O respeito pelas tradições e saberes camponeses sempre foi um princípio fundamental da Revolução Cubana. Hoje, essa premissa se materializa em uma colaboração direta entre agricultores e pesquisadores, consolidando uma cultura agroecológica no país. “O principal desafio foi romper velhos esquemas”, explica ao Bem Viver, programa do Brasil de Fato, Yusmila Guevara Verdecea, engenheira agrônoma da UEB Bioprocessos Cuba-10. “A melhor ferramenta foi o trabalho constante, construindo juntos os conhecimentos necessários.”
Essa abordagem fez com que barreiras iniciais praticamente desaparecessem, destaca a pesquisadora. Entre os produtores, cresce o uso de ferramentas sustentáveis, como o Lebame, bioestimulante desenvolvido a partir do melaço da cana-de-açúcar, símbolo de uma economia circular que alia história e inovação.
Durante décadas, a cana-de-açúcar foi um dos pilares econômicos de Cuba, moldando não apenas a economia, mas também a cultura da ilha. Após a Revolução, a produção – antes controlada por latifundiários estrangeiros – passou às mãos do povo cubano. Agora, em meio à crise econômica e ao bloqueio dos Estados Unidos, essa cultura histórica assume um novo papel: base para soluções agroecológicas que promovem soberania alimentar.
“Estamos dedicados a pesquisar bioprodutos que favoreçam a produção de cana e de outros cultivos essenciais para alimentar nosso povo”, afirma Yusmila. O Lebame, já padronizado para uso agrícola, é um exemplo. Desenvolvido em parceria com comunidades canavieiras, ele aproveita o melaço (resíduo da indústria açucareira) e microrganismos para estimular plantações.
Marlyn Pérez Rodríguez, envolvida no projeto, enfatiza que todos os bioprodutos são fabricados localmente, usando subprodutos da cana. “Foi a vida que nos obrigou a inovar”, diz, referindo-se ao bloqueio. “A agroecologia não é só ideologia; é uma estratégia para reduzir dependências e proteger o meio ambiente.”
Os resultados são palpáveis. Em testes, o Lebame aumentou a vitalidade das plantações, o rendimento e até ajudou no controle de pragas. Jorge Manuel Sosa Escalona, presidente da Cooperativa Pablo Noriega, relata um incremento de cinco a seis toneladas por hectare em sua lavoura. “Monitoramos os efeitos nós mesmos. É fruto da relação entre camponeses e ciência”, celebra.
Apesar dos avanços, obstáculos persistem. A crise energética é um deles, demandando investimentos em energias renováveis para sustentar a produção. Javier Rodríguez García, do Instituto de Pesquisas da Cana-de-Açúcar (Inica), ressalta que o sucesso depende da “sinergia contínua” entre pesquisa e campo: “Capacitamos produtores e criamos parcelas demonstrativas para que vejam os resultados na prática.”
Atualmente, Cuba produz 50% dos bioinsumos que consome, com planos de ampliar essa capacidade. Para pesquisadores e agricultores, a agroecologia é mais que uma alternativa – é um caminho irreversível. “Há anos incentivamos práticas sustentáveis, mas foi preciso uma mudança de paradigma”, reflete Marlyn.
Na voz de Sosa Escalona, ecoa o sentimento que une ciência e campo: “Transformamos adversidades em soluções. É assim que defendemos a Revolução e a terra.”
E tem mais…
O programa traz também o PL da Devastação e COP30 em uma entrevista exclusiva com a ministra Marina Silva.
Plano ambiental em Minas Gerais na reconstrução das bacias dos rios Doce e Paraopeba.
Livraria Ifa, conheça esse espaço de resistência afro-amazônica, onde livros e ancestralidade se encontram em Belém (PA).
E a chef Gema Sotto ensina uma receita especial com banana da terra (plátano), um ingrediente cheio de história e sabor.
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Na TVCom Maceió: sábado às 10h30, com reprise domingo às 10h, no canal 12 da NET.
Na TV Floripa: sábado às 13h30, reprises ao longo da programação, no canal 12 da NET.
Na TVU Recife: sábados às 12h30, com reprise terça-feira às 21h, no canal 40 UHF digital.
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O post Da cana-de-açúcar ao futuro: Cuba aposta na agroecologia com bioinsumo apareceu primeiro em Brasil de Fato.
