
Quem é a estudante de medicina que ficou em estado vegetativo após cirurgia
Após o indiciamento do técnico de enfermagem por lesão corporal culposa na investigação do caso de Larissa Carvalho, estudante de medicina que entrou em estado vegetativo após uma cirurgia para correção da mandíbula e do maxilar em Juiz de Fora, a família ainda cobra respostas sobre quem ou o que causou a parada cardiorrespiratória da jovem.
🔍 Lesão corporal culposa ocorre quando alguém causa danos físicos a outra pessoa sem intenção, como resultado de negligência, imprudência ou imperícia.
“Na verdade, indicaram uma pessoa, mas não determinaram quem causou a parada cardiorrespiratória, que é a causa dela estar assim hoje. Queremos saber exatamente o que provocou o quadro dela”, afirmou o pai, Ricardo Carvalho.
O indiciamento do técnico de enfermagem foi divulgado pela Polícia Civil na segunda-feira (18). Conforme o delegado Luciano Vidal, não foram constatados indícios de erro médico no procedimento cirúrgico.
Contudo, Ricardo Carvalho argumenta que, segundo o laudo do Instituto Médico Legal (IML) a que teve acesso, não é possível definir se houve erro médico.
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Em nota, a Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, onde a cirurgia foi realizada, afirmou que adota rigorosos protocolos de segurança. O hospital informou que não pode outros fornecer detalhes, pois o caso corre sob sigilo, e lamentou o ocorrido. Veja ao final da reportagem a nota na íntegra.
Como o nome do técnico de enfermagem não foi divulgado, não foi possível localizar a defesa dele.
Investigação confirma parada cardiorrespiratória, mas causa é indefinida
As apurações da Polícia Civil apontaram que, após a cirurgia, a jovem sofreu uma parada cardiorrespiratória durante o intervalo de aproximadamente 17 minutos em que esteve sob a responsabilidade do técnico de enfermagem, enquanto era conduzida até o quarto.
“A conclusão do inquérito deixa claro que houve falha técnica relevante na condução da paciente, configurando crime previsto em lei. Nosso papel é dar transparência aos fatos e assegurar a responsabilização de quem descumpre normas essenciais no exercício profissional, sobretudo na área da saúde”, explicou o delegado.
Enquanto a Polícia Civil aponta falha técnica, o pai da estudante reforça que o indiciamento do técnico não esclarece a causa da PCR, que resultou na encefalopatia hipóxica (lesão cerebral causada pela falta de oxigênio) e que deixou que a jovem tetraplégica e dependente de cuidados multidisciplinares.
“É uma situação muito complexa, principalmente porque as imagens que registraram o translado da Larissa para o quarto até hoje não nos foram entregues. Não tivemos acesso”, lembrou.
“Tenho certeza de que o erro não foi apenas da pessoa que transportava, porque foi em função de atos cirúrgicos e médicos anteriores. Ao meu ver, faltou identificar quem causou a parada. A cirurgia é uma equipe, desde que entra no hospital até a hora de sair”, completou.
O pai afirmou, ainda, que a família acompanha o caso com o auxílio de advogados e questionou a necessidade de análise de especialistas, como anestesista ou cirurgião de mandíbula, para esclarecer se houve falha no procedimento cirúrgico.
‘Trabalhamos para a plena recuperação dela’, diz o pai
Apesar de Larissa estar clinicamente estável, os danos neurológicos causados pela parada cardiorrespiratória a deixaram dependente de cuidados diários, e por isso, a família busca diversos tratamentos.
Em janeiro de 2025, Larissa iniciou um tratamento experimental com células-tronco em uma clínica particular em São Paulo.
“Trabalhamos para a plena recuperação dela. Qualquer ganho já é bom, mas queremos recuperar tudo dela. Eu queria que ela saísse pulando amanhã, que não precisasse mais de tratamento e pudesse recuperar tudo. Nem me preocuparia em saber quem causou isso”, desabafou o pai
Larissa Moraes de Carvalho, foto de arquivo
Arquivo Pessoal
Processo na Justiça por danos morais
Paralelamente ao inquérito, a família entrou com um processo por danos morais no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), no qual o Hospital Santa Casa de Misericórdia, a médica anestesista e o cirurgião-dentista bucomaxilofacial, que realizaram a cirurgia na estudante, são réus.
Como o caso tramita em segredo de Justiça, os nomes dos profissionais de saúde não foram informados. O processo segue em andamento.
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Arquivo Pessoal
Nota da Santa Casa de Juiz de Fora
“A Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora possui rigorosos protocolos de segurança do paciente, respaldados por certificações de excelência da Organização Nacional de Acreditação (ONA) e pela norma internacional ISO 9001.
A apuração dos fatos acontece judicialmente, em ação que corre sob sigilo e, em respeito ao processo legal, às partes envolvidas e à Justiça, o hospital não pode dar detalhes sobre o caso fora dos autos judiciais.
Lamentamos profundamente o ocorrido e expressamos nossa solidariedade à paciente e sua família, reafirmando nosso compromisso com a transparência e com a qualidade assistencial”.
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