Apesar da desvalorização superior a 14% do real desde o início do ano e da queda nos preços da celulose, a Suzano mantém sua produção em ritmo máximo e não planeja reduzir a capacidade. “Estamos constantemente analisando a rentabilidade da nossa produção marginal. Hoje, com os níveis de preço e câmbio que temos visto, ainda não fez sentido pra companhia reduzir volume. Estamos a plena capacidade”, afirmou Marcos Assumpção, vice-presidente executivo de financeiro e relações com investidores da Suzano.
Segundo Assumpção, mesmo com o câmbio médio em R$ 5,40, os impactos ainda são administráveis. Já em relação aos preços da celulose, ele é mais cauteloso, mas acredita que o mercado se aproxima de um piso. “Essa combinação obviamente não é mais a desejada, mas não é ruim para a companhia”, declarou.
O início do ano foi positivo para os produtores de celulose, impulsionado por fatores inesperados que elevaram a demanda. A Suzano anunciou aumentos mensais de até US$ 60 por tonelada em regiões como Europa e América do Norte. No entanto, a escalada da guerra comercial entre China e Estados Unidos reverteu essa tendência no segundo trimestre. Os reajustes de janeiro a março foram implementados, mas abril teve negociações travadas. Em maio, o preço da celulose de fibra curta caiu mais de US$ 70 na China, chegando a cerca de US$ 505 por tonelada, segundo o índice Foex da Fastmarkets.

Assumpção relata que as negociações voltaram a níveis normais em maio, com junho mantendo fluxo regular de pedidos. No mercado, a avaliação predominante é de que os preços atuais estejam próximos do “fundo”. Ele aponta três fatores para sustentar essa leitura: fechamento de fábricas menos competitivas na Europa, recuo de produtores chineses integrados à compra de celulose de mercado, e o aumento das compras por traders, que buscam estoques com preços baixos.
A perspectiva é de estabilidade nas cotações ao longo do terceiro trimestre, com possível recuperação no fim do ano, puxada por uma demanda sazonal mais aquecida. “O que geralmente acontece que faz o mercado mudar são esses movimentos do lado da oferta”, observa o executivo, citando possíveis novos fechamentos na Europa ou maior compra de celulose no mercado pelos chineses.
A dinâmica entre oferta e demanda tem sido influenciada pela entrada de novas capacidades produtivas. A Suzano, com o Projeto Cerrado em Ribas do Rio Pardo (MS), ampliou sua capacidade anual em 2,55 milhões de toneladas. Desde dezembro, a nova unidade opera a plena carga, elevando a produção total da companhia de 10,9 milhões para 13,5 milhões de toneladas anuais.
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