Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) denunciou a omissão histórica do Congresso Nacional diante das violações enfrentadas pela população LGBT+. “Nunca, jamais, aprovou uma lei sequer voltada para os direitos das pessoas LGBT+”, diz. “Hoje nós lutamos ainda para não ter retrocesso”, lamenta.
“As nossas lutas no Congresso Nacional são duas. Primeiro, para não termos retrocesso. Segundo, que nossos projetos sejam votados e que percamos em votação, porque nem tramitados e votados eles foram. É um cenário muito trágico”, critica.
A fala de Salabert ocorre em meio ao mês do Orgulho LGBT+ e ao aumento de medidas legislativas conservadoras. Segundo a Aliança Nacional LGBT+, há ao menos 437 projetos em tramitação no país propondo restrições de direitos à comunidade. “O parlamento é composto em sua maioria por consciências retrógradas de homens brancos, milionários, latifundiários, de tradição escravocrata, racista, LGBTfóbica. O Congresso é uma vergonha”, diz a deputada.
Salabert critica propostas como a proibição de símbolos religiosos e da presença de crianças em Paradas do Orgulho LGBT+. Para ela, as medidas são inconstitucionais. “Estamos num país onde as pessoas podem livremente manifestar sua fé. Então, primeiro, é inconstitucional. […] Quando não pode levar criança, famílias que não têm rede de apoio, principalmente mães, são impedidas participar de manifestações populares. Esses deputados estão a serviço de atacar as mães, as famílias. É um grande absurdo no Brasil”, aponta.
Pessoas trans ainda lutam para conquistar humanidade
Apesar do cenário adverso, a deputada lembra de avanços recentes, que vêm sendo conquistados “a conta-gotas”. “Até 2018, transexuais eram reconhecidas como transtorno mental pela OMS [Organização Mundial de Saúde]. Hoje temos duas deputadas federais trans no Congresso”, exemplifica. No entanto, ela destaca que “a luta continua”. “Lutamos pelo básico, para conquistar ainda a categoria de humanidade no Brasil. Ela nunca foi dada, sempre teve disputa. […] Hoje nós, pessoas trans, lutamos para conquistar essa categoria”, afirma.
Professora por duas décadas, Duda acredita que as novas gerações trazem esperança para o futuro. “O parlamento é uma vergonha, mas a juventude é um exemplo que mostra que nós temos ainda que ter esperança na sociedade. […] Se o parlamento fosse ocupado 99% pela juventude, mundo seria muito melhor”, analisa.
Para ouvir e assistir
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