
Dark Horse acelera de 0 a 100 km/h em 3,7 segundos
Divulgação | Ford
Ao tocar na maçaneta, a atmosfera se transforma. Apertar o botão vermelho de liga-desliga no painel é o mesmo que cutucar um felino com vara curta: o bicho desperta com raiva.
Na dianteira, o motor V8 ruge como um leão faminto. Da traseira, o escape fala alto e grave, deixando clara e a indiscreta litragem do motor 5.0. Um toque no acelerador e a carroceria treme de vontade de arrancar.
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Esse é o novo Mustang Dark Horse, a unidade de produção em série mais potente da história do muscle car americano que acaba de chegar às lojas da Ford por R$ 649 mil. O carro entrega 507 cv de potência e 58 kgfm de torque. A prova dos 0 a 100 km/h leva 3,7 segundos.
O modelo supera em 15 cv o Mustang GT Performance, ainda à venda por R$ 549 mil, com 492 cv e o mesmo torque. A Ford afirma que continuará produzindo o Mustang enquanto for permitido, sendo atualmente a única montadora a oferecer um muscle car no Brasil.
A Chevrolet, por exemplo, encerrou a produção do Camaro no início de 2024. Com isso, o Mustang permanece como o único representante da categoria de esportivos americanos com estrutura inspirada nos muscle cars da década de 1960.
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Na cabine, o acesso exige abaixar o corpo, já que o carro tem 1,40 m de altura. O volante estampa o emblema do cavalo e, atrás dele, há uma tela de 12,4 polegadas. Ao lado, outra de 13,2 polegadas exibe informações da central multimídia e aplicativos, incluindo um cronômetro de voltas em pista.
Outro item que chama a atenção é o banco. As abas poderiam ser maiores para agarrar mais o corpo em curvas de alta velocidade, mas o couro suede no encosto e no assento já faz esse papel muito bem.
A lista de equipamentos inclui sete airbags, 12 alto-falantes, cinco modos de condução e sistema ADAS com piloto automático adaptativo, frenagem autônoma de emergência e assistente de permanência em faixa.
O curioso é que o modelo de mais de R$ 600 mil não oferece carregador por indução. O console central conta apenas com entradas USB, USB-C e tomada de 12V.
O nicho entre os bancos também abriga uma tomada. Talvez se houvesse um acendedor de cigarros poderia fazer o pacote para transportar o consumidor direto para a década de 1960.
Mustang Dark Horse não vem equipado com carregador por indução, é preciso carregar os smarphone via cabo. E a Ford insiste em deixar tomadas 12V na cabine
Vinicius Montoia | g1
Colocando o Mustang à prova é mais divertido do que se imagina
Ele pode até ter menos potência que um carro elétrico da concorrência, mas não é por isso que ele será menos divertido. A Ford aposta na quantidade de elementos que podem ficar nas mãos do consumidor.
São parâmetros configuráveis, como o som do escapamento. Dá para deixar o carro quase totalmente silencioso, para sair sem acordar os vizinhos, ou com as saídas totalmente abertas, permitindo ouvir o carro do outro lado do autódromo.
E é no modo de condução “pista” que ele libera a sua ira. Ao sair do box, o efeito bola de neve é facilmente constatado: o som do motor leva o motorista a pisar cada vez mais fundo no pedal do acelerador. Quanto mais o pé leva o acelerador até o assoalho, mais alto o motor canta.
Ford Mustang Dark Horse tem 507 cv de potência
Divulgação | Ford
É só quando não há mais pista que o freio é demandado. E, mesmo em frenagens agressivas, o carro responde e se mantém na linha.
No pacote que deixou o Mustang Dark Horse R$ 100 mil mais caro que o GT Performance estão duas mudanças fundamentais para essa dinâmica aprimorada: o freio flutuante e o diferencial com sistema de arrefecimento dedicado.
O diferencial fica localizado no eixo traseiro, e tem a função de distribuir o torque do motor para as rodas traseiras, permitindo que elas girem em velocidades diferentes em curvas. Com refrigeração, o componente suporta uso prolongado em pista.
O freio flutuante reduz o risco de superaquecimento, permitindo mais voltas em track days. Em frenagens fortes, a traseira se movimenta — e isso não é uma crítica.
Essas diferenças, além do acréscimo de potência, deixaram o carro 0,6 segundo mais rápido que o Mustang GT Performance, que chega aos 100 km/h em 4,3 segundos.
O mesmo acontece nas acelerações em curvas fechadas. No modo “escorregadio”, o Dark Horse fica ainda mais permissivo e escapa tanto de frente quanto de traseira. É divertido como uma montanha-russa, só que o motorista é quem fica no controle.
V8 do Mustang Dark Horse oferece 15 cv a mais que a versão GT Performance
Divulgação | Ford
O passageiro, porém, terá dificuldades para se segurar, pois falta alça de segurança interna, geralmente localizada no teto, acima da porta.
O ponto negativo da experiência ao volante fica por conta do câmbio automático de 10 velocidades. Nas reduções mais bruscas de velocidade, a transmissão não atende aos comandos para diminuir marchas, o que deixa o piloto um tanto decepcionado, pois deixa de se sentir no controle do veículo.
Na viagem de volta para São Paulo, após testar o carro na pista do autódromo Velocittá em Mogi-Guaçu, o Mustang mostra que seu potencial é enorme, e uma rodovia com velocidade máxima de 120 km/h é, para ele, como andar no parque.
Mesmo à noite, os motoristas à frente identificam pelo retrovisor que um Mustang se aproxima e cedem passagem. Contemplam e seguem viagem. Ao desligar o motor, carro e motorista relaxam. O único desejo que sobra é o de voltar no tempo e fazer tudo de novo.
Confira ficha técnica do Mustang Dark Horse:
Motor: 5.0 V8;
Potência: 507 cv a 7.250 rpm;
Torque: 57,8 kgfm a 4.900 rpm;
Câmbio: automático, 10 marchas;
0 a 100 km/h: 3,7 segundos;
Velocidade máxima: 250 km/h (limitada eletronicamente);
Tração: traseira;
Comprimento: 4,81 m;
Largura: 1,95 m;
Altura: 1,40 m;
Entre-eixos: 2,71 m;
Porta-malas: 377 litros;
Peso: 1.832 kg;
Tanque: 60 litros;
Consumo no teste: 6 km/l.
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Mudanças visuais
Visualmente, o Mustang Dark Horse recebeu novos elementos para aprimorar sua aerodinâmica. O modelo apresenta faróis e grade escurecidos, além de entradas de ar no capô com acabamento preto.
O modelo ostenta o emblema do cavalo nas laterais, na dianteira e na traseira. Pneus e freios foram recalibrados para proporcionar ainda mais precisão e controle aos entusiastas da velocidade.
O Mustang Dark Horse conta com aerofólio traseiro, suspensão adaptativa e molas mais rígidas. Como opcional, estão disponíveis rodas de fibra de carbono, conforme a configuração oferecida no exterior.
Entre o Shelby GT500 — outra versão extrema do Mustang, mas que não é vendida no Brasil — e o Dark Horse, há uma diferença de proposta: enquanto o Shelby prioriza o desempenho máximo, o Dark Horse busca equilibrar esportividade e tecnologia.