
O senador Carlos Viana (Podemos-MG), ganhou protagonismo nesta quarta-feira (20) ao se tornar o presidente eleito da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai apurar os desvios que aconteceram na aposentadoria de milhões de idosos no país.
Oposição derrota governistas e elege presidente da CPI mista do INSS
Até o começo da manhã desta quarta, a escolha do senador Omar Aziz (MDB-AM) – aliado do governo e indicado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) – para a vaga de presidente era tida como certeza nos bastidores do Congresso. Mas ao longo da sessão, a oposição virou o jogo e, por 17 votos a 14, escolheu Viana para a vaga de presidente da CPMI.
Quem é Carlos Viana?
Com 62 anos e natural de Braúnas (MG), região do Vale do Rio Doce, Viana é jornalista de formação, tem especialização em gestão estratégica de marketing e foi professor universitário.
Senador Carlos Viana foi eleito presidente da CPMI do INSS nesta quarta-feira (20).
Saulo Cruz/Agência Senado
O senador entrou para a vida política em 2018, surfando na onda de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele ficou em segundo lugar, após receber 3,57 milhões de votos, pouco a menos do que o primeiro lugar naquele ano, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Durante seu período no Congresso, Viana teve pouco protagonismo, tendo atuado como relator de inúmeras nomeações de autoridades a representantes brasileiros no exterior. Também ficou marcado por apoiar o ex-presidente Bolsonaro e se postar crítico ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Recentemente, Viana foi um dos senadores que viajou aos Estados Unidos para tentar criar um canal de comunicação com parlamentares americanos para tentar reverter o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump ao Brasil.
Ele também se destacou por ser uma voz defensora do governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, criticando as posições de Lula a respeito da guerra em Gaza e participando das tratativas do governo para resgatar brasileiros que buscavam fugir do conflito.
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Mudanças de partido
Quando foi eleito para o senado, Viana estava filiado ao Partido Humanista da Solidariedade (PHS), que em setembro de 2019 foi incorporado ao Podemos. Meses depois da eleição, no entanto, ele se mudou para o PSD, cujo presidente é Gilberto Kassab.
A filiação ao novo partido durou até dezembro de 2021, quando o senador migrou para o MDB na expectativa de se tornar um candidato do partido ao governo de Minas Gerais.
Entretanto, 120 dias depois ele migrou novamente e dessa vez se filiou ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, ainda na expectativa de ser eleito como governador do estado, mas obteve apenas 7,2% dos votos e viu Romeu Zema (Novo) ser reeleito.
Carlos Viana (PL) na disputa pelo governo de MG em 2022.
Vagner Tolendato/TV Globo
Após a frustração nas eleições, em fevereiro de 2023, Viana trocou novamente de partido e voltou às origens, se filiando ao Podemos onde se mantém até hoje.
Em 2024, Viana se candidatou a prefeitura de Minas Gerais, mas conseguiu pouco mais de 10 mil votos e ficou em 7º lugar na disputa a vaga.
Carlos Viana durante as eleições para prefeitura de Belo Horizonte, em 2024.
Júlio César Santos/TV Globo
Articulação do governo falhou
O líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), disse nesta quarta-feira (20) que a articulação do governo do presidente Lula errou na articulação do comando da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS e subestimou a capacidade da oposição.
“Houve uma subestimação [da oposição], podíamos ter tido uma mobilização, mais atenção. Houve um erro”, afirmou.
O petista afirmou que, por ter maioria na comissão, o governo assumiu que comandaria o colegiado, mas diante da ausência de deputados da base, a oposição colocou suplentes oposicionistas para votar, o que garantiu sua vitória.
Como funcionará a CPMI
Criada em junho pelo Congresso, a CPI mista foi instalada nesta manhã. O colegiado vai apurar um esquema de desvios em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Segundo a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), o total desviado pode chegar a R$ 6,3 bilhões.
A comissão tem duração prevista de até seis meses, com a possibilidade de prorrogação do prazo. Serão 32 parlamentares titulares (16 deputados e 16 senadores). O PT e o PL terão as maiores representações, com quatro congressistas cada (veja lista completa aqui).
O requerimento de criação da CPI prevê que os trabalhos durem até 180 dias e que a investigação custe até R$ 200 mil.