O governo da Venezuela anunciou nesta sexta-feira (18) que conseguiu a liberação dos 252 venezuelanos que estavam presos em El Salvador, detidos desde fevereiro deste ano. De acordo com Caracas, a negociação foi concretizada por uma troca com 10 prisioneiros estadunidenses que estavam detidos no país caribenho.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores venezuelano, o país pagou um “preço alto” pela troca, já que os estadunidenses estavam presos por “participarem de delitos graves” no país. Em nota, a pasta afirma que o presidente Nicolás Maduro “não teve dúvidas” em realizar a troca, ainda que tenham provas contra os detidos na Venezuela. O texto não explica quando eles voltarão para a Venezuela.
Caracas agradeceu também o ex-presidente da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, por ter participado das negociações. O governo venezuelano não explica, no entanto, como foi a participação do ex-mandatário nos diálogos.
Nas redes sociais, a Embaixada dos EUA na Venezuela publicou uma foto dos estadunidenses que já chegaram ao país e disse que eles voltaram para a casa graças ao presidente Donald Trump, o secretário de Estado, Marco Rubio, e o presidente de El Salvador, Nayib Bukele.
Os venezuelanos estavam presos desde fevereiro no Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), um presídio de segurança máxima em El Salvador. Eles foram detidos nos Estados Unidos, como parte da política anti-imigratória de Donald Trump, mas, diferentemente de serem deportados de volta para a Venezuela, eles foram enviados a El Salvador.
Eles foram acusados pela Casa Branca de fazerem parte do grupo criminosos Trem de Aragua. O governo estadunidense, no entanto, não apresentou provas.
Para as deportações dos venezuelanos, Trump usou a Lei de Inimigos Estrangeiros, de 1798. A legislação estabelece que qualquer pessoa que esteja nos Estados Unidos e seja considerada de uma organização terrorista está sujeita a ser deportada como “inimigo estrangeiro”. Esses cidadãos, no entanto, precisam ter mais de 14 anos e não podem ser naturalizados ou residentes permanentes dos EUA.
O republicano afirmou que integrantes do Trem de Aragua invadiram o país e estavam “conduzindo guerras irregulares e tomando ações hostis” com o objetivo de desestabilizar os Estados Unidos. Segundo Trump, o grupo expandiu as operações para os EUA depois da imigração massiva de venezuelanos nos últimos anos.
Em abril, El Salvador propôs trocar 252 presos venezuelanos por 252 presos salvadorenhos, mas a Venezuela rejeitou a proposta. A Suprema Corte dos EUA suspendeu as deportações após um pedido da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês), que processa o governo pelas deportações. A Casa Branca concordou em suspender as deportações, mas pediu o fim da suspensão.
Um tribunal federal impediu o fim do Status de Proteção Temporária (TPS) para 350 mil venezuelanos. Em março, Caracas voltou a receber deportados dos EUA após um acordo com Richard Grenell. Após um desacordo sobre a licença da Chevron, a Venezuela suspendeu as deportações, mas os governos retomaram o acordo posteriormente.
Na semana passada, o governo veenzuelano também denunciou que os Estados Unidos estão com a guarda de 31 crianças que tiveram os pais deportados do país. Alguns deles são filhos justamente de venezuelanos que foram para El Salvador.
Idas e voltas
Caracas parou de receber deportados em fevereiro, depois que a Casa Branca anunciou que não renovaria a licença que permitia que a petroleira estadunidense Chevron atuasse na Venezuela. O governo venezuelano, no entanto, voltou a receber os deportados em março. A medida foi firmada em reunião com o enviado especial estadunidense, Richard Grenell.
A decisão veio na esteira de um descompasso entre Caracas e Washington. Os dois governos anunciaram no começo de fevereiro um acordo para as deportações. Grenell viajou à Venezuela e foi recebido pelo presidente Nicolás Maduro. O governo venezuelano concordou não só em receber os voos, mas também em buscar os migrantes com um avião da companhia estatal Conviasa. O enviado estadunidense chegou a afirmar que o governo de Trump não quer uma “mudança de regime” para a Venezuela.
Em março, no entanto, a Casa Branca anunciou que não renovaria a licença que permitia que a petroleira estadunidense Chevron atuasse na Venezuela. Em resposta, o governo venezuelano disse que não receberia mais os deportados. Depois dessa troca de declarações, os dois governos chegam agora a um acordo para retomar a deportação de venezuelanos.
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