Risco invisível: a ameaça biológica que pode vir de Marte

Risco invisível: a ameaça biológica que poderia vir de Marte

A ideia de trazer um pedaço de Marte para a Terra parece saída da ficção científica. Mas esse é um plano real e ambicioso de agências espaciais. Contudo, uma voz experiente soa um alarme: o astrobiólogo Barry DiGregorio acredita que estamos subestimando um perigo colossal.

Para ele, as amostras marcianas podem carregar microorganismos alienígenas capazes de desencadear uma crise de saúde global, potencialmente mais devastadora que a pandemia de COVID-19.

Por que esse medo? DiGregorio aponta para a natureza radicalmente diferente que qualquer forma de vida em Marte teria que ter. O planeta é um ambiente brutal: atmosfera finíssima, temperaturas que mergulham abaixo de -100 graus Celsius, níveis de radiação solar extremamente altos e solo rico em percloratos tóxicos.

Se algo sobreviveu nessas condições, certamente não se parece com nada que conhecemos na Terra. Nosso sistema imunológico, moldado por bilhões de anos de evolução contra patógenos terrestres, estaria completamente despreparado. Seria como enfrentar um invasor de outro universo biológico.

O perigo, alerta DiGregorio, não se limita à chegada das amostras na Terra. Ele teme profundamente pelas vidas dos próprios astronautas em futuras missões tripuladas. A exposição direta a esses hipotéticos microorganismos marcianos na superfície do planeta ou dentro de habitats poderia ser letal. Morrer em outro mundo por algo invisível é um cenário sombrio que exige precaução máxima.

Esta preocupação não surge do nada. Ela ecoa um antigo debate científico. Em 1976, as sondas Viking da NASA realizaram experimentos pioneiros em Marte. Um deles, liderado pelo engenheiro Gilbert Levin, produziu resultados que ele, até o fim de sua vida, defendeu como evidência de metabolismo microbiano ativo no solo marciano. Na época, a NASA descartou a interpretação, atribuindo o sinal a reações químicas não biológicas.

DiGregorio, entre outros cientistas, acredita que os dados da Viking foram mais significativos do que admitido e que a possibilidade de vida microbiana em Marte nunca foi adequadamente descartada.

Diante desse histórico e das incógnitas, DiGregorio é enfático: trazer material marciano diretamente para a biosfera terrestre é um risco inaceitável sem garantias absolutas de segurança. Ele propõe uma abordagem mais cautelosa: realizar uma análise biológica profunda *no próprio Marte*, antes de qualquer retorno. Repetir e ampliar experimentos como o da Viking com tecnologia moderna, diretamente no solo marciano, seria crucial não só para buscar respostas sobre a existência de vida, mas principalmente para avaliar a natureza e o perigo potencial desses organismos.

Este alerta sobre risco biológico surge enquanto a NASA avança com planos concretos para enviar humanos a Marte, possivelmente na década de 2040. A jornada já é repleta de desafios imensos. Astronautas enfrentariam meses de viagem sob intensa radiação cósmica, conhecida por aumentar significativamente o risco de câncer e causar danos severos às células. Problemas de saúde já observados em estadias prolongadas na Estação Espacial Internacional, como a deterioração da visão – afetando mais de 70% dos tripulantes de longa duração –, seriam amplificados em uma missão marciana.

Adicionar a ameaça potencial de patógenos marcianos desconhecidos a essa equação complexa eleva o nível de risco a um patamar sem precedentes. DiGregorio insiste que a exploração de Marte, seja robótica ou humana, deve ser conduzida com extrema prudência. Protocolos de contenção biológica de última geração, capazes de isolar completamente qualquer amostra ou indivíduo potencialmente exposto, não são um luxo, mas uma necessidade absoluta. O fascínio pelo planeta vermelho é enorme, mas o preço da descoberta não pode ser uma catástrofe para a vida na Terra.

Esse Risco invisível: a ameaça biológica que pode vir de Marte foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.

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