Saúde! Um viva à vida

Arte Mais Estatueta de mármore originária das ilhas Cíclades
Estatueta de mármore originária das ilhas Cíclades, na Grécia. Realizada, provavelmente, na Idade do Bronze, entre 3200 a.C. e 1050 a.C. um bom exemplo da Arte Cicládica. Foto: Museu de Arte das Cíclades

Acho essa pequena escultura em pedra o máximo! A imagem, uma estatueta de mármore originária das ilhas Cíclades, na Grécia. Realizada, provavelmente, na Idade do Bronze, entre 3200 a.C. e 1050 a.C. um bom exemplo da Arte Cicládica.

Boa parte das manifestações daquelas ilhas são estatuetas em pequena escala com aparência geométricas e esquemática revelada pela repetição de formas e proporções.

As funções que cumpriam são desconhecidas, embora muitas delas tenham sido encontradas em túmulos, o que revela uma prática funerária, é possível que tenham outras finalidades. A figura aqui mostrada é a representação de um ser humano do gênero masculino.

Ao observar sua expressão corporal, constata-se que está sentado em uma cadeira, numa posição relaxada e descontraída, com um dos braços cruzado sobre o tórax e o outro, dobrado, segurando na mão um copo. A cabeça ereta, levemente inclinada para cima completa a ideia de descontração e relax.

Vários estudiosos já se referiram à imagem como “bebedor”, “copeiro”, “portador de taça”, muitos concordam que ela se diferencia de um certo “padrão” de esculturas típicas do período neolítico produzidas com finalidades votivas, ou seja, destinadas aos ritos e cultos destinados aos deuses e monarcas, como a silhueta da imagem, desfocada, ao fundo da cena cuja aparência é rígida, ereta e estática.

Simplicidade e singeleza

O que a diferencia das demais é justamente a atitude que revela: um gesto, uma ação que pode ser interpretada como uma saudação ou brinde, algo atípico para as figuras realizadas na região naquele período.

Consideram, inclusive, que é uma das primeiras a introduzir a gestualidade que vai se expandir por meio de outras representações como de acrobatas em exibição, músicos operando seus instrumentos e pessoas em situações cotidianas.

O que chama a atenção para a escultura é a simplicidade e a singeleza revelada pelo que parece ser alguém “de bem com a vida”. Ao revelar uma atitude herética, se afasta dos rituais funerários e próxima do laico, do popular e comezinho. Esta interpretação não requer muita reflexão ou investigação para entender o que um simples olhar, revela.

Esta é a versão que me parece mais adequada: uma imagem que representa o cotidiano, o dia a dia, os hábitos e costumes populares afastados do cerimonialismo e dos supostos requintes e intencionalidades elitistas atribuídas a obras que, ao fim e ao cabo, nada mais são do que atos de interação e compartilhamento.

Então: Saúde! Um brinde à vida…

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