
Na última sexta-feira (11), o município de Serrinha viveu um momento histórico com a inauguração da Cozinha Solidária Damiana’s Contra a Fome, instalada na sede do Sindicato dos Produtores Rurais. Mais do que um equipamento público, o projeto é um símbolo de bravura, liderança feminina e compromisso com quem mais precisa.
Idealizado pela nutricionista Hariucha Vitório, presidente do Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura (Cmec) em Serrinha, o projeto nasce como o primeiro equipamento permanente de combate à fome implantado pelo Conselho de Mulheres no estado. Resultado da união entre o voluntariado feminino, o apoio do Governo do Estado – por meio do edital Comida no Prato do programa Bahia Sem Fome – e da mobilização comunitária, a cozinha solidária vai oferecer diariamente 200 refeições gratuitas para pessoas em situação de vulnerabilidade social na cidade.

Mas a iniciativa vai além do combate imediato à fome. O espaço também será dedicado à formação e geração de renda, com cursos profissionalizantes voltados à promoção de dignidade, autonomia e inclusão produtiva.
Hariucha Vitório lembrou durante a inauguração que a motivação para o projeto veio de um dado alarmante: “Serrinha tem cerca de 11 mil pessoas vivendo com menos de R$ 200 por mês. A Bahia tem quase 900 mil pessoas passando fome. Nós não podemos estar com os olhos fechados a isso. Precisamos sair da insegurança alimentar e alcançar soberania, que é ter autoridade sobre o que vamos comer amanhã.”

A força e o significado do projeto estão profundamente enraizados em sua história pessoal. Batizada em homenagem à avó de Hariucha, Dona Damiana, mulher de origem simples que enfrentou a fome para garantir o sustento dos filhos, a Cozinha Solidária carrega um simbolismo de resistência e afeto.
“Sua história vive em mim, e agora vive em cada marmita servida, em cada gesto de cuidado que brota desta cozinha solidária. Damiana significa ‘aquela que doma’, ‘a que tem força e domínio sobre as situações’. É isso que esse projeto representa: a nossa força coletiva diante da fome. Buscamos vencer a fome com dignidade, com afeto e com união”, destacou Hariucha.
A iniciativa começou em julho de 2024, de forma voluntária, com a produção de 30 marmitas feitas em casa. Cresceu para 50 e, com o apoio do edital estadual, hoje chega a 200 refeições diárias. Ao longo do trajeto, ele contou com o apoio de empresas locais e da Prefeitura de Serrinha.

Movimento e inspiração
Para Herriette Cedraz, presidente do Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura na Bahia (Cmec), o projeto é um exemplo de coragem transformadora: “Hariucha fazia isso voluntariamente, como uma ação social pequena apoiada pelas mulheres do Cmec. Transformar essa iniciativa em projeto, ampliar para uma grande quantidade de refeições é de uma bravura louvável. É uma história de vida que move e inspira”.
Ela acrescenta que Além de enfrentar a insegurança alimentar de forma concreta, o projeto se consolida justamente como um espaço de inspiração e mobilização social, mostrando a força transformadora da união feminina e o poder de quem não aceita fechar os olhos diante da necessidade humana.
A inauguração foi prestigiada por autoridades locais e regionais de municípios como Araci, São Domingos, Candeal, Santa Bárbara, Feira de Santana e Cruz das Almas, reforçando o papel da Cozinha Solidária Damiana’s Contra a Fome como modelo regional de cidadania e combate à fome.
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