
*Artigo escrito por Ana Cláudia Simões Carvalho, mestre em políticas públicas e CEO da Ativo Consultoria
Diariamente, somos confrontados com notícias sobre violência contra a mulher. Relatos de agressões domésticas, físicas, psicológicas e feminicídios enchem a mídia, muitas vezes acompanhados de debates ineficazes sobre as raízes e consequências desse problema.
No Espírito Santo, sabemos que essa é uma questão antiga, com raízes históricas e estruturais profundas, que infelizmente persiste como um desafio para toda a nossa sociedade.
As perguntas que surgem são: por que ainda não encontramos uma solução definitiva para a violência doméstica? E por que tantas mulheres não percebem que uma relação tóxica é o gatilho para diferentes tipos de violência?
O problema chegou a um ponto em que, para muitas, a violência só é identificada quando se torna agressão física. Essa repetição sem uma resposta efetiva nos leva à banalização de um cenário gravíssimo, mantendo as mulheres em um estágio crítico de submissão.
Preocupa-nos a perigosa aceitação ou normalização do problema, com vítimas inconscientemente classificando suas agressões por níveis, e aceitando comportamentos abusivos por parecerem menos letais fisicamente.
Diante desse cenário alarmante, fica clara a importância da implantação de ferramentas que realmente revertam o problema, como a busca ativa de potenciais vítimas.
Essa estratégia, seja por meio de políticas públicas ou projetos sociais privados, consiste em mapear territórios e perfis de risco, e em desenvolver planos de ação e metodologias para abordar essas mulheres antes que o pior aconteça: o feminicídio.
Busca ativa deve ser conduzida por equipe experiente
A busca ativa deve ser conduzida por uma equipe multidisciplinar experiente, garantindo o engajamento necessário para empoderar as vítimas e conscientizá-las sobre como romper o ciclo de violência.
Somente com um diagnóstico territorial preciso e a oferta de ajuda em domicílio podemos construir uma estratégia que, de fato, contribua para a salvaguarda de vidas.
É imperativo que, mais do que apenas oferecer canais de denúncia, passemos a ir ativamente atrás de quem precisa de ajuda. A vida delas não pode esperar.
