
Educar vai muito além de transmitir conteúdo: é formar pessoas. Ao longo da minha trajetória, percebi que preparar um estudante para exames ou aprovações é importante — mas nunca deve ser o ponto final.
O verdadeiro papel da educação é ajudar o jovem a entender quem ele é, quem quer se tornar e como deseja impactar o mundo ao seu redor.
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Essa consciência nasceu cedo, ainda no ensino médio, quando meus pais me desafiavam com uma pergunta que, à época, me aborrecia profundamente: “Por quê?”. Eu dizia que precisava passar no vestibular, e eles insistiam: “Sim, mas por quê?”. Foram anos ouvindo essa pergunta, que só fui entender mais tarde: as provas e aprovações são etapas, não destinos. O mais importante é ter clareza sobre o propósito.
Foi com esse olhar que me aproximei da educação internacional. Acredito profundamente que ela é uma das formas mais completas de preparar jovens — com visão ampla, consciência crítica e protagonismo.
Com mais de 15 anos de experiência em instituições no Brasil, Emirados Árabes, Estados Unidos e Chile, que adotam currículos como o IB, Common Core Americano e ICA, pude ver de perto o impacto de uma aprendizagem ativa, conectada à realidade e centrada no estudante.
Quando o aluno se torna agente do próprio processo, ele entende que suas escolhas importam, que seus sonhos são possíveis, e que sua voz pode — e deve — ser ouvida.
Na minha atuação, o aluno não é um receptor passivo. Ele é desafiado a pensar criticamente, estabelecer conexões, compreender sua identidade e refletir sobre seu papel no mundo. O conteúdo é meio, não fim. Trabalhamos com projetos interdisciplinares, rotinas de pensamento, voz e escolha, e avaliações formativas que acompanham o percurso de aprendizagem.
Vi alunos descobrirem paixões — pela escrita, ciência ou arte — porque tiveram espaço para experimentar, errar e recomeçar. Vi também estudantes se emocionarem com aprovações em universidades, nacionais e internacionais, por entenderem que esse era mais um passo em uma jornada com propósito.
Mais do que inspirar, é preciso oferecer experiências reais. Estágios, programas de mentoria, summer camps, visitas a universidades e college fairs ampliam a visão de mundo dos estudantes, conectam teoria e prática e fazem com que os jovens comecem a se imaginar em cenários reais.
Ao terem contato com universidades, profissionais e trilhas formativas diversas, nossos jovens começam a se imaginar em diferentes contextos, projetando possibilidades e reconhecendo afinidades. E, tão importante quanto encontrar um caminho, é entender o que não faz sentido para si.
Esse autoconhecimento também é um passo essencial na construção de uma trajetória com propósito.
A educação internacional também desenvolve habilidades essenciais do século XXI: empatia, resiliência, liderança, autonomia, comunicação intercultural. Ao conviver com diferentes culturas e visões de mundo, os estudantes ampliam sua compreensão de si e dos outros e aprendem a agir com responsabilidade nos mais diversos contextos.
Hoje, meu papel é ajudar os alunos a encontrarem suas próprias respostas para aquele velho “por quê?”. Que sonhem alto, reconheçam seu protagonismo e se compreendam como cidadãos globais. Quando compreendem o sentido do que estão aprendendo, tudo muda: o engajamento aumenta, a autoconfiança cresce e o aprendizado se torna real e duradouro.