Filho de Igor Peretto dava primeiro pedaço do bolo à tia acusada de matá-lo; criança vive com a avó


De acordo com a família, filho da vítima tinha uma relação muito próxima com Marcelly Peretto. Além dela, Rafaela Costa (viúva) e Mario Vitorino (cunhado) foram presos acusados de envolvimento no homicídio. Filho de Igor Peretto celebrou aniversário e deu primeiro pedaço de bolo para Marcelly Peretto (à esq), acusada de participar do assassinato do irmão
Reprodução
O vereador Tiago Peretto publicou, em tom de desabafo, um vídeo que mostra o filho de Igor Peretto — morto a facadas no apartamento da irmã — entregando o primeiro pedaço do bolo de aniversário à tia Marcelly, acusada de participar do crime. Segundo Tiago, o menino, que hoje vive com a avó paterna, tinha grande carinho pela tia e costumava escolhê-la nas comemorações em família.
✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Santos no WhatsApp.
Igor Peretto foi assassinado a facadas em 31 de agosto de 2024, no apartamento da irmã. O Ministério Público(MP-SP) denunciou Rafaela (viúva), Marcelly (irmã) e Mario (cunhado) por premeditar o crime, alegando que Igor era visto como um “empecilho no triângulo amoroso” formado entre eles. As defesas aguardam agora a decisão da Justiça sobre a ida ou não dos réus a júri popular (veja abaixo).
No vídeo publicado por Tiago Peretto, Igor e Marcelly aparecem com Rafael Costa durante a comemoração do aniversário do filho de Igor, que hoje tem seis anos. Na legenda, o vereador escreveu: “Um anjo sem maldade alguma. […] sempre deu o primeiro pedaço do bolo em seu aniversário para a tia que ajudou a tirar a vida do seu papai.”
Nas imagens, assim que o bolo é cortado, o trio pergunta para quem será o primeiro pedaço, e o menino entrega à tia Marcelly. Em tom de brincadeira, eles reagem: “De novo?” e ela responde: “É a campeã.”
Ao g1, Tiago Peretto explicou que o momento foi registrado pela família por causa do forte vínculo entre Marcelly e o sobrinho. “Na maioria deles [aniversários], ela tinha o privilégio de ser agraciada com o primeiro pedaço. Porque o sobrinho gostava muito dela”, disse.
Avó tem a guarda
Atualmente, o menino está sob os cuidados da avó paterna — mãe de Igor Peretto — que obteve a guarda temporária concedida pela Justiça. Segundo Tiago, o sobrinho ficou abalado ao saber da prisão da tia Marcelly, durante uma sessão com a psicóloga.
“Quando ela contou que a tia estava presa porque fez uma coisa errada, ele entrou em prantos. Ele gritava: Minha tia não. É terrível. Ele chorou quando falou da tia e não esboçou uma lágrima quando falou da mãe”, disse Tiago.
Tiago destacou, no entanto, que a família busca não comentar sobre o ocorrido quando está reunida. “A gente procura não entrar no assunto, né? Falar o nome deles pra ele. A gente procura evitar o máximo possível. É a orientação da profissional”, disse.
Veja também:
Entenda como ocorreu o crime
Últimas imagens de Igor
Triangulo amoroso
Vantagem financeira
Como ocorreram as prisões
Sobre o processo
O que dizem as defesas
O crime
Cronologia da morte do comerciante Igor Peretto: tudo que se sabe da descoberta da traição à morte
Reprodução
O crime aconteceu em 31 de agosto, no apartamento de Marcelly Peretto. Dentro do imóvel estavam a vítima, Marcelly e Mário Vitorino. Rafaela chegou com Marcelly ao apartamento, mas o deixou 13 segundos antes do marido chegar com o suspeito pelo assassinato.
De acordo com os depoimentos do trio e dos advogados, a viúva Rafaela tinha um caso com Mário. O advogado de Marcelly ainda disse que a cliente e Rafaela tiveram um envolvimento amoroso no local antes da chegada de Igor e Mario no apartamento.
