
O deputado estadual Hudson Leal (Republicanos) está decidido: após sete anos, não irá disputar a reeleição em 2026 pelo seu atual partido. As malas já estão prontas e na próxima janela partidária – em março do ano que vem – ele pretende deixar o Republicanos.
O motivo? Divergências profundas sobre filiações, alianças e projetos do partido para o ano que vem, além de uma rejeição aberta ao prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, pré-candidato ao governo do Estado pelo Republicanos.
A aversão é tanta, que o deputado cita o prefeito como um dos principais motivos de sua saída da legenda. O rompimento com o correligionário teria ocorrido durante a campanha de 2022.
Ele conta que organizou, junto a um empresário, um café político com apoiadores. O anfitrião também convidou Pazolini.
“Só que quando Pazolini soube que eu iria, me mandou mensagem dizendo para eu não ir, porque ele estava apoiando outro candidato a deputado do Republicanos. Ele me tirou de uma reunião política. Não conversamos mais depois disso. Tenho ombridade”, justificou Hudson.
De lá para cá, a distância entre os dois só aumentou. Pazolini ganhou força no comando do Republicanos, enquanto Hudson acumulava insatisfações, inclusive com as filiações do vereador de Vitória Davi Esmael e do deputado estadual Pablo Muribeca – outro desafeto político.
No ano passado, Hudson – que é médico, assim como a filha –, chegou a denunciar as ações de Muribeca realizadas em unidades de saúde da Serra.
Opositor ferrenho ao grupo de Vidigal e à atual gestão no município, Muribeca tinha como uma de suas principais ações do mandato realizar “blitz” de fiscalização em UPAs e postos de saúde o que, muitas vezes, terminava em confusão, com profissionais da saúde virando alvo da hostilidade da população.
Hudson não apoiou a candidatura de Muribeca a prefeito da Serra no ano passado. Pelo contrário, foi oposição, mesmo sendo do mesmo partido.
Vou esperar a janela, mas se quiserem me expulsar, podem me expulsar. Eu não fico no partido, com todo o respeito que eu tenho ao Erick (Musso, presidente estadual do Republicanos), mas a relação de confiança foi quebrada”, disse Hudson.
Apoio a Ricardo Ferraço
A saída de Hudson do Republicanos também tem outros motivos. Da base aliada do governador Renato Casagrande (PSB), ele não concorda com o projeto do partido de estar na oposição e apoiar o nome de Pazolini ao governo do Estado.
Ele já tem declarado, publicamente, seu alinhamento com relação às eleições do ano que vem: “Sou Renato para senador e Ricardo para governador. Tenho lado”.
Nos bastidores, a postura do deputado também estaria causando constrangimento no partido que, hoje, lidera um bloco de oposição para fazer frente ao grupo de Casagrande no ano que vem. O bloco conta também com o Novo e o PSD.
Além da aliança para 2026, Hudson também estaria por trás da debandada de alguns prefeitos do Republicanos – a sigla elegeu oito nomes no ano passado, mas três pediram a desfiliação.

Chapa pesada
Outro ponto que pesa na decisão de Hudson é a chapa para disputar a Assembleia no ano que vem.
Hoje, o partido tem cinco deputados estaduais – Hudson, Muribeca, Bispo Alves, Sergio Meneguelli e Alcântaro Filho – e é certo que ao menos quatro vão disputar a reeleição, além de outros nomes que estão se filiando ou ainda migrarão para a legenda.
Quem está decidido a não disputar a reeleição é justamente quem foi o puxador de votos no pleito passado. Meneguelli, que foi o deputado mais votado da história com 138.523 votos, quer concorrer ao Senado. Inclusive, pode até trocar de legenda para colocar o projeto em prática.
Sem Meneguelli na disputa, os deputados terão de conquistar muito mais votos para garantir a eleição e preservar o atual número de cadeiras. Hudson já fez esse cálculo e concluiu que o cenário não lhe é favorável.
“A chapa de estadual está muito pesada, não tenho chance de ganhar a eleição lá. Quem bater 20 mil votos, como eu fiz na eleição passada, vai ficar de fora. Não vai ter chance”, disse Hudson.
Questionado sobre qual será seu abrigo partidário após deixar o Republicanos, Hudson fez mistério, mas disse que já está atuando na construção de uma chapa num partido menor.
“Vou para um partido que só tenha eu com mandato. Vou montar a chapa. Será um partido pequeno, de perfil de centro-direita. Estou conversando com vários partidos”, afirmou. Nos bastidores, a aposta é que ele vá para o Agir.
Pazolini e Erick foram procurados, mas não se manifestaram até o fechamento da coluna.
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