Trump anuncia 1º encontro de Zelensky e Putin em três anos e meio de guerra; veja como foi reunião com líderes europeus na Casa Branca


Trump anuncia 1º encontro de Zelensky e Putin em três anos e meio de guerra; veja como foi reunião com líderes europeus na Casa Branca
Reprodução/TV Globo
O encontro de desta segunda-feira (18), na Casa Branca, foi muito diferente daquele em que Donald Trump e Volodymyr Zelensky tiveram um bate-boca inédito diante da imprensa mundial. Desta vez, falou-se em garantir a proteção da Ucrânia contra futuras investidas russas.
Trump chegou a dizer que será preciso discutir trocas de território. Ou seja: a Rússia ficar com áreas que invadiu. E as expectativas de um acordo de paz foram adiadas para um futuro encontro de Trump, Zelensky e Vladimir Putin. É o que informa o novo correspondente da Globo nos Estados Unidos, Nilson Klava.
Seis meses separam essas duas imagens. O clima entre os presidentes era outro e o traje do ucraniano também.
A roupa usada por Volodymyr Zelensky desde o começo da guerra deu lugar a uma camisa social e um blazer. Mais do que mera formalidade, a mudança foi um gesto simbólico de quem quer o apoio de Donald Trump na negociação de um bom acordo.
Volodymyr Zelensky começou o dia histórico já em Washington. Participou de uma reunião preparatória com o enviado especial dos Estados Unidos para Ucrânia, Keith Kellogg. Depois, se reuniu com os aliados da Europa para afinar o discurso.
O presidente ucraniano teve a companhia de sete líderes europeus:
Mark Rutte, da OTAN
Ursula von der Leyen, da Comissão Europeia
Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido
Giorgia Meloni, da Itália
Friedrich Merz, da Alemanha
Emmanuel Macron, presidente da França
Alexander Stubb, da Finlândia
Juntos, eles têm mais força na mesa de negociação. Zelensky precisa do apoio de Trump e chegou com a missão de evitar o fiasco do encontro de fevereiro, quando o mundo testemunhou atônito o embate entre os presidentes em pleno Salão Oval.
À época, Trump e o vice, JD Vance, reclamaram que o ucraniano não estava se mostrando agradecido. Nesta segunda-feira, Zelensky começou agradecendo os esforços do governo americano para encerrar a guerra. Ele citou a carta que a primeira-dama Melania Trump enviou a Putin pedindo a proteção das crianças ucranianas em meio ao conflito.
Trump agradeceu e, logo na resposta à primeira pergunta de um jornalista, reforçou o objetivo dele com as conversas de hoje: Quer um próximo encontro – dessa vez, trilateral, com Trump, Zelensky e Putin. E que, enfim, fechem um acordo para acabar com a guerra.
Zelensky disse que estava preparado para essa conversa. Trump foi questionado se enviaria tropas de paz americanas para o território ucraniano depois do fim da guerra. Ele respondeu que discutiria isso com a Ucrânia e os países europeus.
“Vamos garantir que, se houver uma paz, será uma paz de longo prazo. Não estamos falando de dois anos. Estamos falando no longo prazo. Vamos garantir que funcione.”
Um jornalista questionou Zelensky se ele estava disposto a redesenhar o mapa da Ucrânia, ou seja, a ceder territórios para a Rússia. O presidente ucraniano não disse que sim nem que não. Ele respondeu: “Obrigado pela pergunta.”
Em seguida, lembrou que nesta segunda-feira mesmo a Rússia fez novos ataques. E afirmou:
“Apoiamos a ideia do presidente Trump para acabar com a guerra de uma forma diplomática.”
No fim, Zelensky sinalizou o que considera ser uma condição necessária para um acordo: a segurança da Ucrânia com forças armadas fortes. A participação americana nessa iniciativa é a carta nova na mesa de negociação, que até agora estava assim, num impasse.
Vladimir Putin intensificou a ofensiva militar hoje. Enquanto as conversas aconteciam, os combates continuavam. Um novo ataque russo, com drones, a Kharkiv atingiu um prédio residencial.
Segundo o governo ucraniano, três pessoas morreram. Entre elas, uma criança de dois anos. Putin quer manter o avanço territorial que conseguiu desde o início da guerra. Partes importantes do leste da Ucrânia. Além das regiões de Luhansk e Donetsk, que formam o Donbass, os russos também ocupam Zaporíjia e Kherson. Essas regiões conectam os territórios ocupados à Crimeia, anexada ilegalmente pela Rússia em 2014.
Putin também não aceita ver o país vizinho dentro da aliança militar do Ocidente, a OTAN. E, para conseguir todos os objetivos, o presidente russo fez uma nova jogada: o encontro que teve com Trump na última sexta-feira, no Alasca.
Ser recebido com tapete vermelho em território americano e sob aplausos de Donald Trump era a imagem que Putin precisava para simbolizar o fim do isolamento dele.
Do lado ucraniano, a principal carta é o apoio europeu para tentar preservar ao máximo a própria integridade territorial. E para ter proteção caso a Rússia comece um novo conflito no futuro.
Esses foram os principais pontos discutidos na reunião ampliada entre Trump, Zelensky e os líderes europeus, aqui na Casa Branca. Dois pontos de desacordo ficaram evidentes: Trump colocou na mesa de negociação a possibilidade de troca de territórios. A Ucrânia resiste, mas admite que pode discutir o tema numa reunião com a Rússia. Já os europeus voltaram a insistir em um cessar-fogo, diferentemente do americano, que quer um acordo de paz definitivo.
O primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, afirmou que acha difícil haver uma nova reunião sem uma pausa nos confrontos. Depois da conversa diante das câmeras, os líderes europeus se reuniram com Trump a portas fechadas.
O presidente americano disse que ligaria para Vladimir Putin depois do encontro. Até a semana passada, as negociações estavam num impasse.
Mas os dois lados apresentaram cartas novas na mesa. Do lado russo, Vladimir Putin intensificou a ofensiva militar. Ele também fez uma jogada inesperada: o encontro com Trump na última sexta-feira, no Alasca.
Ser recebido com tapete vermelho em território americano e sob aplausos de Donald Trump era a imagem que Putin precisava para simbolizar o fim do isolamento dele.
Era uma forma de convencer Trump a aceitar as outras cartas. Putin quer manter e até mesmo ampliar os avanços territoriais que conseguiu desde o início da guerra. Além das regiões de Luhansk e Donetsk, que formam o Donbass, os russos também querem permanecer nas zonas ocupadas das províncias de Zaporíjia e Kherson. Todas essas regiões conectam a Rússia à península da Crimeia, no Mar Negro, que por sua vez dá acesso ao Mediterrâneo.
Segundo Trump, a Ucrânia também precisará abrir mão da Crimeia. Outra exigência de Putin é de que o país vizinho não faça parte da aliança militar do Ocidente, a OTAN.
Do lado ucraniano, a garantia de proteção contra novos conflitos, com a participação americana, é a carta nova na mesa de negociação.
Volodimir Zelensky também recebeu hoje uma demonstração forte de apoio europeu. Ele quer usar a influência e o poderio militar dos aliados para tentar preservar ao máximo a sua integridade territorial. E para proteger o país no futuro.
Na noite desta segunda-feira, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, declarou que o encontro de hoje com Donald Trump foi o melhor até agora. E que os ucranianos e os líderes europeus mostraram que estão na mesma página.
Zelensky também reafirmou que está pronto para se encontrar com Vladimir Putin. E que esse encontro deve acontecer sem exigências prévias.
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