Igor Peretto foi morto a facadas e teria ficado tetraplégico [sem movimento do pescoço para baixo] se tivesse sobrevivido. A informação consta em laudo necroscópico obtido pelo g1.
Volte ao menu
Últimas imagens de Igor
Vídeos mostram a saída da viúva e chegada do comerciante assassinado
O g1 teve acesso às últimas imagens de Igor com vida. Os vídeos mostraram os três suspeitos e a vítima chegando ao apartamento onde ocorreu o crime. Primeiro chegaram Marcelly e Rafaela, mas a viúva deixou o apartamento antes de Mario aparecer com Igor.
De acordo com os registros de câmeras de monitoramento, a viúva e a irmã do comerciante chegaram de carro na rua do apartamento dela às 4h32 de 31 de agosto, sendo que o registro da entrada no prédio foi às 4h38. Dois minutos depois, elas são vistas abraçadas e rindo no elevador.
Viúva de comerciante morto depois de descobrir traição deixou local do crime 13 segundos antes da chegada dele
Reprodução
As imagens mostraram que uma hora depois da chegada, Rafaela apareceu sozinha no elevador e foi embora do prédio. Em um minuto, ela saiu do prédio, entrou no carro e deixou o local. O tempo entre a saída dela e chegada da vítima foi de apenas 13 segundos.
05:42:27 – Rafaela foi vista saindo de carro
05:42:40 – Mario e Igor estacionaram na mesma rua
Às 5h43, Igor foi visto entrando no prédio com Mario pela entrada social. Eles também foram vistos no elevador, onde a câmera flagrou uma discussão. A última vez que Igor foi visto com vida foi às 5h44, quando deixou o elevador com o cunhado e seguiu para o apartamento.
Mario e Marcelly deixam o local juntos por volta das 6h05. O casal desceu pelas escadas, foi até o subsolo e deixou o prédio a pé pela garagem. De lá, os dois foram de carro para o apartamento de Mário, que fica a poucos quilômetros de distância do local do assassinato.
Eles chegaram ao prédio às 6h11, ficaram aproximadamente cinco minutos e saíram segurando bolsas e outros objetos. O g1 não teve acesso a essas imagens.
Volte ao menu
Triângulo amoroso
Casais (Mário e Marcelly, à esq. e Igor e Rafaela, à dir.) moravam próximos em Praia Grande (SP) e se encontravam com frequência
Redes Sociais
O MP-SP concluiu que o trio premeditou o crime porque Igor era um “empecilho no triângulo amoroso” entre Rafaela, Marcelly e Mario Vitorino. Ao g1, a promotora Roberta afirmou ter considerado o caso como “chocante e violento”.
A promotora disse que em nenhum momento os envolvidos tentaram salvar Igor ou minimizar o sofrimento dele. “Fizeram buscas de rota de fuga ou de quanto tempo demoraria para [o corpo] cheirar e chamar a atenção de alguém e eles terem tempo de fugir”, acrescentou.
Volte ao menu
Vantagem financeira
Igor Peretto, irmão do vereador de São Vicente (SP), Tiago Peretto (União Brasil), foi morto a facadas em Praia Grande
Reprodução/Redes Sociais e Thais Rozo/g1
De acordo com a denúncia recebida pela Justiça, a morte de Igor traria “vantagem financeira” aos acusados. Os advogados dos presos negaram a versão apresentada pelo MP-SP.
De acordo com o MP, Mário poderia assumir a liderança da loja de motos que tinha em sociedade com o cunhado, enquanto a viúva receberia herança. “Marcelly, que se relacionava com os dois beneficiários diretos, igualmente teria os benefícios financeiros”, destaca o MP.
O MP considerou a ação do trio contra Igor um “plano mortal”. O documento diz que eles planejaram o crime, sendo que Mário desferiu as facadas, a viúva atraiu o comerciante e, junto com Marcelly, incentivou Mário a matá-lo.
