
O maior fotojornalista do Brasil, Sebastião Salgado, morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, em Paris, na França. A família divulgou que ele faleceu em decorrência de complicações da malária, contraída por Salgado em uma viagem à Indonésia, em 2010.
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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 263 milhões de casos foram registrados no mundo em 2023.
Já no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, os casos se concentram na região amazônica (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão), concentrando 99% dos casos autóctones. Em 2023, foram registrados no país 140.265 casos.
O que é a Malária
A malária é uma doença infecciosa causada pelo parasita Plasmodium e segundo a infectologista Ana Carolina D’Ettorres Coelho, é transmitido pelo mosquito Anopheles, conhecido como mosquito-prego.
É um mosquito de ambiente silvestre, por isso, a maior área de risco de transmissão acontece quando a pessoa vai até essas áreas de matas. O parasita é transmitido exclusivamente pelo mosquito-prego.
De acordo com a especialista, depois que o parasita invade o corpo, ele passa por duas fases, atingindo, inicialmente, o fígado e depois passando para os glóbulos vermelhos do sangue.
“O parasita passa por uma fase que chamamos de hepática, onde invade as células do fígado, e geralmente é assintomática. Em uma segunda fase, ele vai para os glóbulos vermelhos do sangue onde entra nestas células, replica e na hora que vai sair para invadir outras, acaba provocando a morte da célula. Este é o processo da hemólise, que vai gerar a anemia profunda que a malária pode causar”, explicou.
Sintomas da malária
Os sintomas da doença podem aparecer alguns dias após a picada, e geralmente são:
- Dor de cabeça;
- Calafrios e suor excessivo;
- Náuseas;
- Vômito;
- Dor no corpo;
- Diarreia;
- Febre.
Segundo a médica, a febre recorrente, com períodos afebris, é uma das principais características da malária. “Os casos podem variar, mas tradicionalmente os casos são de febre de terçã, ou seja, a pessoa tem febre um dia e dois sem”, afirmou.
Diagnóstico e tratamento
Ana Carolina destaca que a malária é uma doença com cura, mas seu diagnóstico precisa ser feito de forma precoce.
O diagnóstico é feito por um exame que a gente chama de gota de sangue, em que pegamos um pouco de sangue do paciente e verificamos se existe o parasita dentro das células. Após o diagnóstico, o tratamento é curativo, feito com uma combinação de antimaláricos, mas vai depender do tipo de malária que você tem.
Ela explica que após o tratamento, o paciente deve fazer testes para garantir que o parasita foi erradicado.
Na nota disponibilizada pela família, é informado que Sebastião Salgado morreu em decorrência de uma leucemia grave, provocada pela malária. Entretanto, a infectologista consultada pelo Folha Vitória não confirmou a relação entre as duas doenças.
“A malária não tem relação com leucemia. Entretanto, em fases iniciais, a malária pode se confundir com leucemia, pelas alterações laboratoriais”, afirmou.
Prevenção
Ana Carolina destaca que a principal forma de prevenção é evitar a exposição ao mosquito e o uso frequente de repelente.
Sequelas podem ficar se houver mais de uma infecção. Pessoas com imunidade comprometida, que tiveram malária mais de uma vez e que não conseguiram eliminar totalmente o parasita, podem ter consequências como anemia e lesão renal.
Segundo a OMS, a Indonésia, onde o fotógrafo foi infectado, é um dos novos países endêmicos da doença na região do Sudeste Asiático.