As exportações de café pelo Espírito Santo registraram forte retração nos primeiros cinco meses de 2025. Segundo dados do Centro de Comércio de Café de Vitória (CCCV), entre janeiro e maio foram embarcadas 1.134.831 sacas de 60 quilos, gerando uma receita de US$ 365,3 milhões. O volume representa uma queda de 66% em relação ao mesmo período de 2024, quando o estado exportou mais de 3,3 milhões de sacas.
Acompanhe o Folha Business no Instagram
Exportações de café atingiram US$ 365 milhões até maio
Apesar da forte redução nos embarques, o preço médio da saca subiu de US$ 182,53 em 2024 para US$ 321,92 em 2025. O conilon segue liderando os envios capixabas, com 707.172 sacas exportadas e receita de US$ 219,5 milhões no acumulado do ano. Na sequência aparecem o café arábica, com 239.300 sacas e US$ 91,6 milhões, e o solúvel, com 188.359 sacas e US$ 54 milhões.
Em maio, o Espírito Santo exportou 272.480 sacas, a um preço médio de US$ 337,24, movimentando US$ 91,8 milhões. Os embarques ocorreram em 852 contêineres, com 192.786 sacas de conilon, 31.511 de arábica e 48.183 de café solúvel.

Para o vice-presidente do CCCV, Jorge Nicchio, a queda nas exportações neste início de ano já era esperada. Segundo ele, o recorde histórico de 2024 — com mais de 8,4 milhões de sacas exportadas — drenou os estoques de café no estado, o que limitou a disponibilidade do produto nos primeiros meses de 2025.
“Com os preços em alta no ano passado, o produtor vendeu muito. Os estoques que passaram de 2024 para 2025 foram muito baixos, o que automaticamente reduziu os volumes embarcados agora. Já era algo previsto”, explica Nicchio.
Impacto do mercado interno e expectativas para o segundo semestre
Ele também destaca que, apesar da expectativa de uma safra recorde de conilon, parte significativa da produção tem sido absorvida pelo mercado interno.
“As indústrias brasileiras aumentaram o uso do conilon nos blends, o que reduziu a disponibilidade para exportação. Houve uma inversão de valores entre arábica e conilon, e isso influenciou as escolhas da indústria”, afirma.
Outro fator que influencia o ritmo das exportações é o comportamento do produtor diante da queda nos preços. A saca de conilon, que chegou a ser vendida por acima de R$ 2.000 no início do ano, atualmente está em torno de R$ 1.200, segundo o Cepea.
“O produtor está mais cauteloso, vendendo em etapas, esperando que os preços se sustentem. Acredito que ele não vai colocar toda a safra no mercado de uma vez só”, avalia.
Mesmo com o começo da colheita de café conilon, que teve início a partir de maio, Nicchio projeta que os volumes exportados no segundo semestre não devem alcançar os patamares de 2024.
“Vamos ter um segundo semestre melhor que o primeiro, sem dúvida, mas não vamos repetir os recordes do ano passado. Talvez fiquemos na faixa de 400 a 500 mil sacas mensais, o que é um bom volume, mas ainda abaixo do histórico recente”, estima.
Sobre a logística, que foi um dos gargalos do setor em 2024, Nicchio afirma que a situação se normalizou devido à redução no volume de embarques. No entanto, ele alerta para o segundo semestre: “Se o volume voltar a crescer, precisamos observar se os gargalos não vão retornar. Por enquanto, o cenário logístico está sob controle.”
Em 2024, o Espírito Santo liderou as exportações brasileiras de café conilon, com 76% do total enviado ao exterior. O café também foi o principal produto da pauta de exportações do estado, gerando quase R$ 10 bilhões em receita.
Leia também: