Um silêncio pesado tomou conta de Ahmedabad na noite de 12 de junho. Um voo da Air India, AI-129, decolava do aeroporto da cidade rumo a Londres-Gatwick carregando 242 pessoas – 169 indianos, 53 britânicos, 1 canadense e 7 portugueses. Minutos depois, o impensável aconteceu: o Boeing 787 Dreamliner caiu.
A tragédia, que teve como único sobrevivente conhecido até agora o britânico Vishwash Kumar Ramesh, de 40 anos, gerou uma onda global de comoção e homenagens.
Enquanto autoridades indianas se debruçam sobre os destroços para desvendar a causa exata, especialistas em aviação analisam cada fragmento de informação disponível, incluindo vídeos amadores que capturaram os últimos segundos do voo.
Entre os que se dedicam a esse doloroso quebra-cabeças está o Capitão Steve Schreiber, um experiente piloto de linha aérea comercial que também compartilha seu conhecimento no YouTube.
Schreiber lançou uma análise detalhada focando em uma pequena, porém potencialmente crucial, evidência visível num frame congelado de um desses vídeos: um ponto na barriga da aeronave que ele acredita ser a turbina de ar (RAT – Ram Air Turbine) já acionada.
ScreenshotAs autoridades iniciaram uma investigação para descobrir a causa do acidente
O que é essa tal de RAT? O Capitão Schreiber a explica de forma clara: imagine uma pequena hélice, semelhante a um motor de barco portátil (ele menciona uma “Evinrude”), guardada no interior do avião. Essa turbina não é um sistema de propulsão. Sua função é agir como um gerador de emergência.
Em situações extremamente críticas, ela é automaticamente projetada para fora da fuselagem. O vento relativo (o “ram air”) faz girar suas pás, gerando assim energia elétrica e pressão hidráulica mínimas para manter os comandos essenciais do avião funcionando – como os controles de voo e alguns instrumentos básicos.
Aqui está o ponto crucial da teoria de Schreiber: em um Boeing 787, como o envolvido no acidente, a RAT só é acionada automaticamente em três cenários catastróficos específicos: uma falha elétrica maciça (quase total), uma falha hidráulica maciça (quase total), ou… uma falha simultânea de ambos os motores.
Ver a RAT acionada nos vídeos, segundo Schreiber, é uma peça fundamental. “É uma mudança total de jogo”, ele comenta em sua análise. A presença desse pequeno dispositivo ativo sugere fortemente que a aeronave enfrentou uma dessas três emergências gravíssimas momentos antes do impacto.
Contudo, Schreiber destaca um detalhe importante: a RAT não foi projetada para ser utilizada a baixas altitudes, como a que o avião ainda estaria logo após a decolagem. Seu acionamento tão cedo já seria, por si só, um indicativo de problemas extremamente severos e súbitos.
Combinando essa observação com o comportamento da aeronave capturado em vídeo – que ele descreve como “mushing”, um termo que indica uma perda abrupta de sustentação, como se o avião estivesse “afundando” no ar sem a potência necessária – Schreiber aponta a falha dupla dos motores como a causa mais provável.
Capitão Steve analisou as ‘evidências’ que, segundo ele, apontam para a causa do acidente (Captain Steve/YouTube)
“É evidência para nós de que foi falha dupla do motor, muito provavelmente”, ele afirma. “Poderia ter sido um problema elétrico, poderia ter sido um problema hidráulico… mas acho que o fato de o avião estar ‘afundando’ no céu dá a ideia de que foi uma falha dupla do motor.”
É vital ressaltar que esta é, por enquanto, uma interpretação técnica baseada em evidências visuais limitadas. O Capitão Schreiber deixa claro que é uma teoria. As autoridades indianas responsáveis pela investigação oficial ainda não emitiram qualquer conclusão sobre a causa do acidente.
O trabalho minucioso de análise dos destroços, das caixas-pretas (gravadores de dados de voo e de voz da cabine) e de todos os dados disponíveis está em andamento.
A pequena hélice de emergência, a RAT, tornou-se um foco de atenção, oferecendo uma pista técnica intrigante em meio à busca por respostas sobre o trágico destino do voo AI-129. O mundo aguarda, com respeito pelas vítimas e seus familiares, os resultados definitivos da investigação.
Esse Especialista em aviação explica nova teoria sobre o que realmente deu errado no acidente da Air India, e detalhe não percebido ‘muda tudo’ foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.
