
Polícia se diz convicta de que mulher acusada de matar nora também matou filha
A Polícia Civil de Ribeirão Preto (SP) afirmou, nesta sexta-feira (1t), ter certeza de que Elizabete Arrabaça envenenou e matou a própria filha, a veterinária Nathália Garnica, por motivação financeira.
As investigações sobre a morte de Nathália, ocorrida em Pontal (SP), estão na fase final, mas o inquérito ainda não foi concluído.
À EPTV, afiliada da TV Globo, o delegado José Carvalho de Araújo Junior disse a vítima tinha planos futuros, o que afastaria qualquer possibilidade de atentar contra a própria vida.
“Para a polícia, não existe nenhuma dúvida de que a mãe matou a filha. As pessoas que foram ouvidas até agora nos trouxeram informações muito importantes de que a Nathália, de forma alguma, tentava suicídio. A Nathália tinha planos com o marido de voltar a morar junto e ter filhos, inclusive, de viajar na semana seguinte. Então isso nos deixa bem claro de que a Nathalia foi realmente envenenada”.
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Elizabete também é acusada de ter matado a nora, Larissa Rodrigues, junto com o filho, Luiz Antonio Garnica, marido da vítima. A professora de pilates foi envenenada com chumbinho em março deste ano.
Nas investigações sobre a morte de Nathália, que aconteceu um mês antes da morte de Larissa, a polícia disse que um ponto chamou a atenção: a insistência de Elizabete em saber o horário de chegada da filha em casa no dia da morte dela, 9 de fevereiro.
Nathália Garnica, Elizabete Arrabaça, Ribeirão Preto, SP
Reprodução/g1
Uma testemunha que trabalhava com Nathália relatou que, naquela data, a mãe ligou constantemente para a filha.
“Essa atitude causa estranheza, mas vai de encontro com aquilo que a polícia tem de certeza, de que a mãe estava preparando o momento de alguma forma, de fazer ela ingerir o veneno”, disse o delegado.
Motivação financeira
A questão financeira surge como o principal motivo do crime, de acordo com o delegado que investiga o caso.
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Segundo ele, discussões entre mãe e filha sobre a vida pessoal e os planos de Nathália ter uma família eram frequentes e resultaram na morte da veterinária.
“Indica [que foi por dinheiro], porque está bem claro isso. A discussão que elas tiveram, inclusive no dia que aconteceu [a morte], foi porque a Nathália pretendia casar, ter filhos, ter uma vida. E claro que filhos significa herança e dividir. Ficou bem claro no inquérito que a mãe era totalmente contra. Então, é a raiva, essa discussão toda em que ela estava, o problema financeiro, tudo isso foi, para nós, o motivo”, explicou Araújo.
Envolvimento dos filhos
Além do envenenamento de Nathália, a polícia também investiga a participação dos irmãos dela, Luiz Garnica e Viviane Garnica, na morte da veterinária.
Eles são suspeitos de fraude processual, por terem, possivelmente, modificado a cena do crime, ainda segundo o delegado.
Luiz Garnica, inclusive, já responde por fraude processual no caso da morte da mulher, Larissa Rodrigues, cunhada de Nathália. Ele teria limpado o apartamento antes de a polícia ser acionada.
“Nós sabemos que duas pessoas estiveram no local, que são os dois filhos de Elizabete, logo em seguida [do crime], foram chamados primeiro que o Samu até. Saíram da cidade de Ribeirão Preto e foram até Pontal. Com o inquérito, vamos saber exatamente o que eles fizeram até a chegada do Samu”, ressaltou Araújo.
O médico Luiz Antonio Garnica e a mãe, Elizabete Arrabaça ribeirão preto
Arquivo pessoal
Próximos passos
Ainda segundo o delegado, o inquérito sobre a morte de Nathália Garnica está em fase final, aguardando a oitiva de mais testemunhas e os resultados da extração de dados dos celulares, incluindo o de Viviane.
“Todos os celulares das pessoas que estiveram lá [na cena do crime] estão passando por perícia. Claro que se ela [Viviane] esteve, será investigada, independentemente de qualquer coisa, se ela tomou conhecimento do fato naquele momento ou se ela já sabia de alguma coisa antes”.
Além disso, a polícia também aguarda o resultado da exumação do corpo da cachorra Babi, que era de Nathália, mas estava sob os cuidados de Elizabete. O animal morreu cerca de 15 dias antes da morte da tutora.
Segundo a Polícia Civil, o objetivo é saber se a cachorra também foi envenenada por Elizabete, como uma forma de teste para os crimes que vieram na sequência. O material coletado foi encaminhado para exame toxicológico em São Paulo (SP).
Morte de Nathália Garnica
A veterinária Nathália Garnica morreu aos 42 anos, no dia 9 de fevereiro deste ano, em Pontal, onde morava. Um dia antes, Elizabete Arrabaça esteve com a filha. O boletim de ocorrência chegou a ser registrado como morte natural.
Quando as investigações sobre a morte da cunhada, Larissa Rodrigues, começaram, um laudo toxicológico apontou que ela tinha sido envenenada com chumbinho. Elizabete e Luiz Antônio Garnica, irmão de Nathália, foram presos no dia 6 de maio, por suspeita de participação na morte de Larissa.
Como o intervalo de tempo entre os dois casos era curto, a polícia passou a investigar também a morte de Nathália. No dia 23 de maio, o corpo dela foi exumado para ser analisado. No dia 17 de junho, o laudo toxicológico confirmou que Nathália também tinha morrido envenenada por chumbinho.
Por conta da similaridade dos casos e também por ter sido a última pessoa a estar com as duas vítimas, Elizabete, que já era investigada pela morte da nora, Larissa, passou a ser investigada pela morte da filha, Nathália.
Morte de Larissa Rodrigues
Elizabete e o filho, o médico Luiz Garnica, são acusados de matar a professora de pilates envenenada com chumbinho e estão presos preventivamente.
Segundo o promotor Marcus Túlio Nicolino, mãe e filho foram denunciados por feminicídio com três qualificadoras: uso de veneno, motivo torpe e cruel mediante simulação e uso de recursos que dificultaram a defesa de Larissa. Eles negam as acusações.
O médico também responde por fraude processual, por ter alterado a cena do crime após a morte da professora.
A denúncia do Ministério Público aponta que o médico planejou o crime por problemas financeiros e para evitar a partilha de bens após Larissa descobrir seu relacionamento extraconjugal.
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