
Pesquisa da FGV analisa regiões mais afetadas pelo tarifaço
Três contêineres de mel serão exportados para os Estados Unidos entre esta sexta (1º) e a terça-feira (5) pela Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis), localizada em Picos, cidade a 314 km de Teresina. Para o presidente Sitônio Dantas, o adiamento do tarifaço de 50% sob produtos brasileiros foi positivo para o setor.
“Vai ter um embarque nesta sexta (1º) e, de segunda para terça-feira (5), mais dois. Por questão de contrato, o cliente americano que vai pagar essa taxa de 50%. O orgânico está custando 3 mil dólares por tonelada, o primeiro embarque é ‘por conta’, mas os outros dois eles [importadores] vão pagar”, disse.
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O presidente prevê que, com o tarifaço de Trump, cresça o mercado interno para o mel. Os exportadores, além disso, já procuram clientes em outros países, como no continente europeu.
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“Por enquanto o dólar está estável, mas se o dólar cai, o produtor sai perdendo. Durante esses próximos meses, esse tarifaço vai cair – ou então vai inviabilizar o comércio com os Estados Unidos”, adicionou.
Embarques de exportação de mel piauiense avançam diante do adiamento do tarifaço
Paulo Roberto/TV Clube
Apicultor adia colheita
O apicultor José Claro de Sousa migrou, na terça-feira (29), mais de 600 enxames do Piauí para o Maranhão, na esperança de continuar a produção de mel e fugir da seca. Ele, porém, ainda não tem previsão para colher o produto, devido à queda no preço após o anúncio do tarifaço de Trump.
“Todo ano fazemos isso para ter produção o ano inteiro e manter os enxames. Com o tarifaço, está complicado porque a gente precisa pensar não só na boa colheita mas em um bom preço. Então vai complicar muito”, declarou.
O produtor rural afirmou que antes não havia receio devido à exportação. “Hoje é uma preocupação. Antes, 90% do nosso mel fluía no mercado norte-americano e hoje com esse problema a gente não sabe como vai ficar”, afirmou.
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O mercado interno também é uma preocupação, segundo o apicultor. Ele afirmou que o preço normal do mel é cerca de R$ 18,50 o quilo e que estão começando a comprar a R$ 15,00.
A colheita deveria iniciar entre os dias 5 e 10 de agosto. Contudo, José optou por adiar, por cerca de 15 dias, para esperar o preço melhorar e na esperança de que a taxação de Trump não se concretize.
“Estou muito apreensivo, preocupado, torcendo para não se efetivar [o tarifaço]. Quanto ao preço aqui, se baixar mais ficará inviável”, lamentou.
‘Hoje o grande problema é a incerteza’
Segundo o empresário e principal exportador de mel do Brasil através do Grupo Sama, Samuel Araújo, os Estados Unidos compram cerca de 75% do produto exportado para o exterior.
“Houve cancelamento de embarque, mas não cancelamento de contrato, porque eles precisam do mel de qualquer forma. Hoje o grande problema que a gente tem é a incerteza. Nós temos uma responsabilidade com nossos colaboradores, com os nossos clientes, com a nossa cadeia de fornecimento, porque nós somos fornecidos por pessoas da agricultura familiar, são quase 85% de toda a fonte do mel”, afirmou Samuel.
Atualmente, os Estados Unidos consomem cerca de 80% do mel produzido no Brasil. Em 2024, o Piauí liderou o ranking brasileiro de exportação do produto para o país. O tarifaço de Trump, anunciado na quarta-feira (9), no entanto, causou o cancelamento imediato de grandes encomendas.
Caso efetivada, a tarifa de 50% sobre exportações brasileiras entrará em vigor na quarta-feira (6). A medida deve afetar diretamente mais de 12 mil famílias de micro e pequenos apicultores piauienses.
Impacto econômico da tarifa para o setor
O tarifaço de Trump, anunciado em 9 de julho, causou o cancelamento imediato de grandes encomendas de mel orgânico brasileiro destinadas ao mercado norte-americano. 152 toneladas do produto deixaram de ser exportadas para os Estados Unidos. Apesar do impasse relacionado às datas de embarque, os contratos com os clientes não foram cancelados.
“O Piauí é o 22º estado em exportações gerais para os EUA. Mesmo assim, tem uma relação muito forte. Em torno de 85% da nossa exportação de mel vai para o mercado americano”, aponta o gestor corporativo da Área Internacional e Mercado da Federações das Indústrias do Piauí (Fiepi), Islano Marques.
*Eduarda Barradas, estagiária sob supervisão de Ilanna Serena.
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