
Na quarta-feira, a moeda norte-americana avançou 0,17%, cotada a R$ 5,6447. Já a bolsa encerrou em queda de 0,40%, aos 137.002 pontos. Cédulas de dólar
bearfotos/Freepik
O dólar inicia o pregão desta quinta-feira (5) com os investidores ainda cautelosos diante das frustrações com a falta de medidas concretas para equilibrar as contas públicas do país.
▶️ Os investidores seguem cautelosos diante das frustrações com a falta de ações concretas para equilibrar as contas públicas no Brasil. O governo federal tem enfrentado forte pressão para derrubar o aumento do IOF e anunciar medidas que substituam a perda de arrecadação. No entanto, o pacote fiscal só deve ser apresentado ao público na próxima semana.
▶️ No exterior, as atenções estão voltadas para a expectativa de corte de juros na zona do euro. O Banco Central Europeu (BCE) deve reduzir a taxa para 2% ao ano, diante da inflação controlada, e os investidores estão ansiosos para ouvir o que a presidente do BCE, Christine Lagarde, tem a dizer sobre os próximos passos da política monetária no bloco.
▶️ A política comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também segue no radar, com o mercado monitorando o andamento das negociações com outros países para reduzir as tarifas sobre importações. Dados da balança comercial de abril devem mostrar o impacto do primeiro mês de tarifaço.
Entenda abaixo como cada um desses fatores impacta o mercado.
💲Dólar
a
Acumulado da semana: -1,28%;
Acumulado do mês: -1,28%;
Acumulado do ano: -8,66%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -0,02%;
Acumulado do mês: -0,02%;
Acumulado do ano: +13,90%.
Política comercial dos EUA
No último capítulo da guerra de tarifas imposta pelos Estados Unidos, o presidente norte-americano Donald Trump assinou um decreto para dobrar as taxas sobre importações de aço, alumínio e derivados no país de 25% para 50%, o que afeta diretamente o Brasil.
A medida voltou a acender o alerta sobre possíveis impactos da política tarifária dos EUA na inflação do país e do mundo.
🔎 O mercado entende que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar à desaceleração da maior economia do mundo e até a uma recessão global.
Na terça-feira, inclusive, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu a projeção de crescimento econômico global para 2,9% em 2025 e 2026, por causa das tensões comerciais e incertezas geradas por Trump.
A ação de dobrar as tarifas ocorre em um momento em que os EUA buscam negociações mais vantajosas com os países afetados pelo tarifaço imposto no início de abril.
Embora as taxas tenham sido parcialmente suspensas, elas serão retomadas integralmente em 8 de julho — e têm servido como ferramenta do presidente na tentativa de firmar acordos mais favoráveis com outras nações.
No começo desta semana, Trump indicou que vai pressionar os países para apresentarem propostas “melhores” nas negociações comerciais com os EUA.
Já nesta quarta-feira (4), o republicano voltou a criticar o presidente chinês, afirmando que ele é “muito duro” e indicando que é “extremamente difícil” fazer um acordo com o gigante asiático.
Trump está vivendo um cabo de guerra com Pequim desde que anunciou o tarifaço. E, apesar de ter fechado um acordo temporário com o governo chinês no dia 12 de maio, os dois líderes têm mostrado dificuldade em encontrar um meio-termo para negociações.
Na semana passada, Trump chegou a acusar a China de violar o acordo sobre as tarifas. Em resposta, o Ministério do Comércio chinês disse as acusações eram “infundadas” e prometeu tomar medidas energéticas para proteger seus interesses.
Nos EUA, Trump dobra tarifas sobre aço importado
Novos dados dos Estados Unidos
Outro destaque da sessão de quarta-feira (4) ficou com os novos dados de emprego dos Estados Unidos. Segundo o relatório ADP, o setor privado abriu 37 mil vagas de trabalho em maio, bem abaixo da projeção de 110 mil postos.
O resultado aponta para uma desaceleração do mercado de trabalho norte-americano, que continua a perder força em meio à incerteza econômica causada pelas tarifas de Trump. A preocupação dos investidores é que o atual cenário, somado a uma eventual alta da inflação e juros elevados, possa abalar a economia dos EUA.
Nesta quarta-feira, por exemplo, o presidente norte-americano voltou a dizer que o presidente do Fed, Jerome Powell, precisa reduzir as taxas de juros.
“Saiu o número da ADP. ‘Tarde demais’ Powell tem que agora baixar os juros. Ele é inacreditável. A Europa já baixou nove vezes”, disse Trump em uma publicação no Truth Social.
Ainda na agenda de indicadores dos Estados Unidos, o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) informou que o setor de serviços norte-americano de maio contraiu pela primeira vez em quase um ano, enquanto as empresas pagaram preços mais altos por insumos.
Os dados foram vistos pelo mercado como um lembrete de que a economia do país continua correndo risco de passar por um período de crescimento muito lento e inflação alta.
Durante a tarde, Fed divulgou o Livro Bege, relatório descritivo sobre as condições da economia norte-americana, indicando que todos os 12 distritos da instituição registraram um leve declínio da atividade e níveis elevados de incerteza econômica e política — o que está levando empresas e famílias a serem mais cautelosas em suas decisões.
O documento ainda reporta que as perspectivas continuam ligeiramente pessimistas e incertezas, em linha com o relatório anterior.
Impasse do IOF
No Brasil, a crise do governo após o anúncio do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), há duas semanas, também continua a mexer com os mercados.
A elevação do IOF foi proposta há duas semanas, junto com um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento deste ano. O objetivo era o de equilibrar as contas públicas e cumprir a meta fiscal.
No entanto, o mercado reagiu mal à decisão, o que levou o governo a recuar no mesmo dia de parte da medida. Além disso, o Congresso começou a se movimentar para aprovar uma derrubada do decreto presidencial sobre o aumento de imposto, algo inédito nos últimos 25 anos.
O governo, então, buscou os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e negociou um prazo de dez dias para apresentar uma proposta alternativa que substitua parte dos ganhos que seriam obtidos com o novo IOF.
Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a proposta foi apresentada nesta terça-feira (3), mas só será divulgada ao público na semana que vem. Até lá, a alta do IOF continua.
No início da semana, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou sua posição crítica em relação ao aumento do IOF.
“Sempre tive a visão de que a gente não deveria usar o IOF nem para questões arrecadatórias nem para apoiar política monetária. Acho que é um imposto regulatório, como está bem definido”, afirmou Galípolo, durante evento com analistas do mercado financeiro.
Equipe econômica apresenta aos presidentes do Senado e da Câmara propostas alternativas ao aumento do IOF