Agosto Dourado: mês da conscientização sobre altas habilidades e superdotação

crianças e superdotação
Imagem de pch.vector no Freepik

Quando falamos em superdotação, é comum imaginar aquela criança que tira notas perfeitas, resolve problemas complexos antes dos colegas e aprende com uma rapidez impressionante. Mas, na prática, as altas habilidades vão muito além de um QI elevado ou de desempenho escolar acima da média.

O conceito, segundo o Ministério da Educação, envolve indivíduos que demonstram desempenho ou potencial elevado em uma ou mais áreas, como raciocínio lógico, liderança, artes, criatividade ou habilidades psicomotoras. Essas pessoas costumam apresentar curiosidade intensa, pensamento crítico, alta sensibilidade e capacidade de resolver problemas de forma original.

Apesar disso, muitas vezes elas não são identificadas — ou pior, acabam sendo mal compreendidas. Isso porque a superdotação não se manifesta de forma única: uma criança pode ser excelente em desenho, mas ter dificuldades em matemática; outra pode apresentar raciocínio lógico avançado, mas pouca habilidade social. Essa diversidade exige um olhar atento e individualizado por parte da escola e da família.

O que a escola precisa entender

Identificar e apoiar estudantes com altas habilidades não é apenas um ato de reconhecimento, mas de responsabilidade educacional. A legislação brasileira garante o direito ao atendimento educacional especializado (AEE), que inclui adaptações curriculares, enriquecimento e aceleração de estudos.

Infelizmente, ainda vemos um cenário onde o aluno superdotado é deixado de lado, sob a ideia equivocada de que “ele já sabe” ou “não precisa de atenção”. Essa negligência pode levar à desmotivação, isolamento social e até baixo rendimento escolar — o chamado underachievement, quando o desempenho real fica aquém do potencial.

O papel da família

Para os pais, o desafio é duplo: estimular sem sobrecarregar e acompanhar sem controlar. Crianças superdotadas podem ser muito críticas consigo mesmas, sentir frustração intensa e apresentar sensibilidade emocional acentuada. A escuta ativa, o incentivo à autonomia e a valorização do esforço (e não apenas do resultado) são fundamentais.

Também é importante lembrar que altas habilidades não “blindam” contra dificuldades. Transtornos como TDAH, dislexia ou ansiedade podem coexistir com a superdotação, exigindo uma abordagem integrada entre psicólogos, pedagogos, neuropsicólogos e professores.

Agosto Dourado: mais que uma campanha

O mês de agosto foi escolhido para celebrar e conscientizar sobre a superdotação no Brasil, tendo o dia 10 como Dia Nacional da Superdotação. A cor dourada simboliza o valor e a preciosidade do potencial humano.

Mais do que uma data comemorativa, é um chamado para que sociedade, escolas e famílias desenvolvam ambientes que reconheçam e estimulem esses talentos.

LEIA TAMBÉM | Ômega-3 e o coração: o que a ciência diz sobre suplementação

Afinal, quando uma criança com altas habilidades é compreendida e apoiada, não apenas ela se beneficia — toda a comunidade ao seu redor cresce junto. Talentos florescem quando encontram solo fértil. E, nesse sentido, agosto é um convite para plantar, regar e valorizar o que cada mente brilhante pode oferecer.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.