O órgão levou em conta essas informações para elaborar a denúncia por homicídio qualificado. “O crime foi cometido por motivo torpe, pois Mário, Rafaela e Marcelly consideraram Igor um empecilho para os relacionamentos íntimos e sexuais que os três denunciados mantinham entre eles”, apontou a entidade.
Ainda segundo a denúncia, o assassinato também foi praticado mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, pois Igor estava desarmado e foi atacado por uma pessoa com quem tinha relacionamento próximo, e de quem não esperava mal.
Volte ao menu
Como ocorram as prisões
Mario, Marcelly e Rafaela, investigados pelo homicídio contra o comerciante Igor Peretto
Reprodução e Redes sociais
As mulheres se entregaram e foram presas em 6 de setembro, enquanto Mário foi detido após ser encontrado escondido na casa de um tio de Rafaela, em Torrinha (SP), no dia 15 do mesmo mês.
O trio havia sido preso temporariamente em setembro e, no início de outubro, a prisão temporária foi prorrogada. Na ocasião, a defesa de Rafaela chegou a entrar com pedido de habeas corpus, que foi negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A Justiça de Praia Grande (SP) converteu as prisões do trio, de temporárias para preventivas, após a denúncia feita pelas promotoras Ana Maria Frigerio Molinari e Roberta Bená Perez Fernandez, do MP-SP.
Volte ao menu
Sobre o processo
Trio acusado de envolvimento na morte de Igor Peretto chega a fórum para audiência
A primeira audiência de instrução ocorreu em 20 de março, quando as partes começaram a apresentar as provas e argumentos para o andamento do processo. A sessão no fórum precisou ser retomada em 7 de maio e, pela quantidade de testemunhas, foi marcado um novo encontro para 16 de junho.
Após os interrogatórios, o juíz deu um prazo para que as defesas apresentassem pedidos complementares, conhecidos como diligências, até 18 de junho. As defesas dos três réus se manifestaram dentro do prazo.
Volte ao menu
O que dizem as defesas?
O advogado Yuri Cruz, que representa Rafaela, afirmou ao g1 que se manifestou no prazo estipulado, solicitando a restituição do aparelho celular da ré. “Para que a defesa técnica possa apurar a existência de novos elementos probatórios que possam robustecer [fortalecer], ainda mais, a categórica ausência de responsabilidade penal de Rafaela”, disse.
A defesa espera que Rafaela não vá a júri popular. De acordo com ele, as acusações da denúncia foram afastadas pelas provas produzidas na audiência.
O advogado Mário Badures, que defende Mario Vitorino, disse que a defesa confia na imparcialidade do Judiciário para a aplicação da lei no caso considerado “tragédia para a vítima e todos os envolvidos”.
Badures disse que a defesa se manifestou na Justiça sobre “algumas diligências pendentes”. “Entre elas, o acesso aos autos sobre o ‘vazamento de dados’ ocorrido no inquérito, a restituição dos telefones apreendidos, algumas questões técnicas acerca das provas digitais e, por fim, a revogação da prisão preventiva, que nesta altura do processo não encontra mais qualquer necessidade”, afirmou.
O advogado Leandro Weissman, que representa Marcelly Peretto, também solicitou informações sobre o inquérito feito pela Polícia Civil. “Requeremos a diligência do processo retornar à delegacia para que seja informado se houve perícia e qual o resultado, bem como a roupa que ela usava e foi apreendida, visando saber de quem era o sangue existente”, disse.
Ao g1, ele também contestou a denúncia ofertada pelo MP, alegando que não havia um “triângulo amoroso” entre os acusados. “Os próprios policiais que conduziram a investigação do caso, excluem qualquer responsabilidade de Marcelly […] A denúncia do Ministério Público em relação a ela é meramente fantasiosa, desprovida da realidade”, conta.
Volte ao menu
VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos
Adicionar aos favoritos o Link permanente.