
As orcas, esses gigantes inteligentes dos oceanos, nunca param de nos surpreender. Depois de mostrarem habilidades impressionantes, como imitar sons humanos, uma descoberta recente deixou biólogos marinhos de queixo caído. Pesquisadores flagraram grupos de orcas realizando uma espécie de sessão de spa coletiva usando um acessório inusitado: algas marinhas.
Através de drones equipados com câmeras, uma equipe científica observou dezenas de orcas no sul do Estreito de Salish, entre o Canadá e os Estados Unidos. O que chamou a atenção não foi apenas o brincar com as algas, algo já visto antes e chamado de “kelping”. Desta vez, o comportamento era diferente, mais elaborado e claramente social.
As baleias foram filmadas mordendo cuidadosamente pedaços de uma alga específica, a alga-bulbo (Nereocystis luetkeana). Mas elas não paravam por aí. Em vez de simplesmente carregar as algas ou arrastá-las, as orcas ajustavam o tamanho dos talos, muitas vezes selecionando pedaços de cerca de 60 centímetros de comprimento. O
passo seguinte era o verdadeiro achado: uma orca segurava o talo de alga e então se aproximava de outra. Juntas, elas esfregavam seus corpos um contra o outro, com a alga firmemente presa entre elas.
Inicialmente, os cientistas pensaram ser um comportamento raro, talvez exclusivo de um único indivíduo. Porém, conforme as observações avançaram, ficou claro que era algo comum dentro daquele grupo específico. Michael Weiss, diretor de pesquisa do Centro de Pesquisa de Baleias e autor principal do estudo publicado na revista científica Current Biology, descreveu a emoção da descoberta.
Ele ressaltou que perceber que aquilo era frequente e compartilhado por várias orcas foi um momento muito empolgante. Encontrar um comportamento totalmente novo em animais tão estudados é algo raro e extraordinário.
Os pesquisadores batizaram esse novo hábito de “alokelping”. A palavra destaca que o uso da alga é direcionado para outro indivíduo, diferente do “kelping” onde a alga é usada mais para brincadeira individual ou contato superficial.
A precisão com que as orcas selecionavam, cortavam e manuseavam as algas entre si é o que marca essa atividade como um uso genuíno de ferramenta, algo antes documentado apenas em primatas, como chimpanzés e saguis.
Por que as orcas fariam isso? Os cientistas têm duas fortes hipóteses. A primeira é a higiene. Observou-se que as orcas que mais participavam dessas sessões tinham bastante pele morta. Esfregar os corpos vigorosamente com a textura áspera do talo da alga-bulbo poderia ajudar a remover essa pele morta e possíveis parasitas incômodos aderidos à pele, funcionando como uma esfoliação natural subaquática.
Darren Croft, pesquisador da Universidade de Exeter e diretor executivo do Centro de Pesquisa de Baleias, reforçou que os cetáceos usam várias estratégias para cuidar da pele, e esta poderia ser mais uma adaptação inteligente.
A segunda hipótese é o fortalecimento dos laços sociais. O contato físico é fundamental para as orcas, conhecidas por suas estruturas familiares complexas e coesas. Esfregar os corpos tão próximos, coordenando os movimentos em torno da alga, pode ser uma forma poderosa de reforçar a conexão e a confiança entre os membros do grupo, especialmente entre indivíduos de idade similar e parentes próximos.
Croft mencionou que o toque é conhecido por reduzir o estresse e construir relacionamentos. Usar a alga como uma “ferramenta social” poderia intensificar essa experiência tátil já tão importante para elas.
Essa descoberta abre uma nova janela para entender a complexidade social e a inteligência prática das orcas. Já sabíamos que elas têm culturas diferentes e até variações nos chamados, como “sotaques regionais”. Agora, o “alokelping” se soma ao repertório de comportamentos fascinantes que mostram o quanto ainda temos a aprender sobre a vida secreta desses magníficos predadores oceânicos. Cada observação cuidadosa revela novas camadas de sua inteligência e sofisticação social.
Esse Cientistas ficam perplexos após orcas serem vistas realizando atividade bizarra que se pensava ser exclusiva dos humanos foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.