O afeto pode ser um sentimento, uma expressão que alguém pode ter direcionado a uma pessoa com carinho, cuidado e ternura ou a um objeto, ideia ou lugar. Pode ter finalidade ou não, mas segue sendo um gesto gostoso de um ser para o outro. Essa forma generosa de empatia será o tema central de uma palestra que pretende transformar como os profissionais da educação enxergam suas relações interpessoais e o afeto será o combustível dessa discussão.
A palestra “Transformar pelo Afeto – Que ninguém seja invisível ao seu lado” será realizada no próximo dia 12 de julho, no Centro de Convenções de Feira de Santana. O objetivo é discutir as inúmeras demandas que existem entre as pessoas que compõem a rede de educação e como elas se relacionam com o ambiente em que atuam. Mais do que trabalhar o senso pedagógico, a ideia é discutir o quanto o emocional das pessoas é parte fundamental de suas atitudes e da forma com que se relacionam com o seu entorno.
Em um mundo cada vez mais globalizado, individualizado, são desafios enfrentados por gestores, professores, pais e estudantes que trazem adoecimento para os seus cotidianos. São temas como a desvalorização de suas profissões, falta de infraestrutura e estímulo, indisciplina e desinteresse, adaptação às novas tecnologias, desigualdades que afetam diretamente a vida das pessoas e conflitos que vão além dos muros escolares.
Foi pensando em discutir tudo isso de forma mais visível ao que o outro sente, que o poeta e escritor, com mais de 52 livros publicados, Fabrício Carpinejar foi convidado a palestrar sobre a importância de “enxergar o outro”. Ver, literalmente, no sentido da palavra, de perceber, olhar, dar atenção. Carpinejar vai trazer caminhos para fortalecer conexões e superar desafios emocionais.
Idealizado pelas educadoras, mestras em Educação, Ana Cláudia Bastos (da AC Bastos Educacional) e Karina Macedo (do ConheSer – Espaço de Formação), o evento promete trazer histórias que ajudem a superar o isolamento emocional entre as pessoas. As duas coordenadoras pedagógicas, formadoras de professores na região de Feira de Santana, assumiram o desafio de criar esse momento de escuta, acolhimento para aqueles que acreditam no poder do afeto para transformar realidades e fortalecer emocionalmente quem se dedica a ensinar.
É um verdadeiro convite para professores, coordenadores, gestores e famílias que tenham a oportunidade de refletir sobre a potência do vínculo, da empatia e da presença genuína como caminhos de transformação.
“Do contexto da educação infantil ao ensino superior, estudantes adoecidos exatamente por conta desses afastamentos sociais, os afastamentos que por conta desse movimento contemporâneo que a gente tem de trabalho, de estudo, as telas têm proporcionado também isso, têm trazido muitas dores, porque nós somos seres humanos, e somos movidos a relações, e interações, a contato. E o afeto vai falar sobre isso, essa aproximação do ser, do entender as necessidades do outro, do afeto, do abraço, do querer bem, do estar perto, da escuta ativa. Então esse evento surge dessas inquietações nossas enquanto profissionais da educação, entendendo a necessidade de fomentar o momento em que as pessoas pudessem escutar sobre, refletir sobre e possibilitar mudanças de práticas e de relações”, disse Karina Macedo em entrevista ao Programa Acorda Cidade, na manhã desta segunda-feira (30).
O encontro tem também a missão de abrir o segundo semestre da rede escolar, discutindo para além da pedagogia e focando nas relações entre as pessoas, como explicou a professora Ana Cláudia. A família neste contexto também não deve ficar de fora das discussões e servirá como um termômetro da sociedade.
“Não que o pedagógico não seja necessário, mas em tempos de crise emocional, onde a gente fala tanto em saúde mental, inteligência emocional, tudo isso vem de um déficit muito grande. E o nosso grande barco é a seguinte pergunta: quem cuida de quem cuida?”, questionou a educadora.
