
Você sabia que ao cruzar a fronteira dos Estados Unidos, seu celular, notebook ou câmera podem ser minuciosamente revistados pelas autoridades? É um direito que a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP) afirma ter e que exerce, embora diga que isso acontece raramente.
A justificativa oficial é a segurança nacional, considerando o mundo cada vez mais digital em que vivemos. A CBP declara em seu site que todos os viajantes estão sujeitos à inspeção e que, ocasionalmente, dispositivos eletrônicos podem ser examinados durante esse processo.
Recentemente, porém, esse poder de inspeção ganhou os holofotes por causa de um caso bastante peculiar envolvendo um turista. Mads Mikkelsen, um jovem de 21 anos (sem relação com o famoso ator), relatou ter sido impedido de entrar nos Estados Unidos após agentes da CBP vasculharem seu celular. O motivo apontado por Mads? Um meme inusitado que ele guardava no aparelho.
For every 100 likes I will turn JD Vance into a progressively apple cheeked baby pic.twitter.com/WgGS9IhAfY
— 7/11 Truther (@DaveMcNamee3000) October 2, 2024
A imagem em questão era uma montagem bem-humorada do vice-presidente americano, JD Vance. Criada originalmente por um usuário do X (antigo Twitter) em outubro de 2024, a brincadeira prometia transformar Vance em um “bebê de bochechas de maçã” progressivamente a cada cem curtidas que recebesse. A versão que Mads tinha mostrava Vance careca e com a cabeça em formato de ovo.
De acordo com o relato de Mads à imprensa, principalmente ao jornal britânico Mail Online e ao norueguês Nordlys, a descoberta desse meme foi o que levou os agentes a negarem sua entrada. Ele descreveu a experiência como “abuso de poder e assédio”, alegando que foi submetido a interrogatórios sobre tráfico de drogas, tramas terroristas e extremismo de direita sem justificativa aparente.
Mads também afirmou ter sido ameaçado com uma multa mínima de 5.000 dólares ou cinco anos de prisão caso se recusasse a fornecer a senha do celular, e que foi detido em uma cela no aeroporto, sem permissão para sair.
No entanto, a história ganhou um capítulo adicional quando as autoridades americanas entraram em cena para rebater veementemente a versão de Mads. A própria CBP usou sua conta oficial no X para fazer um “Fact Check”, classificando a alegação como “FALSA”. Segundo a agência, Mads Mikkelsen não foi barrado por causa de memes ou motivos políticos, mas sim pelo seu “uso admitido de drogas”.
Fact Check: FALSE
Mads Mikkelsen was not denied entry for any memes or political reasons, it was for his admitted drug use. pic.twitter.com/is9eGqILUq
— CBP (@CBP) June 24, 2025
O Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS) reforçou a posição em uma publicação no Facebook, também intitulada “FACT CHECK”. O DHS foi enfático: “As alegações de que Mads Mikkelsen foi impedido de entrar por causa de um meme são inequivocamente FALSAS”. A postagem completou dizendo que Mikkelsen foi recusado “por seu uso admitido de drogas” e que “apenas aqueles que respeitam nossas leis e seguem as regras serão bem-vindos em nosso país”.
Este episódio, independente de qual versão se considere, trouxe à tona novamente o debate sobre até onde vai o poder das autoridades fronteiriças na era digital. O caso de Mads ilustra como a prática de inspeção de dispositivos eletrônicos, embora declarada rara pela CBP, pode ter consequências significativas e inesperadas para os viajantes.
A controvérsia também reacendeu discussões sobre privacidade versus segurança nas fronteiras. Por causa de relatos como este, alguns especialistas em viagens e defensores de direitos digitais até aconselham viajantes a desligar completamente seus celulares ou desativar o desbloqueio por reconhecimento facial (como o Face ID do iPhone) antes de cruzar fronteiras. Isso porque há interpretações legais de que os agentes podem usar sua imagem física para desbloquear o aparelho sem violar a Constituição americana.
Esse Turista afirma que foi impedido de entrar nos EUA e preso depois que agentes encontraram meme em seu celular foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.