Pouco mais da metade das empresas já processa dados em nuvem, aponta FGV

Segundo a 36ª Pesquisa Anual do Uso de TI nas Empresas, conduzida pelo FGVcia (Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da FGV EAESP), 52% do processamento de dados das médias e grandes empresas brasileiras já ocorre em ambientes de computação em nuvem.

O estudo ouviu 2.672 empresas privadas, incluindo 68% das 500 maiores, e revela que a nuvem é hoje um elemento central nas estratégias de modernização da TI, ao lado dos sistemas integrados de gestão (ERP). Entre as plataformas de ERP, Totvs e SAP mantêm posição de destaque, com 34% de participação cada uma, seguidas por Oracle (10%) e outros fornecedores (22%). A Totvs lidera nas empresas menores e a SAP, nas maiores.

Os dados indicam que os principais projetos de TI nas empresas são aqueles voltados à implementação de novos ERPs, inteligência artificial e soluções analíticas. Essa combinação de tecnologias permite maior integração entre áreas operacionais e suporte à tomada de decisões baseada em dados.

O levantamento também mostra que os gastos e investimentos em TI alcançaram, em média, 10% da receita anual das empresas — percentual que cresce especialmente nos setores de serviços e financeiro. O custo anual de TI por usuário chegou a R$ 60 mil, em média, evidenciando o peso dos investimentos na sustentação das operações digitais.

A FGV destaca ainda que os projetos mais relevantes nas empresas analisadas incluem, além da migração para a nuvem e renovação do ERP, iniciativas voltadas à segurança da informação, governança de TI e uso de tecnologias como IoT e inteligência artificial generativa.

Esse índice é o gasto total destinado a TI – que é a soma de todos os investimentos, despesas e verbas alocadas em TI, incluindo equipamento, instalações, suprimentos e materiais de consumo, software, serviços, comunicações e custo direto e indireto com pessoal próprio e de terceiros em TI – dividido pela receita da empresa.

Pode-se comprovar que, quanto mais informatizada a empresa, maior é o valor desse índice. Nos últimos 36 anos, ele cresceu 6% ao ano, passando de 1,3% em 1988 para 10% em 2024. Mesmo assim, existe muito espaço para crescer e chegar aos níveis dos países mais desenvolvidos. A tendência é ultrapassar 11% nos próximos dois a três anos.

Outro indicador, entre os mais de 50 analisados na pesquisa, é o CAPU – Custo Anual de TI por Usuário – de R$ 60 mil. Esse valor refere-se aos gastos e investimentos em TI das empresas pesquisadas no ano passado, dividido pelo número de usuários da empresa

Vale ressaltar que seu comportamento não tem economia de escala, cresce com o tamanho da empresa e varia conforme o ramo. Nas empresas prestadoras de serviços, a média é R$ 72 mil; e nos bancos, R$ 162 mil.

Participação no mercado dos principais fabricantes de software

A pesquisa também levanta a participação no mercado dos fabricantes de 30 categorias de software. A Microsoft continua dominando várias categorias no usuário final, a maioria perto de 90% do uso. Os fabricantes que mais cresceram sua participação foram: Google e Qlik. Já para videoconferência, o Microsoft Teams cresceu para 48%, passando o Zoom, que ficou com 28%, e Google Meets com 22%.

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Os Sistemas Integrados de Gestão (ERP) da Totvs e da SAP têm 34% do mercado cada; Oracle, 10%; e outros, 22%. A Totvs lidera nas menores com 50%; e a SAP, nas maiores empresas, com 51%. As novas tecnologias provocam a necessidade de integrar cada vez mais o físico com o digital e demandam a implementação de novos processos integrados internamente, externamente e com o ecossistema da empresa. O “novo” ERP continua a ser o coração da transformação digital.

Os programas de Inteligência Analítica (BI – Business Intelligence and Analytics) continuam sendo uma categoria de destaque e entre as mais lucrativas para os fabricantes. Microsoft, com 28%; SAP, com 21%; Qlik tem 18%; seguidos por Oracle, Totvs e IBM. Os seis detêm 93% desse segmento. Apesar de todo o arsenal de ferramentas modernas, 90% do uso de Inteligência Analítica no departamento financeiro das empresas é Excel.

Para videoconferência nas empresas, o Microsoft Teams tem a maior participação com 48%; e Google Meets tem 22%. Ambos cresceram em relação ao ano anterior. Em contrapartida, o Zoom caiu para 28%. Já a nuvem responde, em média, por 52% do processamento nas empresas.

Gastos e investimentos em TI em bancos, hospitais e agronegócios

O estudo é aprofundado em três ramos da economia. Na última década, os gastos e investimentos em TI nos bancos dobraram. A expectativa é que esse crescimento continue e chegue a, aproximadamente, R$ 56 bilhões até 2026/27.

O estudo constatou ainda que o volume de transações por meios virtuais com origem no celular (Mobile Banking) e Internet tendem a 90% das transações (80% por smartphone). Nos hospitais privados, temos o CAPL – Custo Anual de TI por Leito – de R$ 200 mil; e no setor de agronegócios mostramos um comportamento parecido com a média da indústria.

Metodologia

O FGVcia divulga anualmente, desde 1988, um amplo retrato do mercado de Tecnologia da Informação (TI), com resultados de estudos e pesquisas do uso de TI nas empresas. Nessa edição houve a participação de 2.672 médias e grandes empresas.

Os resultados divulgados comprovam o processo de transformação digital das empresas e da sociedade. Vale ressaltar que o FGVcia é considerado um centro de referência na área e traz em suas pesquisas números inéditos e interessantes, retratando o cenário atual, sua evolução e as tendências desse ambiente, sendo uma valiosa contribuição para os meios empresariais e acadêmicos.

Consulte o relatório completo no link: www.fgv.br/cia/pesquisa

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