Nos últimos anos, o Brasil tem se consolidado como um dos maiores laboratórios globais de inovação em pagamentos digitais. Com a chegada do Pix Automático, em 16 de junho de 2025, o Banco Central dá mais um passo rumo à democratização do acesso financeiro — e quem deve se beneficiar diretamente dessa inovação são as pequenas e médias empresas (PMEs), especialmente as que atuam no e-commerce e no setor de serviços digitais.
O Pix Automático permitirá que pagamentos recorrentes — como mensalidades de cursos, assinaturas de plataformas, academias, serviços de software ou delivery sejam realizados de forma automática e segura, com autorização única e validade pré-estabelecida. Isso elimina barreiras operacionais tanto para o consumidor quanto para o empreendedor.
Por que isso é estratégico para as PMEs? Hoje, uma grande parte da população brasileira não tem acesso a cartão de crédito ou enfrenta limites baixos. Ao adotar o Pix Automático, PMEs poderão oferecer assinaturas sem depender do cartão, o que amplia significativamente a base de clientes potenciais, sobretudo em regiões menos bancarizadas.
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Outro ponto que vale destacar é a redução da inadimplência e previsibilidade financeira. Ao automatizar pagamentos recorrentes, as empresas minimizam o risco de inadimplência por esquecimento ou falta de confirmação do cliente. Para a PME, isso representa previsibilidade no fluxo de caixa e menos gastos com cobranças e reenvios.
Diferente de soluções tradicionais de débito automático — geralmente limitadas a bancos específicos e com processos complexos, o Pix Automático é interoperável entre instituições, facilitando a adesão. Isso significa menos intermediários, menos taxas e uma integração mais fluida com sistemas ERP e plataformas de venda.
Além disso, a fidelização de clientes em serviços digitais, pode ser mais efetiva. No modelo de assinatura, a retenção é um dos maiores ativos. O Pix Automático remove a fricção da jornada de pagamento, reduz o churn involuntário (cancelamentos por falhas de pagamento) e ajuda a manter o cliente ativo por mais tempo.
Segundo o Banco Central, mais de 150 instituições já demonstraram interesse em oferecer a funcionalidade do Pix Automático. Em paralelo, o próprio ecossistema de pagamentos do Pix vem amadurecendo: o Pix por aproximação, o Open Finance e as carteiras digitais tornam o ambiente cada vez mais intuitivo, acessível e eficiente para todos os perfis de negócio.
De acordo com o artigo “Pix: impulso para as PMEs em 2025”, as micro e pequenas empresas são responsáveis por mais de 30% das transações via Pix. A chegada de soluções recorrentes pode elevar esse número ainda mais, tornando o Pix não apenas um meio de pagamento, mas uma ferramenta de sustentabilidade e crescimento.
Oportunidade de antecipação
As PMEs que atuam com serviços digitais, como streaming, e-learning, SaaS e marketplaces, devem se preparar desde já. A antecipação na adaptação a essa nova realidade pode significar vantagem competitiva. Isso inclui:
– Atualização de sistemas de cobrança;
– Educação dos clientes sobre o novo modelo;
– Adoção de plataformas compatíveis com a API do Pix Automático.
Se o Pix já revolucionou o varejo ao tornar as transações instantâneas e gratuitas para o consumidor, o Pix Automático tem o potencial de fazer o mesmo com o modelo de negócios por assinatura, especialmente no universo das PMEs. Com mais inclusão, mais eficiência e menos burocracia, essa nova funcionalidade pode ser o empurrão que faltava para impulsionar o e-commerce brasileiro a um novo patamar.
Monisi Costa, diretora de Payments & Banking da Vindi.
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