Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusar o governo mexicano de estar “amedrontado” diante do narcotráfico e afirmar que os cartéis têm um “controle tremendo” sobre o México, a presidente Claudia Sheinbaum respondeu que o ex-mandatário precisa “estar bem informado”.
Além disso, a mandatária reiterou que quem não está fazendo o suficiente para combater o consumo e o tráfico de drogas e armas são os Estados Unidos. “Eles precisam admitir que têm um problema sério com o consumo de drogas”, ressaltou Sheinbaum. “Enquanto os EUA não reconhecerem o quanto a juventude deles está viciada, nada vai mudar. Isso não é só questão da polícia, da Guarda Nacional ou do Exército”.
Durante sua tradicional coletiva matinal, a Mañanera do Povo, nesta quinta-feira (17), a presidente defendeu a política de segurança do seu governo, questionou a abordagem dos EUA diante da crise de dependência química e avisou que não vai aceitar ataques à soberania nacional.
“Como foi que ele disse? Que estamos com medo, que não sei o quê? Claro que não”, afirmou ao ser questionada sobre as declarações do ex-presidente. “Trabalhamos todos os dias para garantir a paz, a segurança do México e também para impedir o tráfico de drogas rumo aos Estados Unidos. Fazemos isso até por uma questão de humanidade”, completou.
A declaração foi uma resposta a Trump, que, ao assinar na quarta-feira (17) a Lei HALT Fentanyl — que endurece as penas para o tráfico dessa substância e seus derivados — voltou a criticar o governo mexicano.
“Hoje somamos mais uma derrota para os narcotraficantes selvagens, os criminosos e os cartéis que dominam o México”, disse Trump ao apresentar a lei. “Não podemos deixar isso acontecer, precisamos agir”, acrescentou. Ele também acusou as autoridades mexicanas de inação e afirmou que “os políticos estão controlados pelos cartéis”.
Diante dessas acusações, Sheinbaum respondeu que, segundo a própria Agência de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE), houve uma redução de 50% no tráfico de fentanil na fronteira.
“Isso é resultado das ações que estamos tomando. Não são palavras, são fatos”, destacou, ressaltando que os resultados obtidos ao sul do Rio Bravo contrastam com os do país vizinho.
Ela também anunciou uma redução de 25% nos assassinatos no país desde que assumiu a presidência. “Temos trabalhado muito na redução dos homicídios, na apreensão de drogas, e a Secretaria de Segurança e Proteção Cidadã, junto com a Marinha e a Cofepris, está supervisionando rigorosamente o controle dos precursores químicos”, explicou.
Puxão de orelha
Para a presidente Claudia Sheinbaum, a responsabilidade no combate ao tráfico de drogas e armas na fronteira é dos dois países e, para ela, os EUA não estão cumprindo a sua parte. Um dos exemplos específicos citados foi o fentanil, tipo de opioide de consumo massivo nos EUA, e que tem causado uma onda de overdose, principalmente entre os mais jovens.
“Quantos presos relacionados ao tráfico de fentanil ou ao tráfico de armas para o México vocês já viram nos Estados Unidos?”, questionou.
Ela destacou que o verdadeiro problema dos EUA é uma crise de saúde pública, causada pelo abandono das políticas de prevenção e tratamento de dependência química.
Respondendo às acusações de “falta de coragem” feitas por Trump contra o governo mexicano, Sheinbaum afirmou que rejeita qualquer comparação e que tem coragem de manter seus princípios. “Não somos iguais”, disparou.
A presidente mexicana afirmou que sua gestão age com transparência e que essa característica falta ao país vizinho. “Aqui mostramos quantas pessoas foram presas, as apreensões de pílulas de fentanil e também de metanfetamina que passam pela fronteira”.
Ela também lembrou que muitas das medidas da Lei HALT Fentanyl — que foi aprovada recentemente nos EUA — já estão valendo no México. “Isso já fizemos no México. Estamos bem avançados nisso. Há tempos nos adiantamos para aplicar punições para quem produz, trafica ou vende fentanil”, afirmou.
Para concluir, Sheinbaum afirmou que o governo está produzindo um relatório para enviar ao Congresso dos EUA, talvez em vídeo, para mostrar o que o México tem feito para garantir a segurança e barrar a passagem de drogas na fronteira.
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