Na ânsia de demonstrar apoio ao seu padrinho político, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), publicou uma nota na qual critica o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela imposição, feita pelo presidente estadunidense Donald Trump, de tarifas adicionais à exportação brasileira aos Estados Unidos. A taxação de 50% ao Brasil é a mais alta entre as mais recentes definidas pelo governo dos EUA.
“Cabe agora ao governo federal o esforço diplomático para resolver a questão com maturidade política e visão de Estado, sem se esconder atrás de narrativas, sem responsabilizar quem não está no poder”, escreveu Tarcísio. Em seu perfil nas redes sociais, ele afirmou que “Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado. Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil”.
As manifestações do governador não citam o comércio do estado de São Paulo, gerenciado por ele e que será o mais afetado pela implementação da medida por concentrar o maior volume da exportação brasileira aos Estados Unidos. A análise coube ao vice-governador, Felício Ramuth (PSD), que considerou, em entrevista à Folha de S. Paulo, equivocada “na forma e na execução” a imposição de tarifas de Trump.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), criticou a postura do governador e chamou de “curiosa” a escolha de foco adotada pelo ex-ministro de Bolsonaro: “Lamento que o governador de São Paulo defenda uma tarifa de 50%, imposta pelo governo dos EUA, que penalizará a indústria e a agroindústria paulista, em vez de defender a população do seu estado e do Brasil como nação. É curioso: liderar a maior economia do país e, ao mesmo tempo, apoiar medidas que encarecem produtos e prejudicam a economia nacional”.
O ministro foi convocado para uma reunião no Palácio da Alvorada na manhã desta quinta-feira (10) e integrará um grupo de trabalho que vai decidir como o governo brasileiro deve responder à medida imposta por Trump. É considerada a hipótese do uso da Lei de Reciprocidade, aprovada pelo Congresso em abril, que garante ao Brasil a possibilidade legal de igualar condições comerciais aplicando tarifas unilaterais a países.
A estratégia é rechaçada por representantes da extrema direita, que acusam Lula de falta de diálogo com os Estados Unidos e de apoio à censura – apontada por Trump como uma das razões para a aplicação das tarifas. A outra, segundo carta publicada pelo presidente dos Estados Unidos, é a “caça às bruxas” promovida contra Jair Bolsonaro, que responde criminalmente por tentativa de golpe de Estado.
Rui Costa reforça a escolha de Tarcísio, aliado de primeira hora de Bolsonaro e cotado como seu sucessor político, de colocar os interesses de seu ex-chefe acima dos interesses de soberania do Brasil: “Liderança, governador, se exerce com coragem. É compreensível que queira agradar ao ex-presidente a quem serviu como ministro, mas quem valoriza São Paulo não apoia medidas absurdas, ilegais e imorais impostas por estrangeiros”.
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