Karina também destacou a invisibilidade dos sujeitos em uma modelo de sociedade onde se “você tem, você pertence, se você não tem, você não pertence”, modos operandi que afastam as pessoas, são desigualdades profundas e históricas que acabam por isolar, causam depressão e ansiedade e agravamentos complexos como o ciberterrorismo entre jovens, que inclusive, tem saído das redes e ganhado atitudes reais.
“A gente quer mudar esse olhar. Claro que uma palestra não faz uma mudança repentina, mas faz o sujeito refletir, pensar. Então, a gente quer, nesse momento, trazer esse processo de reflexão, esse olhar diferenciado, para que de fato a gente comece a olhar aquele que está do nosso lado de forma diferente, com afeto”, acrescentou Karina.
Como formadoras de sujeitos e cidadãos, Ana Cláudia traz a importância de como as relações interpessoais com afeto são necessárias para o desenvolvimento das pessoas. Estar bem consigo mesmo vai ampliar a forma como você atinge, enxerga o outro. É aquele ditado que diz, “não se pode dar o que não se tem” e, recebendo esses gestos de empatia, você poderá multiplicá-los com outros à sua volta.
“A gente está falando de um movimento que engaja o sujeito a estar bem, ter condições de relações sociais e interpessoais. Então, você promove um trabalho mais qualificado, promove relações interpessoais qualificadas, que é o sujeito está bem consigo. Falar de afeto, falar de engajamento socioemocional, na educação, ele é realmente um comportamento essencial para o desenvolvimento humano”, acrescentou Ana Cláudia.
Para professores, coordenadores, gestores que podem se sentir invisíveis, sobrecarregados, desestimulados, desacreditados sobre a relevância de suas atuações no ambiente acadêmico é sempre bom lembrar que a vida é feita pelas pessoas e suas interações e todos contam nesta grande engrenagem que é o mundo.
“A educação continua sendo o pilar essencial da sociedade e do ser. Não é de um ponto de vista romântico, isso é de um ponto de vista técnico, é necessário que o professor resgate o seu poder, que, na verdade o professor, a educação, tem o poder. São tempos difíceis, diante da tecnologia, não precisa mais do professor, da escola, mas o chão da sala de aula continua sendo um chão sagrado. Não falamos mais em pandemia, mas a gente ainda vive essas consequências. Então, a mensagem é que, diante de todos os problemas, acreditem, professores, educadores, a sala de aula é um chão sagrado e o alinhamento de práticas, a união de todos que fazem a comunidade escolar é essencial para que a gente possa cuidar um do outro, para que não sejamos invisíveis e para que possamos chegar aos nossos propósitos”, afirmou Ana Cláudia.
“Você já passou por mim e nem olhou pra mim”. Esse trecho da música, “Invisível”, da banda BaianaSystem fala justamente sobre como muitas vezes as pessoas não enxergam as outras. Discutir com sensibilidade, com afetividade a forma de ver o outro é um processo revolucionário, de respeito à individualidade das pessoas, mas contradizendo o individual, dizendo que: juntos todos são mais fortes.
A palestra é uma oportunidade de vivenciar a magia das palavras de Carpinejar, um nome expressivo da literatura brasileira contemporânea, que aborda temas profundos como amor, família e relacionamentos cotidianos, de forma acolhedora e profunda sobre o poder dos sentimentos.
O evento é realizado pelo @palestrasfsa, @conheser_espacodeformacao e @acbastos.educacional e conta com apoio do Governo do Estado, do Colégio Santo Antônio, da Faculdade Unijorge e do grupo Core3.
Serviço:
O quê: Palestra “Transformar pelo Afeto – Que ninguém seja invísivel ao seu lado”, com Fabrício Carpinejar
Onde: Centro de Convenções – Feira de Santana
Quando: 12 de julho (sábado), ás 18h
Quanto: R$ 108 (meia-entrada) R$ 118+1kg de alimento (ingresso social)Como participar: Compre aqui.
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