Floresta em pé gera emprego: bioeconomia pode criar 800 mil vagas e já movimenta R$ 9 bilhões no Pará

Nesta quinta-feira (17), quando se celebra o Dia de Proteção às Florestas, o Brasil é chamado a refletir sobre os caminhos possíveis para conciliar desenvolvimento econômico e conservação ambiental. Na Amazônia, a resposta pode estar na bioeconomia — um setor em expansão que movimenta R$ 12 bilhões por ano no país e desponta como alternativa viável para manter a floresta em pé, gerar renda e impulsionar inovação.
Dados recentes mostram que a bioeconomia e a restauração florestal podem adicionar R$ 45 bilhões ao PIB brasileiro e gerar mais de 800 mil empregos até 2050, segundo estudo da WRI Brasil. No Pará, 13 cadeias produtivas já movimentam cerca de R$ 9 bilhões, e com investimentos adequados, o estado pode gerar R$ 816 milhões adicionais no PIB e abrir mais de 6.500 vagas no mercado de trabalho.
Para o Distrito de Inovação e Bioeconomia de Belém (DIBB), o momento é de transformação. A iniciativa, que integra um projeto de extensão da Universidade Federal do Pará (UFPA) em parceria com a Prefeitura de Belém, a FADESP e o Itaipu Parquetec — com financiamento da Itaipu Binacional — está com quatro editais abertos para fomentar ideias e negócios sustentáveis na Região Metropolitana de Belém.
“A floresta em pé é um ativo econômico”
Em entrevista ao g1, Raul Ventura, que integra a direção do DIBB, reforça que a chave para transformar o potencial da bioeconomia em realidade está na conexão entre floresta e cidade.
“O caminho é conectar as atividades da bioeconomia à economia urbana da região. Nas cidades, como Belém, essas cadeias podem ampliar a agregação de valor e a distribuição de renda, com o processamento de produtos da floresta”, afirma Ventura.
Ele destaca como o açaí e o cacau já funcionam como exemplos de cadeias estratégicas que aliam base exportadora consolidada e capacidade de inovação. “As possibilidades vão da biotecnologia ao reaproveitamento de resíduos do processamento. É uma nova economia em construção.”
COP 30: Belém como vitrine global da inovação amazônica
Com a COP 30 se aproximando, Belém se prepara para se tornar centro das atenções globais na agenda climática. E o DIBB busca se consolidar como um dos legados desse evento internacional.
“A bioeconomia é uma alternativa concreta para enfrentar as mudanças climáticas, gerar renda e valorizar a biodiversidade”, defende Ventura.
De acordo com a UFPA, o DIBB articula universidades, empresas, poder público e comunidades locais para transformar a bioeconomia em vetor real de desenvolvimento. Um dos objetivos é demonstrar ao mundo que é possível crescer sem destruir.
A nova economia da Amazônia
O avanço da bioeconomia representa um ponto de inflexão no modelo de desenvolvimento amazônico. Com base em recursos renováveis, saberes tradicionais e tecnologia, o setor pode preservar até 81 milhões de hectares de floresta, segundo a iniciativa Amazônia 2030, além de reduzir emissões e aumentar em até 19% o estoque de carbono.
“A Amazônia reúne condições únicas para liderar essa nova economia verde”, destaca Antonio Abelém, coordenador de inovação do DIBB. “Cada R$ 1 investido pode gerar até R$ 1,40 em valor bruto ao comércio.”
E o mundo está de olho. O mercado global da bioeconomia pode chegar a US$ 7,7 trilhões até 2030, impulsionado pela demanda por produtos nativos, cosméticos naturais, biotecnologia e soluções baseadas na biodiversidade.
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