Um dos criminosos alvo da Operação Marujada, identificado como Afonso dos Santos Teixeira, conhecido como “Capitão” ou “Barriguinha”, planejava usar um drone para jogar objetos na área de presídio de segurança máxima em Viana.
As informações do esquema criminoso, planejado por Afonso, foram repassadas pela Polícia Civil na sexta-feira (18). Ele é um dos aliados do traficante Fernando Moraes Pereira Pimenta, o Marujo.
Os aliados de Marujo foram alvo da operação realizada no dia 25 abril nos municípios de Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica e Viana. Nas ações foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão e oito mandados de prisão contra faccionados do Primeiro Comando de Vitória (PCV).
Os criminosos se utilizam de diversos artifícios para manter a influência no mundo do tráfico, entre eles a tecnologia. O delegado Alan Moreno de Andrade, do Centro de Inteligência e Análise Telemática (Ciat), explica como Afonso planejou usar o drone.
O Afonso é um cara das antigas. Ele tinha a missão de jogar, na época a gente não conseguiu definir se era celular, droga ou catuque dentro da Máxima II.
O delegado também revela a existência de conversas dele com Marujo, em que pergunta onde era para jogar os itens.
“Qual missão ele tinha? Ele tinha que jogar as coisas. Não conseguimos definir na época da investigação se era um celular, droga ou qualquer outra coisa dentro da Máxima II. Aí tem essa conversa com o Fernando, em que ele mira e pergunta: ‘Chefe, é para cá que tenho que jogar, certo?’”, disse.
Rede de apoio de Marujo
O delegado Alan Moreno de Andrade descreve que os suspeitos que estão ligados a Marujo fazem parte da rede de apoio que ele precisava para permanecer sete anos foragido.
“Eles são intimamente ligados ao Fernando, é aquela rede de apoio que ele possuía para ficar sete anos foragido. Percebemos ser impossível a pessoa ficar como o mais procurado de todos os crimes perpetrados pelo Primeiro Comando de Vitória sem um apoio, sem logística que o abastecia com o que era necessário”.
Foi identificado que a rede extensa de apoio contava com amigos, familiares e até um advogado. Por meio de bilhetes, conhecidos como “catuques”, informações importantes eram repassadas para Marujo e outras lideranças que estavam presas.
“Geralmente, eles são por meio de guardanapos, pequenos papéis ou até mesmo por embalagens de alimentos que vão adentrar o presídio. Eles aproveitam para escrever bilhetes para trazer informações do lado de fora e receber as ordens dos indivíduos que estão no CDP”.
Quem são os criminosos ligados a Marujo
Gustavo Bueno Veloso de Oliveira – “GVT”
Gustavo Bueno Veloso de Oliveira, vulgo “GTV”, de 32 anos, que está preso, é um dos expoentes do PCV e conhecido como parceiro de “Marujo” na tomada de territórios para o tráfico.
Ele apoiou, com armas e munições, a tomada do tráfico de drogas do bairro Canaã, em Viana.
Felipe Dias do Espírito Santo – “B2”
Felipe Dias do Espírito Santo, de 22 anos, está preso. Ele é o principal interlocutor de “Marujo” com alta posição hierárquica e envolvimento a ataques a facções rivais.
Felipe já havia sido preso anteriormente em uma operação do Centro de Inteligência e Análise Telemática (Ciat).
Lutieley Costa Elesbão – “PK ou Frango”
Lutieley, de 37 anos, que está foragido do sistema prisional, possui a função de auxiliar “Marujo” na tomada de decisões e na gestão dos pontos de venda de drogas, transmitindo “catuques”.
Atualmente ele está foragido do sistema prisional desde novembro de 2021 e é uma das principais lideranças do Primeiro Comando de Vitória (PCV).
Afonso dos Santos Teixeira – “Capitão ou Barriguinha”
Afonso, de 36 anos, está preso. Ele integra o grupo que planejou sobrevoo com drone sobre os Presídios de Segurança Máxima I e II, possivelmente para introduzir ilícitos e ou aparelhos telefônicos.
Jean Finamore Bento – “Boca de Lata”
A prisão Jean Finamore Bento foi considerada um dos destaques durante a Operação Marujada. Após a prisão de Marujo, alguns indivíduos que estavam escondidos no Rio de Janeiro, foram convocados a retornar ao Espírito Santo para auxiliarem a facção.
A missão de Jean era, em um primeiro momento, efetuar a tomada de controle do tráfico de
drogas no bairro Conquista em Vitória.
Ederson Paiva Facini – Advogado
Ederson Paiva Facini, de 41 anos, é um advogado que usava as prerrogativas profissionais para transmitir ordens de líderes da facção a presos, usando os “catuques”.
O advogado usava das prerrogativas profissionais para transmitir ordens de líderes da facção a presos. Ele está preso por meio de um mandado de prisão expedido em outro processo.
Os “catuques” são a principal forma de contato dos faccionados que estão inseridos no Sistema Penitenciário capixaba com o mundo externo.
Quem são os outros presos na operação?
Rafael Henrique Alvarenga Oliveira: está preso. Organizava os ataques aos traficantes rivais e prestar contas a Marujo das decisões que estavam sendo tomadas.
Jefferson Silva Moreira, vulgo “Jacararé”: é olheiro para que outros integrantes do Primeiro Comando de Vitória (PCV) deem ataques aos traficantes rivais.
Davi Couto Santos Paranhos, vulgo “Chokito”: está com mandado de prisão. É um dos principais gerentes do tráfico de drogas ligados a Marujo.
Rosthan Corona de Oliveira: um dos principais gerentes do tráfico de drogas ligados a Marujo.
Ezequiel Lomeu de Andrade, vulgo “PK ou Frango”: controlava o tráfico de drogas para Fernando e fazia a contabilidade do que tinha sido vendido em uma das bocas de fumo de Marujo.
Kelvyn Correa dos Santos, vulgo “Kelve”: controlava o tráfico de drogas para Marujo e fazia a contabilidade do que tinha sido vendido em uma das bocas de fumo do traficante.
Renato de Souza: está preso. Ele controlava o tráfico de drogas para Fernando e fazia a contabilidade do que tinha sido vendido em uma das bocas de fumo de Marujo.
Marco Venâncio Arariba: de 23 anos e é integrante do PCV.
Vinicius Rodrigues Santos, vulgo “Bizerrinho” ou “Patchola”: possui 22 anos, é integrante do PCV e está com um mandado de prisão em aberto.
Anderson Pinheiro Cardoso, vulgo como “Ferrugem, Poi ou V1”: ele está foragido. Anderson informa a divisão de drogas a gerentes, faz a contabilidade do tráfico e participa de ataques a facções rivais.
Kaio dos Santos, vulgo como “Calopsita”: ele está foragido. Kaio é parceiro de Anderson Pinheiro Cardoso, chegou a receber dinheiro como recompensa por um ataque a rivais.
Lázaro Silva Muniz, conhecido como “Popeye”: ele está preso. Possuía a função de repassar a Marujo a contabilidade do tráfico, tanto de cocaína quando do crack.
Adriano Sousa Soares, conhecido como “Chamusca 777”: é denunciado como olheiro do tráfico.
Rodrigo Oliveira Borges: é denunciado como olheiro do tráfico.
*Com informações da repórter Suellen Araújo, da TV Vitória
