Nova tarifa dos EUA desafia posição da Suzano no mercado norte-americano

A decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre importações brasileiras, anunciada pelo presidente Donald Trump em carta pública na quarta-feira, 9, gerou forte preocupação no setor de papel e celulose. A medida atinge diretamente a Suzano, que, segundo o Goldman Sachs, tem 19% de suas vendas líquidas expostas ao mercado americano, uma das maiores proporções do setor.

De acordo com o banco norte-americano, essa participação significativa torna difícil uma realocação rápida e eficiente das exportações, principalmente por conta dos contratos de longo prazo com especificações técnicas rígidas. Mesmo o uso temporário de estoques locais não impediria a pressão sobre preços, e o cenário pode levar compradores dos EUA a buscar alternativas no Chile ou no Uruguai, além de estimular o abastecimento por produtores domésticos.

Dados do Goldman Sachs mostram que, em 2024, o Brasil exportou cerca de 2,8 milhões de toneladas de celulose de fibra curta para os Estados Unidos, volume que representa 78% do consumo americano desse tipo de produto, 14% das exportações brasileiras e 7% do mercado global. A substituição dessa fatia por fornecedores alternativos é considerada improvável no curto prazo. A produção combinada de Chile e Uruguai gira em torno de 9,5 milhões de toneladas ao ano, insuficiente para cobrir a demanda norte-americana sem criar desequilíbrios.

 

A XP Investimentos também vê riscos, embora não preveja mudanças bruscas nos volumes exportados no curto prazo, dada a limitada capacidade de produção local dos Estados Unidos. A corretora aponta que parte da produção brasileira poderia ser redirecionada para Ásia ou Europa, mas reconhece que isso exigiria ajustes logísticos e poderia pressionar as margens. Entre os efeitos colaterais, destaca ainda o impacto sobre o câmbio e a percepção de risco, que poderiam amenizar parcialmente os danos ao enfraquecer o real frente ao dólar.

O Bradesco BBI avalia que a Klabin será pouco afetada, já que apenas 2% de sua receita vêm das exportações para os EUA. No entanto, reforça o alerta para a Suzano: cerca de 17% de sua receita vêm da América do Norte, sendo 19% oriundos da celulose e 9% do papel. A região também tem peso relevante no Ebitda da companhia, devido às margens mais altas.

Segundo o banco, a Suzano responde por cerca de 2 milhões das 3,7 milhões de toneladas de celulose de fibra curta consumidas na América do Norte, o que representa 55% do mercado. Caso a tarifa seja mantida, analistas projetam dificuldades para a companhia redirecionar sua produção, aumento da concorrência, e pressão adicional sobre margens e logística no curto prazo.

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