Jovem é vítima de injúria racial após ser demitido de restaurante em Vitória

Denety Will, vítima de injúria racial (Foto/reprodução: TV Vitória)
Denety Will, vítima de injúria racial (Foto/reprodução: TV Vitória)

Um jovem universitário foi vítima de injúria racial em Vitória, na quinta-feira (8), após ser ofendido pela proprietária do restaurante onde trabalhava como garçom. O caso aconteceu na calçada do estabelecimento, logo após o rapaz assinar a rescisão do contrato de trabalho.

Dennett Will, estudante de Enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), contou que estava apenas conversando com um amigo na frente do local quando a mulher começou a proferir ofensas racistas. Uma das falas, registrada em vídeo, mostra a autora dizendo: “Vou te dar um soco, seu preto safado.”

Em entrevista ao repórter Caio Dias da TV Vitória/Record, Dennett contou que a situação foi inesperada e dolorosa.

Eu fiquei sem reação, porque não acreditei que aquilo estava acontecendo. Não havia motivo. Eu só estava na calçada, conversando com alguém. Senti angústia, raiva, desprezo.

Dennett Will

O jovem registrou a ocorrência na delegacia assim que deixou o local. Apesar da gravidade do episódio, o caso não entra oficialmente para estatísticas estaduais, já que o Espírito Santo ainda não possui uma base de dados consolidada sobre crimes de injúria racial.

Para o advogado criminalista e professor de Direito Penal, Rivelino Amaral, a falta de números dificulta a criação de políticas públicas voltadas ao combate do racismo.

O Código Penal é de 1940, e o comportamento da sociedade mudou muito. Os dados são essenciais para propor mudanças na lei, como aumento de pena ou novas tipificações.

Rivelino Amaral

O professor também esclareceu a diferença entre os crimes de injúria racial e racismo. “A injúria racial atinge uma pessoa específica, é um ataque direto. Já o racismo atinge um grupo indeterminado, como impedir pessoas negras de usarem um elevador. Ambos os crimes têm penas semelhantes, que podem chegar a cinco anos de reclusão.”

Casos de injúria racial devem ser denunciados por meio de boletim de ocorrência em qualquer delegacia. Em situações de flagrante ou emergência, a Polícia Militar pode ser acionada pelo telefone 190.

Mesmo com o trauma, Dennett segue esperançoso por dias melhores. “Eu sou uma pessoa preta. E, infelizmente, ainda tem gente que se incomoda com a nossa cor. Isso é só melanina. Não faz sentido que ainda existam atitudes como essa.”

*Com informações do repórter Caio Dias da TV Vitória/Record

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