Tarifaço de Trump “não é bom para o planeta”, avalia Hartung

O ex-governador do ES Paulo Hartung
Foto: Pedro Permuy/Folha Vitória

O ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung avaliou, nesta terça-feira (19), as tarifas de 50% impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros e afirmou que o tarifaço não beneficia ninguém e traz resultados negativos “para o planeta”.

As declarações foram dadas por Hartung em entrevista ao Folha Vitória.

Isso não é bom para o planeta, não é bom para o Brasil, mas isso também, a médio prazo, não é bom para os americanos. É um ganho de curto prazo importante para eles, mas muitas vezes você ganha no curto prazo e perde no médio. Por exemplo, essas tarifas vão encarecer os produtos nas prateleiras dos supermercados americanos.

Para Hartung, após as duas guerras mundiais o mundo buscou “vacinas para evitar conflitos” e encontrou no multilateralismo a solução para promover o progresso e dar oportunidade “aos países que ficaram para trás”.

Segundo ele, o tarifaço é uma medida unilateral que “vai na contramão de tudo” o que já foi feito até então.

“Quer dizer, as tarifas dos Estados Unidos, as tarifas do presidente Trump, estão indo na contramão de tudo que nós, humanos, fizemos da Segunda Guerra para cá. Isso é bom? Não”, declarou.

Economista, o ex-chefe do Executivo estadual também considera que as taxas impostas pelo governo estadunidense a diversos países vai “desorganizar” todo o trabalho que as COPs (cúpulas anuais de mudança do clima) fizeram nos últimos anos para resolver questões climáticas.

Para Hartung, então, os movimentos que precisam ser feitos pelas lideranças globais são o retorno ao livre comércio, a busca por uma relação multilateral permanente e o enfrentamento às emergências climáticas.

O ex-governador concedeu a entrevista durante o lançamento de seu livro intitulado “Política em tempos de grandes mudanças“, realizado em Vitória.

Congresso x STF

Pensando na busca por equilíbrio, o ex-chefe do Executivo capixaba também comentou a relação conflituosa entre o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), permeada também por tensões com o Palácio do Planalto.

Segundo Hartung, “há um desequilíbrio nas instituições brasileiras” que tem trazido prejuízos “à nossa caminhada em termos de desenvolvimento social”:

O Poder Legislativo avançou sobre a execução orçamentária, as chamadas emendas impositivas. Já o Judiciário tem invadido competências que não são competências do Judiciário, isso está evidente. Há erros do Executivo também.

Para o ex-governador, é necessário diálogo para reequilibrar as forças. Uma maneira de solucionar o problema seria com uma “liderança equilibrada, com capacidade de diálogo, sem viés de um grupo ou de outro, capaz de dialogar com os diferentes grupos”, defendeu.

Hartung afirma que, como cidadão, aspira por mudanças resultantes das Eleições de 2026, quando, segundo ele, o eleitor poderá “pegar a bola que está no pé e, ao invés de chutar para fora, colocar na rede”.

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