
Bruno Oliveira Duque, de Juiz de Fora, tentou desviar de um carro que fez uma conversão proibida, bateu em outro veículo e foi arremessado ao chão. Um ano e depois meses depois, ele ainda tem dificuldade para andar e precisa fazer ao mesmo mais duas cirurgias. Veja o momento que motociclista tenta desviar e bate no carro em Juiz de Fora
Serralheiro desde os 16 anos, Bruno Oliveira Duque, de 34, sempre teve uma vida ativa, entre exercícios físicos e o trabalho como autônomo. Mas tudo mudou após um acidente de trânsito na Avenida Rio Branco, principal via de Juiz de Fora, que o deixou em coma por um mês e o fez passar por 14 cirurgias.
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O grave acidente aconteceu no dia 11 de março de 2024, na subida da Garganta do Dilermano, quando o motociclista tentou desviar de um carro que fazia uma conversão proibida, foi obrigado a entrar na contramão e bateu de frente em outro veículo. Imagens de câmera de monitoramento mostram ele atingindo o capô do carro, jogado para o alto e caindo violentamente no chão. Assista acima.
“Eu dirigia a cerca de 60 km/h. Com a batida, dei três giros no ar e só acordei um mês depois”.
A partir dali, iniciaria uma verdadeira luta pela sobrevivência. Em uma postagem recente nas redes sociais, ele postou fotos e vídeos do acidente e da trajetória vivida desde então.
Retorno da consciência depois de um mês em coma
O motociclista teve fratura exposta nas duas pernas, com perda óssea em uma delas, fratura na mão e na bacia, traumatismo craniano e deslocamento no ombro.
Bruno também teve uma condição médica grave chamada síndrome da angústia respiratória aguda (Sara), que o deixou com dificuldade para respirar devido ao acúmulo de líquido nos pulmões, com desgaste semelhante ao de um idoso de 90 anos ou de alguém com Covid-19 em estágio avançado.
Aniversário de Dhábila foi comemorado no hospital, depois que o motociclista saiu do coma
Bruno Oliveira Duque/Arquivo Pessoal
Quanto acordou do coma, viu a família reunida no quarto do hospital. Como ainda não sabia que tinha sofrido o grave acidente, a reação não foi de susto.
“Vi minha esposa e família, todos no quarto felizes e me olhando. Em seguida, olhei para as minhas pernas, que não se movimentavam ainda, com fixadores externos nas duas, e aí perguntei o que estava acontecendo. Foram conversando comigo, falando que eu havia me acidentado há um mês e comecei a fazer diversas perguntas”.
Ele também se lembra que, após retornar à consciência, se deu conta que perdeu o aniversário da esposa Dhábila. Ao ser perguntando pelos enfermeiros se tinha algum desejo a fazer, não hesitou em responder.
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“Ainda bem sonolento e grogue respondi que queria fazer uma festa de aniversário para ela. E assim foi feito. Teve bolo, balões e pude cantar os parabéns para ela”.
Para o motociclista, o apoio da esposa, dos pais e de toda a família foi fundamental, especialmente no hospital e após a alta.
“Minha família precisava me dar banho, porque eu não andava, e me alimentar, já que meu ombro direito estava deslocado e a mão esquerda operada. Então eu não conseguia levar a comida à boca. Não sei o que seria de mim sem eles, pois recebo um salário mínimo do INSS e não consigo fazer o básico com esse dinheiro”.
O vídeo postado por ele nas redes sociais mostra algumas das visitas recebidas na unidade de saúde e outros momentos de carinho já em casa. A publicação, segundo ele, foi uma forma de conscientização sobre os perigos no trânsito e mostrar o processo de recuperação. Assista abaixo.
INSERIR VIDEO
“Em 2024 tive mais uma oportunidade de vida, tive que reaprender a ficar de pé, equilibrar e andar. Para muitos que não têm fé, falam que foi sorte. Mas só quem está em um leito de UTI, com os médicos dizendo que é só aguardar, que não tem nada a se fazer, e que você vê quem é o dono da vida. Só Deus determina nosso início e nosso fim.”
Rotina totalmente transformada
Mais de um ano após o acidente, Bruno ainda não está completamente recuperado. Ao todo, até maio, ele passou por 14 cirurgias.
“Foram 56 dias de internação, dos quais 28 na UTI e 13 em coma entubado. Até agora, fiz 14 cirurgias, algumas enquanto estava em coma, e ainda tenho pelo menos mais duas pela frente, se não houver nenhuma intercorrência, uma para retirada da gaiola [fixador] da perna e outra de ligamento dos tendões. ”, explicou.
Após o acidente, o serralheiro Bruno Duque ficou 56 dias hospitalizado, 28 deles na UTI
Bruno Oliveira Duque/Arquivo pessoal
Há aproximadamente seis meses, ele deixou de usar a cadeira de rodas, passando a caminhar com auxílio de andador e muletas. Atualmente, consegue fazer pequenos deslocamentos sem nenhum auxílio e recebeu autorização para dirigir. No entanto, ele diz que ainda não conseguiu pilotar a motocicleta – uma de suas paixões.
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Mesmo com fisioterapia duas vezes por semana e reabilitação três vezes na academia, conforme orientação médica, ele ainda não se sente pleno e recuperado. “Não consigo trabalhar, porque sinto muitas dores. O fixador externo que uso na perna inflama constantemente e preciso tomar antibióticos, anti-inflamatórios e analgésicos juntos”.
A expectativa dele é que, passadas as próximas cirurgias, ele possa voltar a fazer caminhada em trilhas. Há também outros sonhos em família.
“Tenho o sonho de me tornar pai e começar um novo seguimento na empresa, já que tive bastante tempo parado. Deu para pensar muito e não vejo a hora de começar a colocar em prática meus sonhos”.
Bruno ainda usa fixador e precisará fazer mais duas cirurgias
Bruno Oliveira Duque/Arquivo pessoal
*estagiária sob supervisão da editora Juliana Netto
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