
Um dos pontos mais coloridos do campus de Goiabeiras e parte da memória afetiva da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o mosaico criado pelo artista plástico Raphael Samú, está passando por um processo de restauração devido ao desgaste da obra. A expectativa é que ele fique pronto no primeiro semestre de 2026.
O painel de 168 metros, que recebe estudantes e servidores na entrada do campus desde 1977, retrata a evolução científica e o cotidiano da Ufes, traduzidos em ícones culturais da época, como as histórias em quadrinhos do personagem Flash Gordon.
A obra sofreu com o desgaste natural do tempo, causado pela exposição às condições climáticas e às intervenções urbanas próximas ao local, o que levou à necessidade de revitalização.
O projeto de restauração começou a ser desenvolvido em 2019, com coordenação da Secretaria de Cultura (Secult) da Ufes, mas precisou ser interrompido durante a pandemia da covid-19 e só foi retomado em 2023.
Segundo o reitor da Ufes, Eustáquio de Castro, o mosaico faz parte não só da identidade visual da universidade, como também da paisagem capixaba.
É uma obra bastante aguardada pela comunidade. Em breve teremos o painel, que, na verdade, é a identidade visual da Ufes, totalmente restaurado. É um grande presente para a cidade de Vitória.
O projeto começou com um investimento de R$ 400.000, fruto de uma emenda parlamentar do senador Fabiano Contarato (PT), apoiado pela bancada capixaba na Câmara dos Deputados.
Nesta fase inicial, de estudos e diagnóstico, a obra mobiliza cerca de 15 pessoas, incluindo o engenheiro e professor aposentado da Ufes Carlos Augusto Nogueira da Gama e o engenheiro Jaime Veiga, consultores do projeto.
Quem foi Raphael Samú

Raphael Samú se tornou mundialmente conhecido por suas obras e desenvolveu uma relação longa com a Ufes, onde lecionou por três décadas no Centro de Artes (CAr). Ele foi casado com a também professora aposentada da universidade Jerusa Gueiros Samú e faleceu aos 92 anos, em 2022.
Seu neto, o arquiteto Lucas Samú, participará do restauro da sua obra mais significativa dentro dos portos da Ufes. Além disso, a comunidade também estará envolvida na execução do projeto, segundo o secretário de Cultura da Ufes, Rogério Borges.
“A criação do painel contou com a participação da comunidade interna, servidores, docentes e estudantes, e seguiremos com essa participação nesse processo atual. A Secult vai realizar um seminário sobre a obra do Samú no mês de setembro, na Galeria de Arte Espaço Universitário (Gaeu), e pretendemos, também, quando concluirmos a obra, publicar um catálogo sobre a restauração”, afirma Borges.
Samú foi professor de Celso Adolfo, responsável pela restauração, durante sua graduação em Artes Plásticas. Conforme o artista, Samú o influenciou muito antes do seu ingresso no campus, através das suas obras espalhadas pela cidade e, depois, como uma espécie de orientador.
Ele ainda ressalta que mosaicistas de todo o mundo ficam admirados com a obra de Samú.
“Ele passou a me indicar como restaurador da obra dele. Conversávamos sobre cores, formas, tudo. Ele era um desenhista enorme, que conseguia traduzir uma arte muralista muito bonita em pecinhas quadradas de 2×2. Era um mestre”, disse Celso.