Com o lema “Para o Brasil alimentar, Reforma Agrária Popular”, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realiza ao longo desta semana uma série de mobilizações em todo o país, com diversas atividades também na Bahia. As iniciativas compõem a Semana Camponesa, um calendário de ações e diálogo com a sociedade e poder público sobre a urgência da reforma agrária como caminho para o combate à fome e para o fortalecimento da agricultura familiar.
Em Salvador, onde foram iniciadas as atividades, a direção estadual do movimento realizou uma rodada de reuniões com o Governo da Bahia, onde foram retomadas demandas apresentadas ao Executivo em abril deste ano. O MST avalia que a pauta da reforma agrária segue travada em diferentes regiões, o que envolve desde a regularização de famílias acampadas até ameaças de despejo.
Na região Norte, militantes se mobilizaram nos municípios de Juazeiro e Petrolina (PE), em diálogo com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), denunciando o descumprimento de um acordo firmado em 2008 para o assentamento de mil famílias no Perímetro Irrigado Nilo Coelho.

Já no Extremo Sul da Bahia, as mobilizações denunciam a paralisação das negociações iniciadas ainda em 2011 com as multinacionais papeleiras da região. No território onde áreas foram destinadas para a reforma agrária, as famílias continuam sem assistência, além de lidarem com conflitos fundiários em regiões vinculadas à Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e à Superintendência do Patrimônio da União (SPU), onde centenas de famílias seguem ameaçadas de despejo.
Para Evanildo Costa, da direção nacional do MST, a frustração com o governo federal cresce diante da lentidão e fragilidade das negociações.
“Temos pautas desde o segundo governo Lula que acreditávamos que seriam resolvidas agora, no terceiro mandato. Mas a equipe atual tem se mostrado ineficiente. As negociações com papeleiras no Extremo Sul estão paradas, as áreas do perímetro irrigado seguem sem avanço desde 2008, e a própria Ceplac tem desconsiderado acordos firmados anteriormente. Enquanto isso, as famílias seguem sob ameaça”, salienta.
Semana Camponesa
A Semana Camponesa é uma jornada nacional organizada pelo MST com mobilizações em dezenas de cidades brasileiras. O movimento cobra do governo federal medidas concretas para avançar na luta pela terra, como a atualização dos índices de produtividade, o assentamento das famílias acampadas, a recomposição orçamentária dos programas de apoio à agricultura familiar e a revogação de medidas que facilitam a mineração e a grilagem de terras em áreas da reforma agrária.
O MST defende que “investir na reforma agrária e na agricultura familiar é uma ação concreta de combate à fome e promoção da soberania alimentar no Brasil”. Nesse sentido, “a Semana Camponesa é uma expressão viva da disposição de luta do povo sem terra em defesa da terra, da dignidade e da justiça social”.
A série de mobilizações também se insere nas lutas simbólicas do mês de julho. Na próxima sexta-feira (25), é celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, data que reverencia a luta das mulheres negras contra o racismo e o patriarcado. A jornada também homenageia Tereza de Benguela, mulher negra e líder quilombola, símbolo da resistência e da luta pela liberdade. Nesta data se celebra também o Dia Internacional da Agricultura Familiar, reconhecendo o papel crucial dos agricultores na produção de alimentos e na economia.
O post Semana Camponesa mobiliza sem terras na Bahia em defesa da Reforma Agrária Popular apareceu primeiro em Brasil de Fato.