
Fazer uma transição de carreira nunca é simples — ainda mais quando falamos de deixar a segurança da CLT para seguir o caminho do empreendedorismo. É um movimento que exige coragem, mas também estratégia. Sempre digo que sonhar grande e sonhar pequeno dá o mesmo trabalho, mas o que sustenta o sonho é o planejamento.
Muitas mulheres me procuram dizendo que querem empreender porque estão cansadas do ritmo corporativo ou porque desejam mais autonomia. O que eu respondo é: a autonomia vem com responsabilidade, e a responsabilidade exige preparo.
A seguir, trago os pontos mais importantes para você avaliar e planejar sua transição, junto de exemplos de grandes empreendedores que trilharam esse caminho.
1. Finanças: o alicerce do empreendedorismo
Sonhar com o próprio negócio é lindo, mas ele não se sustenta apenas de propósito. A parte financeira é o que dá fôlego no início, principalmente quando o faturamento ainda é incerto. É aqui que muitas mulheres tropeçam: subestimam o impacto de sair do salário fixo e não se preparam para os meses mais desafiadores.
Um exemplo poderoso é Jorge Paulo Lemann, que antes de se tornar um dos homens mais ricos do Brasil trabalhou no banco Credit Suisse. Ele não se lançou no empreendedorismo sem preparo: acumulou experiência e capital até ter segurança para dar o próximo passo.
Isso mostra que empreender com base sólida é sempre mais sustentável do que pular no escuro.
Guia prático
- Construa uma reserva de 6 a 12 meses de custos pessoais.
- Planeje o investimento inicial e preveja imprevistos.
- Abra conta PJ e separe finanças pessoais das empresariais desde o primeiro dia.
- Busque educação financeira — ela será tão importante quanto o conhecimento técnico.
2. Networking: conexões que aceleram resultados
Empreender não é sobre caminhar sozinha. As maiores oportunidades chegam através de pessoas, não apenas de ideias. Ter uma rede de apoio, de parcerias e de clientes em potencial é o que acelera os primeiros passos.
O exemplo aqui é Howard Schultz, que antes de transformar a Starbucks em uma gigante global vendia máquinas de café. Foi a rede de contatos que ele construiu no setor que lhe deu acesso às informações, tendências e investidores que mudaram seu destino. Sem essas conexões, talvez a Starbucks nunca tivesse existido.
Guia prático
- Liste as pessoas estratégicas da sua rede atual e ative essas conexões.
- Frequente eventos, grupos e comunidades do seu setor.
- Posicione-se nas redes sociais: compartilhe sua visão, não apenas serviços.
- Seja generosa em compartilhar aprendizados e abrir portas para os outros.
3. Gestão do tempo: autonomia com disciplina
Quando você deixa o CLT, não existe mais chefe para cobrar resultados. Parece libertador, mas pode se transformar em armadilha. A verdade é que empreender exige ainda mais disciplina, porque você terá que definir suas metas, gerenciar sua rotina e equilibrar vida pessoal e profissional.
Veja o exemplo de Luiz Seabra, fundador da Natura. Antes de criar a marca, ele trabalhou como vendedor na Remington Rand. Foi a disciplina de vendas, porta a porta, que moldou sua capacidade de construir uma rotina empreendedora sólida. Ele não esperou ter tempo livre — ele criou sistemas para organizar seu tempo.
Guia prático
- Estruture sua agenda em blocos: estratégia, vendas, operação e descanso.
- Use ferramentas de produtividade para manter foco.
- Defina metas semanais e mensais e acompanhe seus próprios resultados.
- Respeite seus horários como respeitaria em um emprego CLT.
4. Oportunidades: enxergar antes dos outros
Muitas mulheres acreditam que para empreender precisam de uma ideia inédita. A verdade é que o sucesso está em saber observar oportunidades antes que a maioria perceba. Empreender é olhar para um problema comum e enxergar ali um negócio possível.
Um exemplo inspirador é Estee Lauder, fundadora da marca global de cosméticos. Antes de ter seu império, ela vendia produtos de beleza em salões de cabeleireiro. Ela percebeu o potencial do mercado de beleza quando ninguém falava sobre isso. Sua capacidade de identificar oportunidade foi o que transformou sua história.
Guia prático
- Observe dores e necessidades reais das pessoas ao seu redor.
- Teste suas ideias em pequena escala antes de expandir.
- Estude tendências de mercado, mas filtre o que faz sentido para você.
- Mantenha a mente aberta para ajustar o caminho rapidamente.
5. Mentalidade: o que sustenta a jornada
Mais do que capital, contatos ou tempo, o que realmente define uma empreendedora é a mentalidade. Sem resiliência, visão de longo prazo e confiança, qualquer obstáculo pode virar motivo para desistir. O empreendedorismo é um jogo mental, tanto quanto estratégico.
Aqui vale lembrar o exemplo de Oprah Winfrey, que antes de se tornar um dos maiores nomes da comunicação mundial foi demitida de seu trabalho como repórter. O que poderia ter sido o fim, ela transformou em recomeço. Sua mentalidade de não aceitar que uma porta fechada fosse seu destino fez toda a diferença.
Guia prático
- Cultive autoconhecimento: saiba seus pontos fortes e onde precisa se desenvolver.
- Trabalhe crenças limitantes — muitas vezes é a sua mente que trava o crescimento.
- Tenha clareza de propósito, mas flexibilidade na estratégia.
- Busque apoio: mentoria, terapia ou grupos de empreendedoras.
Toda grande história tem seu começo
A transição do CLT para o empreendedorismo não acontece da noite para o dia. Ela exige preparação, visão e coragem.
Cada grande empresário ou empresária que admiramos começou exatamente onde você está hoje: com dúvidas, medos e incertezas. A diferença é que eles escolheram planejar, agir e persistir.
Se você deseja empreender, lembre-se: o caminho pode ser desafiador, mas é possível acelerar a sua jornada quando você une estratégia com ação. O tempo certo nunca vai existir — o que existe é a decisão de começar, com preparo e coragem.
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