Mães denunciam negligência no Instituto de Educação após aluno sofrer lesão grave durante gincana em Porto Alegre

A comunidade escolar do Instituto de Educação General Flores da Cunha, em Porto Alegre, denuncia negligência por parte da direção da escola após um estudante sofrer uma lesão grave durante a gincana promovida pela instituição na última sexta-feira (11). Henry, aluno do colégio, precisou passar por uma cirurgia de emergência no intestino após relatar fortes dores abdominais logo após uma das atividades. Segundo os relatos, não havia atendimento adequado no local e a escola não acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) nem acompanhou o estudante ao hospital.

“Há tempo a gente sinaliza inúmeras situações complicadas que colocam em risco a segurança dos nossos filhos. A negligência por parte da escola em relação ao que acontece lá dentro é muito grande”, afirma a mãe de um aluno, que integra um grupo de responsáveis que já vinha denunciando falhas na gestão da escola.

Durante os jogos da gincana, vários estudantes teriam se ferido. Uma aluna precisou usar tala na perna, outro teve o dente quebrado e um terceiro ficou com o nariz roxo. O caso mais crítico, no entanto, foi o de Henry. Após uma suposta agressão num jogo, ele sentiu fortes dores, foi ao banheiro vomitar e relatou mal-estar a um colega. “A escola afirma que prestou atendimento, mas os alunos dizem que não. Ele ficou deitado em um tapetinho e a escola não chamou o Samu”, denunciam os familiares.

O socorro foi prestado apenas após o primo do estudante conseguir avisar o avô, que estava próximo da escola. O avô levou o neto diretamente ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) sem a presença de qualquer representante da escola. Henry passou por uma cirurgia de emergência e, segundo os familiares, os médicos informaram que o quadro exigia atendimento imediato. A mãe do estudante relatou à comunidade escolar que, se o filho tivesse ido para casa sem atendimento, ele poderia não ter resistido à gravidade da lesão abdominal.

Manutenção da gincana causa revolta

Mesmo após o episódio, a direção da escola optou por manter a gincana, o que gerou revolta. “Assim que ficamos sabendo do ocorrido, nos dirigimos à escola nesta terça-feira (15) solicitando o cancelamento da gincana. A situação chegou a um ponto muito grave. Não há ambiente para isso, não há segurança para os alunos”, afirma Isadora Trajano, mãe e advogada da família de Henry. “A comunidade precisa entender a gravidade do que aconteceu, e não colocar a diversão acima da solidariedade com uma família que quase perdeu seu filho.”

Além da continuidade das atividades, Trajano denuncia a falta de diálogo com a comunidade escolar. O conselho escolar solicitou uma reunião extraordinária para tratar do assunto, mas foi informado, nesta quarta-feira (16), de que o encontro havia sido cancelado. “Ou seja, não há qualquer canal de comunicação com mães e pais para discutir a manutenção das atividades”, afirma.

Manifestação e responsabilização

Diante da ausência de respostas, familiares e responsáveis decidiram realizar uma manifestação nesta quinta-feira (17), às 17h30, em frente ao Instituto de Educação, para denunciar a negligência, o silenciamento e cobrar providências.

“A família irá fazer todas as diligências necessárias para responsabilizar o Estado e os envolvidos nesse processo de evidente negligência”, afirma Trajano. As mães e pais esperam que o caso sirva de alerta para mudanças urgentes na gestão da escola e maior atenção à segurança e ao bem-estar dos estudantes.

O que diz a Secretaria da Educação

Até o momento da publicação desta matéria, a direção do Instituto de Educação não havia se manifestado oficialmente sobre o caso.

Procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual da Educação do Rio Grande do Sul informou que acompanha o caso em conjunto com a 1ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), de Porto Alegre. Em nota, a assessoria afirma que não houve registros de ferimentos ou lesões graves entre os participantes da Gincana das Cores e que, durante as atividades, houve apenas contato físico comum à prática esportiva, “sem resultar em incidentes imediatos”.

Segundo a pasta, o estudante apresentou mal-estar horas após o término da gincana. A equipe da escola teria feito o primeiro acolhimento e acionado a família, que conduziu o estudante para atendimento médico. Ainda conforme a secretaria, exames médicos constataram que a condição clínica era decorrente de uma “lesão inflamatória pré-existente na região abdominal, não relacionada ao evento escolar em si”.

A secretaria informou ainda que o Núcleo de Cuidado e Bem-Estar Escolar acompanha a situação e que o estudante está bem de saúde.

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