Espírito Santo quer ser vitrine do futuro, mas o futuro exige estrutura

Terceira Ponte
Vista da Terceira Ponte de drone. Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

*Artigo escrito por Felipe Valfre, advogado e advisor de Capital para desenvolvimento de tecnologia e inovação, CEO Valfre Advogados e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Inovação e Tecnologia do Ibef-ES.

O Espírito Santo decidiu olhar para frente com mais clareza e colocou em movimento uma diretriz pública importante: o plano ES500, com horizonte até 2035. Ele projeta um novo ciclo de desenvolvimento, com foco em sustentabilidade, integração regional, inclusão e inovação.

Não é um plano setorial. Trata-se de uma visão sistêmica, na qual a tecnologia é parte inseparável dessa base.

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Foram definidas cinco missões prioritárias de economia diversificada e inovadora à sustentabilidade, além de três temas transversais: tecnologias emergentes, inclusão social e neutralidade de carbono, que permeiam toda a visão de futuro.

Inovação e tecnologia

Inovação e tecnologia não aparecem como metas isoladas no ES500. Elas compõem a base que sustenta a transformação da produção, conexão de territórios, planejamento de cidades e políticas públicas.

Estão presentes na educação, na saúde e no fortalecimento das cadeias econômicas. O plano parte de um princípio claro: qualquer projeto de futuro precisa estar estruturado tecnologicamente — e preparado para crescer com inteligência.

Esse posicionamento exige mais do que investimentos pontuais. Exige articulação entre o que é público, privado e institucional.

Que cadeias produtivas absorvam os movimentos em curso, que negócios se estruturem para operar com capital e complexidade, que políticas públicas incorporem execução digital com estratégia e que a sociedade civil atue — não apenas observe — as transformações em andamento.

Crescimento do ES

O Espírito Santo está fazendo sua parte: o plano está em execução, e a direção está posta. A construção do ES500 envolveu escuta ativa nas 10 microrregiões do estado, conectando governo, setor produtivo, academia e sociedade civil — uma base essencial para transformar visão de longo prazo em compromisso coletivo.

Nesse contexto, foi lançada a Comunidade ES500, uma plataforma digital que integra sociedade, governo e setores estratégicos em torno da construção do futuro. Um ambiente interativo de participação cidadã contínua: acompanhar decisões, apresentar ideias e contribuir com propostas. O futuro não se apoia em eventos pontuais — exige diálogo permanente.

Quem constrói o futuro de um território não é apenas quem o planeja, mas também quem participa da execução diariamente. Quem decide com base, clareza, visão e responsabilidade compartilhada.

Empreendedores, gestores, investidores, instituições, sociedade civil: o Espírito Santo só vai crescer de forma sustentável se todos esses elos estiverem conectados ao mesmo horizonte. Essa articulação começou em algumas frentes, mas ainda há um longo caminho para consolidar essa convergência.

O desafio agora é garantir que todos tenham condições reais de seguir por esse caminho com preparo, ou seja, com capacidade técnica, articulação institucional e ambiente favorável à ação.

Sim, o Espírito Santo quer ser vitrine do futuro.
Mas o futuro exige mais do que intenção.
Exige estrutura e preparo.

Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.

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