Bope faz operação contra Liga dos Camponeses Pobres; uma pessoa morreu, diz PM

O comandante-geral da Polícia Militar de Rondônia, coronel Braguin, informou pelas redes sociais que o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) realizou uma operação nesta sexta-feira (8) contra a Liga dos Camponeses Pobres (LCP), em Machadinho D’Oeste (RO). Um homem morreu durante a ação.
🔍A Liga dos Camponeses Pobres (LCP) é um movimento de trabalhadores rurais que defende a divisão de grandes propriedades improdutivas entre famílias pobres que vivem da agricultura.
Segundo o coronel Braguin, o local da operação seria o “quartel-general” de um grupo armado. Ele afirmou que foram apreendidas armas e munições durante a ação.
Já a Associação Brasileira dos Advogados do Povo (ABAP), que atua na defesa dos direitos dos camponeses, denunciou a operação. Segundo a entidade, a ação foi realizada sem justificativa clara e teria como objetivo intimidar as famílias que vivem na área.
“Tropas do Bope realizaram voos rasantes com helicópteros e efetuaram diversos disparos de arma de fogo na região, aterrorizando as famílias que vivem e trabalham na terra. Foi assassinado um camponês pela Polícia Militar fato confirmado pelo próprio comandante do órgão”, consta na nota.
A nota pede a retirada imediata da polícia da área, proteção para os camponeses, punição dos responsáveis pela ação e um posicionamento público do presidente da República e de outras autoridades.
“Informamos que a ação continua em curso e que os números de mortos podem aumentar não apenas do que já foram atingidos, mas também os que podem ser, caso esta ação ilegal e desmedida não seja interrompida”, argumentam.
Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), houve muitos disparos na região. Uma jovem grávida teria entrado em trabalho de parto e apresentado complicações após o início da operação.
O acampamento continua cercado por policiais. O comandante-geral informou que suspeitos fugiram para a mata e estão sendo procurados.
O g1 entrou em contato com a PM questionando sobre a denúncia de ação truculenta, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Confira a nota da CPT:
A CPT RO reafirma que a perpetuação da violência no campo em Rondônia decorre, além das questões estruturais, dos desastres operacionais criminosos que há 30 anos causou o massacre de Corumbiara e até hoje segue derramando sangue, lágrimas e causando traumas e dores ao tempo de milhares de hectares de terras públicas seguem sendo griladas. Sem reforma agrária essa vergonha vai seguir.
*Reportagem em atualização
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