
O município de Muqui, no Sul do Espírito Santo, enfrenta um surto grave de cinomose, que já provocou a morte de cerca de 200 cães. A informação foi confirmada pelo secretário de Estado e Meio Ambiente, Felipe Rigoni. Casos suspeitos também foram identificados em Presidente Kennedy, Cachoeiro de Itapemirim e Vila Pavão.
Para conter o avanço da doença, o governo estadual iniciou a compra emergencial de 25 mil doses da vacina V8 importada, considerada a mais eficaz contra o vírus. A expectativa é que as vacinas cheguem em até 20 dias.
Estamos atuando de forma emergencial para ajudar os municípios. A distribuição será feita conforme a intensidade dos casos em cada região, começando pelos locais mais afetados, como Muqui.”
Felipe Rigoni, secretário estadual de Meio Ambiente
Como será a distribuição
As doses serão entregues inicialmente ao governo do Estado e, em seguida, distribuídas aos municípios conforme levantamento epidemiológico. A prioridade é imunizar cães das áreas onde há maior número de casos confirmados ou suspeitos.
Embora a vacinação de cães seja uma atribuição dos municípios, o Estado decidiu intervir diante da gravidade da situação. Segundo Rigoni, a previsão é de que as 25 mil doses sejam suficientes para controlar o surto, mas novas aquisições poderão ser feitas se necessário.
Investigação das causas
A origem do surto ainda está em investigação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Não há confirmação de um fator específico que tenha desencadeado a disseminação tão rápida da doença.
O secretário negou boatos de que eutanásia estaria sendo realizada em animais infectados. “Isso é falso. O trabalho agora é para vacinar, tratar e adotar protocolos de prevenção, evitando que a doença se espalhe para outros municípios”.
O que é a cinomose
De acordo com o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Espírito Santo (CRMV-ES), a cinomose é uma doença viral grave que afeta cães e pode ser transmitida pelo contato direto com animais infectados ou por meio de objetos contaminados, como comedouros, bebedouros e brinquedos.
Os sinais clínicos variam, podendo incluir:
- Apatia;
- Febre;
- Falta de apetite;
- Secreção nasal purulenta;
- Alterações neurológicas;
- Convulsões;
- Paralisia.
A doença apresenta três fases, que podem acontecer em sequência, juntas ou somente algumas delas. Quais são essas fases?
- Gastrointestinal: em geral, fezes pastosas ou diarreia;
- Respiratória: pneumonia com secreção nasal purulenta, tosse seca:
- Neurológica: apresentar alterações comportamentais, desorientação, convulsão, movimentos involuntários, paralisia de membros posteriores (traseiros).
A taxa de mortalidade varia de 50% a 90%, dependendo da idade, do estado de saúde do animal e da rapidez no início do tratamento.
A prevenção é feita por meio da vacinação, que segundo o CRMV-ES evita cerca de 95% dos casos. O reforço anual é essencial para manter a proteção.
Com a chegada das vacinas, o Estado pretende descentralizar a imunização, enviando doses para municípios afetados e também para regiões onde o vírus ainda não chegou, mas há risco de propagação.
Além disso, a Secretaria de Meio Ambiente orienta os donos de cães a manter a carteira de vacinação em dia e evitar o contato dos animais com cães de procedência desconhecida.