemas. Essas ações, ao mesmo tempo, fortalecem a reputação das empresas diante de consumidores, comunidades e investidores.

Sustentabilidade, nesse contexto, não deve ser compreendida apenas como uma estratégia de negócio. Trata-se de um princípio que orienta a convivência equilibrada entre desenvolvimento econômico, proteção ambiental e bem-estar social.

Já o ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança) representa um conjunto de critérios utilizados para avaliar o desempenho das empresas nessas três dimensões, especialmente sob a ótica do mercado financeiro e dos investimentos responsáveis.

A competição entre plantas antigas e modernas, portanto, vai muito além da idade dos ativos. Ela está diretamente relacionada à capacidade de adaptação, à gestão consciente dos recursos e a uma visão estratégica comprometida com o futuro. Investir em modernização contínua — mesmo que pontual — pode ser o diferencial que garante não só eficiência e rentabilidade, mas também relevância em um mercado global cada vez mais atento ao impacto social e ambiental das indústrias.

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