
Imagine objetos tão pequenos que passariam despercebidos entre grãos de areia, mas com uma natureza tão exótica que desafia nossa compreensão do universo. Cientistas exploram a intrigante possibilidade de que milhares desses visitantes cósmicos minúsculos, chamados buracos negros primordiais, podem estar atravessando sua casa neste exato momento, talvez até mesmo você mesmo, sem que ninguém perceba.
Buracos negros costumam ser imaginados como monstros devoradores de estrelas no espaço profundo. Entretanto, esses buracos negros primordiais são algo completamente diferente. Eles não são restos de estrelas gigantes que colapsaram. Em vez disso, sua origem remonta aos instantes mais frenéticos após o Big Bang, o evento que deu início a tudo que conhecemos.
Logo após a explosão inicial, o universo era uma sopa incrivelmente quente e densa de energia e partículas. Os cientistas teorizam que essa sopa primordial não era perfeitamente uniforme. Existiam pequenas regiões onde a densidade era um pouco maior que a média. Essas flutuações de densidade, em um universo ainda jovem e extremo, podem ter sido suficientes para que a gravidade causasse um colapso direto, formando buracos negros. Esses são os buracos negros primordiais, fósseis vivos dos primeiros momentos cósmicos.
A diferença fundamental entre esses buracos negros primordiais e seus primos estelares mais conhecidos está no tamanho. Enquanto os buracos negros formados por estrelas mortas têm massas várias vezes maiores que o Sol, os primordiais são verdadeiramente minúsculos. O renomado físico Stephen Hawking calculou que eles poderiam ter massas variando de muito abaixo da massa de um clipe de papel até massas comparáveis a montanhas. Os mais leves e numerosos seriam menores do que um próton, praticamente invisíveis.
É essa escala diminuta que permite sua presença hipotética entre nós sem causar destruição. Um buraco negro primordial, especialmente os menores, não possui a força gravitacional avassaladora de um buraco negro estelar. Seu campo gravitacional é extremamente localizado. Além disso, devido ao seu tamanho, eles emitiriam uma radiação extremamente fraca, quase indetectável, conhecida como Radiação Hawking. Essa radiação é tão tênue que sua passagem seria praticamente silenciosa.
Estimativas teóricas sugerem números impressionantes. Alguns modelos propõem que até mil desses minúsculos buracos negros poderiam atravessar cada metro quadrado da superfície da Terra a cada ano. Eles viajariam a velocidades altíssimas, na casa de centenas de quilômetros por segundo, movendo-se muito mais rápido que uma bala de rifle.

Esses buracos negros são minúsculos
Por serem tão pequenos e rápidos, sua interação com a matéria comum seria mínima. Se um desses micro buracos negros passasse através de seu corpo, a quantidade de matéria com a qual ele interagiria seria tão ínfima que o efeito seria completamente imperceptível, como se nada tivesse acontecido.
O que torna esses objetos particularmente fascinante para os cientistas é sua possível conexão com um dos maiores mistérios da cosmologia: a matéria escura. Sabemos que cerca de 85% da matéria do universo não emite luz e não interage com a matéria comum da forma que conhecemos. Essa matéria escura exerce atração gravitacional, mantendo galáxias coesas, mas sua natureza permanece desconhecida. Uma hipótese sólida é que os buracos negros primordiais, especialmente aqueles com massas específicas, poderiam constituir essa matéria escura.
Pesquisadores como o professor Dejan Stojkovic, físico da Universidade de Buffalo, exploram essa ideia. Ele sugere que os menores buracos negros primordiais, formados logo após o Big Bang, podem ter encolhido ainda mais ao longo do tempo devido à Radiação Hawking, estabilizando-se em uma massa mínima teórica, conhecida como massa de Planck, equivalente a cerca de 10 microgramas. Esses remanescentes minúsculos seriam candidatos perfeitos para a matéria escura, permeando o cosmos, incluindo nosso ambiente imediato, de forma completamente invisível.
David Kaiser, professor de Física do MIT, enfatiza a importância da busca por esses objetos. Mesmo que os buracos negros primordiais originais mais massivos tenham desaparecido, suas consequências e os remanescentes menores podem ter deixado marcas no desenvolvimento do universo. Se confirmarmos que eles são a fonte da matéria escura, isso revolucionaria nossa compreensão fundamental da física e da história cósmica. A detecção de sinais sutis, talvez em fundos de radiação cósmica ou em experimentos de partículas muito sensíveis, poderia ser a chave.
Então, da próxima vez que você perder uma meia ou não encontrar o controle remoto, lembre-se que o universo guarda mistérios muito mais profundos. A ciência investiga a possibilidade real de que minúsculas relíquias do nascimento violento do cosmos, buracos negros menores que partículas de poeira, estejam constantemente atravessando as paredes, os móveis e até mesmo você, testemunhas silenciosas e inofensivas dos segredos mais antigos do espaço. A busca por essas partículas cósmicas fantasmagóricas continua, e ela acontece não apenas em telescópios gigantes, mas potencialmente em cada canto do nosso mundo cotidiano.
Esse Cientistas alertam que milhares de mini buracos negros podem estar escondidos na sua casa foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.